sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A FÉ DA MULHER CANANÉI


O capítulo 15 do evangelho de Mateus registra a história da mulher cananéia. De fato, ela parecia estar no lugar errado e na hora errada, mas recebeu um poderoso milagre do Senhor. Sua história terminou registrada como a de uma mulher de grande fé. O texto de Jeremias 29.13 tipifica a fé da mulher cananéia: "Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração". A história completa dessa mulher vinda de Canaã é contada em Mateus 15.21-28:
            Saindo daquele lugar, Jesus retirou-se para a região de Tiro e de Sidom. Uma mulher cananéia, natural dali, veio a ele, gritando: "Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Minha filha está endemo­ninhada e está sofrendo muito".
            Mas Jesus não lhe respondeu palavra. Então seus discípulos se aproximaram dele e pediram: "Manda-a embora, pois vem gritando atrás de nós".
            Ele respondeu: "Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel".
            A mulher veio, adorou-o de joelhos e disse: "Senhor, ajuda-me!"
            Ele respondeu: "Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos".
            Disse ela, porém: "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos".
            Jesus respondeu: "Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja". E naquele mesmo instante a sua filha foi curada.

            Ao ler essa passagem de Mateus, vemos que os discípulos ha­viam se tornado muito religiosos, mesmo convivendo com Jesus. Já possuíam uma série de regras e de programações. Jesus e os discípulos estavam indo para o noroeste da Judéia, à região pagã conhecida como Tiro. Jesus queria um tempo de descanso e de privacidade. O texto paralelo no evangelho de Marcos diz que Jesus havia entrado numa casa para se esconder e ficar sozinho com os discípulos (v. Mc 7.24). Não era um dia no qual o Mestre estava ao ar livre, ministrando às massas que regularmente se reuniam para ouvi-lo.
TENTANDO ENTRAR SEM CREDENCIAIS
            Mas, naquele momento de descanso, uma mulher cananéia encontrou Jesus e pediu-lhe ajuda. Veio com muitas desvantagens. Primeiramente, era mulher. No Israel daqueles dias, as mulheres deveriam permanecer caladas e um pouco distantes. Segundo, era cananéia, de ascendência grega. Não fazia parte do rebanho de Israel; não tinha as credenciais necessárias. Não fazia parte dos doze, nem dos setenta, nem dos quinhentos; não tinha se­quer parte com o povo de Deus.
            Os israelitas desprezavam quem não pertencia à sua linha­gem de sangue ou de raça. Chamavam todos os outros povos e nações de gentios e, às vezes, até de cães! Os israelitas referiam-se a esses povos como pagãos que não conheciam a Deus.
            A mulher também estava no lugar errado e na hora errada. Jesus não estava pregando nem liderando uma cruzada. Jesus se retirava para um descanso. E desnecessário dizer que a mulher viu-se em terrível desvantagem, enquanto reunia coragem para se aproximar de Jesus e pedir-lhe uma bênção. Mas continuou assim mesmo, gritando: "Senhor, Filho de Davi, tem misericór­dia de mim! Minha filha está endemoninhada e está sofrendo muito" (v. 22).
O PROBLEMA EXIGE UMA RESPOSTA
            Sabe por que ela gritava? A mulher tinha um problema terrí­vel em casa. Sua filha sofria terrivelmente em função de posses­são demoníaca. Era uma tortura para a mulher, pois sentia a dor da filha e não podia fazer nada sobre o problema. Então, desco­briu que Jesus estava naquela região. Quando existe um proble­ma na vida, o Senhor o usa para que possamos clamar: "Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim" e pedir sua presença. Alguns ficam muito amargurados e tristes quando passam por provações. Mas Deus permite que as provações aconteçam para nos fazer glorificar o nome de Jesus.
            Há quem pense: gostaria de ter nascido em algum outro lugar ou numa família diferente. Outros acreditam: se não tivesse sofrido tan­to abuso em minha infância, seria uma pessoa feliz- Sentem amargu­ra no coração por aquilo que são, pelo local onde cresceram e onde estão. Mas veja o que essa mulher fez durante a tempestade que se abateu sobre sua vida. Foi buscar Jesus e começou a que­brar as regras da religiosidade. Ela não disse: "Jesus é judeu, e eu sou uma mulher pagã; não tem nada a ver comigo". Ela foi até Jesus porque sua filha estava sofrendo.
            Ainda que sua família esteja bem, sua vizinhança e sua cida­de podem estar sofrendo terríveis ataques demoníacos. Nações inteiras estão debaixo do governo autoritário de Satanás; o Se­nhor deseja transformá-las de uma vez por todas.
continua ! 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

As críticas de Miriã e Aarão. NM Capítulo 12




É muito desagradável a um líder encontrar deslealdade entre seus seguidores, mas gravíssimo quando os desleais são os subalternos mais chegados a ele. Diz-se que Miriã foi a instigadora da crítica, pois somente ela foi castigada (12:10). Embora Miriã e Aarão falassem contra Moisés por causa da mulher estrangeira com quem ele se casara, o motivo verdadeiro encontra-se em 12:2. Não estavam contentes com ocupar o segundo posto em Israel; à semelhança de muitos perturbadores, esqueceram-se de que Deus os escutava.
Moisés era muito humilde e não se defendeu. Estava tão ocupado servindo a Deus que não prestou atenção aos ataques desferidos contra ele próprio. Sempre se manifestou zeloso por defender a honra do Senhor, mas deixava que Deus vingasse a sua causa. Primeiro o

Senhor falou no tabernáculo a Aarão e a Miriã indicando-lhes que Moisés era superior a todos os demais profetas (12:6-8). O grande líder era "fiel em toda a minha casa", ou seja, em governar a nação escolhida. Deus não falou por meio de visões ou sonhos como falava a outros profetas, mas falou-lhe "cara a cara", isto é com intimidade, como um amigo fala a outro (Êxodo 33:11). Somente Moisés viu a "semelhança do Senhor" não como uma forma divina mas como "alguma evidência inequívoca de sua presença gloriosa"4 (Êxodo 33:20-23), pois Deus é espírito, invisível e sem forma (Deuteronômio 4:12, 15; João 1:18; Colossenses 1:15). A seguir Deus feriu Miriã com a lepra. A intercessão de Moisés foi recompensada com a cura de Miriã, porém ela teve de ser expulsa do arraial por sete dias, como uma advertência de quão grave é criticar os servos do Senhor (II Pedro 2:10-12; Salmo 105:15; Hebreus 13:7).

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O descontentamento do povo e o desânimo de Moisés. Nm Capítulo 11

Números é um dos livros mais humanos e mais tristes da Bíblia. Mostra como os hebreus fracassa­ram em cumprir os ideais que Deus lhes havia proposto. Chegaram aos limites da terra prometida mas tinham a personalidade de um escravo covarde, dependente e incapaz de enfrentar a perspectiva da luta. Perderam a pequena fé que haviam tido e quiseram voltar ao Egito. Daí começaram suas peregrinações que duraram trinta e oito anos. Não obstante, Números relata detalhadamente só a história do primeiro e a do último, pois nos anos intermediários de apostasia nada aconteceu de valor religioso permanente. É uma história trágica de falta de fé, de queixas, murmurações, deslealdade e rebelião. Como conseqüência, quase toda a geração que havia Presenciado as maravilhas do livramento do Egito pereceu no deserto sem entrar na terra prometida. Somente três homens, Moisés, Josué e Calebe, sobreviveram até ao fim do relato do livro. E somente dois dos três, Josué e Calebe, entraram em Canaã.
Por outro lado, Deus levantou uma nova geração de hebreus, lfistruídos nas leis divinas e preparados para a conquista de Canaã.



1. As murmurações: Dentro em breve Israel desviou seu olhar de Deus e começou a queixar-se no deserto. Sem dúvida os hebreus sofriam por causa do sol abrasador, das privações e dos perigos, mas, era isso escusa para ingratidão, irritação e espírito rebelde? Quão depressa se esqueceram da dura escravidão do Egito e do milagroso livramento operado por Deus! Encontra-se em parte a causa do descontentamento, lendo-se 11:4: "E o vulgo" (a Bíblia de Jerusalém o traduz "a turba") seriam os asiáticos sujeitos à servidão como os hebreus. Aproveitaram a ocasião do êxodo para escapar do Egito (Êxodo 12:38). Como os mundanos que estão na igreja de hoje, os estrangeiros ainda cobiçavam as coisas do Egito porque seu coração estava aí. Fomentaram, sem dúvida, o descontentamento em muitos dos episódios da passagem pelo deserto.

As murmurações descritas em Números. Começam nesta

seção com queixas nos extremos do arraial, depois lamentações no próprio acampamento, e finalmente críticas da parte dos líderes mais fidedignos, Ãarão e Miriã. Cada vez se destaca Moisés como o intercessor abnegado.

2. A falta de carne e a pesada carga de moisés: Aqui vemos Moisés como servo de Deus vencido pelo excessivo trabalho e pela frustração de não poder satisfazer às necessidades do povo. Já se julga impotente, cansado, impaciente com o povo e desejoso de deixar seu encargo. Muitos dos mais nobres homens de Deus têm tido, às vezes, a mesma experiência.

Deus solucionou o problema de Moisés comunicando seu Espírito aos setenta anciãos a fim de que eles pudessem levar algo da carga que Moisés vinha levando sozinho. Profetizavam. Dar-se-ia o caso de que falassem em outras línguas como os cento e vinte discípulos no Cenáculo? Quando Eldade e Medade profetizaram, Josué preocupou--se com a posição de liderança de Moisés. Mas o nobre líder não sentia nenhuma inveja ou temor de que outro lhe tomasse o lugar. Seu único desejo era que a obra do Senhor prosperasse. Sua resposta (11:29) foi profética e se cumpriu no dia de Pentecoste 0oel 2:28; Atos 2:16).

Novamente Deus trouxe, por meio de um vento, codornizes que caíram exaustas no arraial. Os israelitas, em sua ganância, provavel­mente comeram a carne crua e muitos morreram da praga que sobreveio. De igual maneira, se persistirmos em pedir coisas mate­riais que desejamos sem consultar a vontade de Deus, ele às vezes nos concede estas petições, porém sofremos as conseqüências espiri­tuais: "E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar as suas almas" (Salmo 106:15).


O voto dos nazireus: NM Capítulo 6:1-21


Números é uma miscelânea de três espécies: acontecimentos históricos da peregrinação de Israel no deserto; leis para Israel, de caráter permanente; e regras transitórias válidas para os hebreus até que chegassem a Canaã. A história e as leis vão misturadas em partes aproximadamente iguais em extensão. As exigências das situações vividas davam origem a novas leis.

 Capítulo 6:1-21. A palavra "nazireu" significa "separado" ou "consagrado"; portanto, alguém que tomava o voto havia de viver separado para Deus. Era um voto voluntário (salvo em casos especiais como o de Sansão) que qualquer pessoa, homem ou mulher, podia fazer para consagrar-se a Deus e viver em maior santidade. Podia ser por toda a vida (como o de João Batista), mas em regra geral era por um período determinado. Três requisitos se indicam aqui:

a)  Abster-se de todo o fruto da vide. A semelhança do sacerdote, quando oficiava, o nazireu negava a si mesmo o uso das bebidas fortes a fim de estar em melhor condição de servir a Deus (Levítico 10:9-11). Além disso, o fruto da vide simbolizava em Israel o gozo natural (Salmo 104:15); por isso o nazireu devia encontrar seu gozo no Senhor (Salmo 36:8, 9).

b)  Não cortar o cabelo como sinal público de que havia tomado voto. O cabelo comprido de Sansão simbolizava que consagrava sua força e virilidade a Deus.

c)  Não tocar corpo morto, nem mesmo o cadáver de pessoa da própria família, porque o nazireu era santo para o Senhor.

Impunha-se um severo castigo quando o voto era quebrado, inclusive quando não o era intencionalmente. Ao terminar o período do voto, o nazireu tinha de desfazer-se de seu cabelo e queimá-lo sobre o altar junto com outros sacrifícios em uma cerimônia pública.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A organização angelical segundo a Bíblia:


Introdução

A organização angelical abrange as várias categorias ou classes de anjos. À semelhança das organizações políticas existentes no mundo, com graduações e poderes maiores e menores, as cortes angelicais também possuem a sua hierarquia. Estudaremos o assunto de um modo genérico, mas obedecendo a uma certa ordem.

I Uma hierarquia especial de anjos

Bíblia dá a entender que os anjos de Deus (!) se acham organizados de forma hierárquica, isto é‚ numa forma de graduação, de autoridade. Essa graduação ‚ destacada pelo tipo de atividade que os anjos exercem em todo o Universo e na presença de Deus.

Arcanjo

A palavra "arcanjo" representa a mais elevada posição na hierarquia angelical. 0 prefixo "arc", do grego "arch", sugere tratar-se de um chefe, um príncipe, um primeiro- ministro. Entre os livros apócrifos, existe o livro de Enoque, que apresenta sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Mas o único nome dessa lista que aparece nos livros canônicos da Bíblia que usamos é o do arcanjo Miguel (Jd 9). Esse arcanjo se destaca biblicamente como uma espécie de administrador e protetor dos interesses divinos em relação a Israel) (Jd 9; Dn 12.1). 0 arcanjo Miguel ‚

Querubins

Essa classe de anjos criados por Deus se destaca pela ligação que eles têm com o trono de Deus. A palavra querubim, no original hebraico "querub" , tem o sentido de guardar, cobrir. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia em Gn 3.24 no Jardim do Éden para guardar a entrada oriental a fim de que o homem que havia pecado contra o seu Criador não tivesse acesso ao caminho da árvore da vida. 0 que aprendemos acerca dos querubins ‚ que eles possuem uma posição elevada na corte celestial e estão diretamente ligados ao trono de Deus (I Sm 4.4; II Rs 19.15; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16

Serafins

O vocábulo serafim deriva do "saraph" e significa ardente, refulgente ou brilhante, nobres ou afogueados. Esta classe de anjos aparece uma só vez na Bíblia em Isaías 6.1-3. Nesta escritura, os serafins estão intimamente ligados ao serviço de adoração e louvor ao Senhor. Nesse serviço, eles promovem, proclamam e mantém a santidade de Deus. Na visão de Isaías, os serafins são representados como tendo seis asas. As asas de cada serafim tinham funções específicas. Com duas asas cobriam o rosto, numa atitude de reverência perante o Senhor. Com as outras duas asas cobriam os pés, falando de santidade no andar diante de Deus, e com as duas últimas asas, eles voavam. Essa visão de seres alados não significa que todos os anjos, obrigatoriamente, têm de Ter asas. As asas desses serafins tinham por objetivo mostrar ao profeta a capacidade de movimento e locomoção dos anjos para realizarem a vontade de Deus

II Classificação genérica dos anjos

Denominamos "classificação genérica" porque entendemos que dentro da ordem apresentada em Romanos 8.38 e Colossenses 1.16, o apóstolo Paulo não quis dogmatizar a ordem angelical segundo o seu entendimento. De fato, o seu interesse foi o de tornar mais clara a compreensão sobre as várias classes angelicais. Outro fato importante é que algumas das classes apresentadas como arcanjos, querubins e serafins se confundem dentro dos títulos apresentados por Paulo. Os teólogos antigos tentaram classificar os anjos reunindo todas as graduações. O teólogo Dioníso, areopagita, apresentava três classes de anjos.

1) Tronos , querubins e serafins, como pertencentes a uma classe ligada diretamente ao trono de Deus.

2) Poderes, domínios e potestades e

3) Principados, arcanjos e anjos comuns.

Entretanto, essa classificação não tem respaldo bíblico, dada a diversidade das várias ordens angelicais.

Apresentaremos uma classificação segundo a ordem dos textos Cl 1.16 e Rm 8.38 , sem nos preocupar com uma ordem definitiva, pois não é esse o objetivo do nosso estudo.

1. Tronos (Cl 1.16) 

Conforme está no original grego, "thronoi" tem um sentido especial porque se refere a uma classe de anjos que está diretamente ligada à majestade e soberania de Deus. É possível que os "querubins" estejam diretamente ligados a esse tipo de atividade real, pois alguns textos identificam os querubins como os seres sobre os quais Deus está assentado e reinando ( I Sm. 4.4 ; II Rs 19.14 ; Sl 80.1 ; 99.1). É interessante fazer uma ligação tipológica dos anjos-tronos com os "carros" nos quais Deus anda e ostenta sua glória no Universo (Sl 68.17). Também encontramos essa mesma linguagem figurada acerca dos anjos comparando-os e tipificando-os "aos carros da salvação" e ainda destaca o Senhor "montado sobre cavalos" (Hc 3.8). Não há nenhum tom negativo ou humilhante nessa tipologia sobre anjos como cavalos, porque na mente antiga, os cavalos são símbolos de força e serviço. Quiséramos ser os "tronos" de Deus! Entretanto, Deus ostenta sua glória através de nós mediante a permanência do Espírito Santo em nosso ser.

2. Domínios (Cl 1.16)

Em algumas versões, o termo grego "kuriothes" ou "kuriotethoi" tem o sentido de soberanias ou dominações (Ef 1.21). A classe especial de anjos dominadores tem como função principal executar as ordens de Deus sobre as coisas criadas. Paulo diz que esses anjos executam as ordens divinas sob autoridade de Cristo. Subentende-se pelo contexto doutrinário do papel dos anjos, que essa classe denominada "dominadores" age de forma executiva sobre o Universo e sobre determinadas esferas espirituais.

3. Principados (Cl 1.16)

Mais uma vez aquelas categorias especiais dos querubins e serafins se confundem com essas classificações de tronos, domínios, principados e potestades. Por isso, é difícil estabelecer uma ordem específica; porém, o que está revelado acerca dessas classes de anjos nos é suficiente para entender a sua importância e o seu ministério. A palavra "principados" no grego bíblico é "archai", e refere-se a uma classe de anjos que têm poderes de príncipes. Nos reinos terrestres, os principados regem sobre territórios pertencentes ao reino. Podemos ver isto na história de Lúcifer, o qual havia sido estabelecido como "querubim ungido para proteger" e estava no monte santo antes de sua queda. Ao mesmo tempo, parece-nos que sua posição de "querubim" é fortalecida e acrescida por outra posição de "principado". Supõe-se que ele governava o planeta na posição de "principado", e só perdeu essa posição quando se rebelou contra o Criador e Senhor (Is 14.13 ; Ez 28.16 ; Ap 12.9). Devemos também considerar um outro "príncipe" chamado Miguel , referido na Bíblia como "um dos primeiros príncipes" de Deus (Dn 10.13).

4. Potestades (Cl 1.16)

Potestades referem-se a anjos especiais que executam tarefas especiais da parte de Deus. Não se trata de poderes angelicais isolados, mas são chamados de "potestades" porque foram investidos de uma autoridade especial. Vários exemplos se destacam na Bíblia das ações poderosas dessa classe de anjos. Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a cidade de Jerusalém e só parou sua destruição quando Deus lhe ordenou que guardasse a sua espada (I Cr 21.15-27). O salmista Davi destaca anjos que são "magníficos em poder" (Sl 103.20). Isto revela que esses anjos pertencem a uma classe de seres poderosos, mas não onipotentes. A onipotência é atributo único do Deus Trino, por isso, nenhuma criatura jamais teve nem terá poderes totais. A magnitude do poder dessas potestades se limita ao nível da capacitação dada por Deus para o cumprimento de suas obrigações.

Conclusão:

Ao nosso redor há um mundo de espíritos, muito mais populoso, mais poderoso e de maiores recursos do que o nosso próprio mundo visível de seres humanos. Bons e maus espíritos dirigem os passos em nosso meio. Passam de um lugar para outro com a rapidez de um relâmpago e com movimentos imperceptíveis. Eles habitam os espaços ao redor de nos. Sabemos que alguns deles se interessam pelo nosso bem-estar; outros, porém, estão empenhados em fazer-nos mal.


POR DC RERISON BRAZÃO:







domingo, 19 de fevereiro de 2017

Tesouro a preço de sangue




Tesouro a preço de sangue. Após tratar dos que claramente rejeita­ram a Cristo, Pedro focaliza os pri­vilégios e a posição dos que o abra­çaram como Salvador. Devem ago­ra viver o real valor da nova vida (lPe 2:5; Cl 3:3,5). Todos os glorio­sos direitos do antigo Israel perten­cem em sentido mais pleno aos que agora são o verdadeiro Israel de Deus.

1.  Geração eleita. Os redimidos foram escolhidos em Deus e por Deus antes da fundação do mundo. A fon­te da nossa eleição e redenção está no desígnio de Deus. "Eram teus." Mas a nova raça ou geração não é fruto da descendência física. Somos nova criação em Cristo Jesus.

2.  Sacerdócio real. Graças ao re­lacionamento com o Rei, que foi cru­cificado, somos "reino e sacerdotes". Pela graça fomos feitos "reino e sa­cerdotes para o seu Deus" (Ap 1:6).

3. Nação santa. O mundo não cons­titui "nação santa". O antigo Israel era nação santa quando estava junto ao monte Sinai; mas prostituiu-se em seus privilégios e tornou-se nação de­gradada e dividida. Pela obra reden­tora de Cristo, todos os santos formam a sua nação ou povo consagrado.

4. Povo adquirido. O termo "ad­quirido" significa que o povo é de sua propriedade ou para seu uso especi­al (Ex 20:5). O termo traduzido por "adquirido" na realidade significa "acima de tudo" e era comum à vida secular dos romanos. A lei e os cos­tumes permitiam que os escravos adquirissem propriedades particula­res por habilidades ou recursos pró­prios. Se acumulasse uma soma con­siderável, o escravo poderia conquis­tar a liberdade e assim ascender a altas posições. As economias desse escravo (chamadas em latim peculium), sua verdadeira posse, eram direito assegurado por lei. A figura de linguagem usada por Pedro revela o tipo de propriedade que Deus se apraz em exigir com respei­to àqueles que adquiriu de volta para si depois de terem sido escravos do pecado. Todos, salvos por sua graça, são agora seu estimado tesouro.


Outras sementes  do Mestre que Pedro desenvolve são a de Cristo como Pedra e de sua Igre­ja como templo ou casa espiritual (lPe 2:4-8). Além disso, como pode­mos ver, Pedro apreciava muito ex­plicar suas figuras de linguagem, o que mostra quão intimamente andou nos passos de Cristo. APedra à qual nos achegamos não é morta, mas viva, o próprio Jesus que se autodenominou a Pedra. Todos os seus tornam-se "pedras vivas", poli­das à semelhança de um palácio (SI 144:12; ICo 3:9). Juntas, as pedras vivas formam a "casa espiritual", edifício que o tempo não pode dete­riorar nem destruir.

"Jesus Cristo morreu pelos seus pecados"




A graça tem cheiro de escândalo. Quando alguém perguntou ao teólogo Karl Barth o que ele diria a Adolf Hitler, ele respondeu: "Jesus Cristo morreu pelos seus pecados". Pelos pecados de Hitler? De Judas? A graça não tem limites?
Dois gigantes do Antigo Testamento, Moisés e Davi, cometeram homicídio e Deus ainda os amava. Como já mencionei, outro homem que dirigiu uma campanha de torturas criou um padrão missionário que nunca foi igualado. Paulo nunca se cansou de descrever esse milagre do perdão: "Outrora fui blasfemo e perseguidor e injuriador, mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade; e a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal".

Ron Nikkel, que dirige a Associação Internacional nas Prisões, tem um discurso padrão que transmite aos prisioneiros em todo o mundo. "Não sabemos quem vai para o céu", ele diz. E prossegue o discurso: "Jesus deu a entender que uma porção de pessoas serão surpreendidas: 'Nem todos os que me dizem: Senhor, Senhor, entrarão no reino dos céus'. Mas nós sabemos que alguns ladrões e homicidas estarão ali. Jesus prometeu o céu ao ladrão na cruz e o apóstolo Paulo foi cúmplice de assassinatos". Tenho observado a expressão nos rostos de prisioneiros em lugares como o Chile, Peru e Rússia quando a verdade de Ron atinge o ponto. Para eles, o escândalo da graça soa bom demais para ser verdade.

Quando Bill Moyers filmou um especial para a televisão a respeito do hino "Maravilhosa Graça", sua câmera seguiu Johnny Cash até as entranhas de uma prisão de segurança máxima. — O que este hino significa para você? — Cash perguntou aos prisioneiros depois de cantar o hino. Um homem cumprindo pena por tentativa de assassinato replicou: — Fui diácono, membro de igreja, mas não sabia o que a graça significava até que vim parar em um lugar como este.

O potencial para o "abuso da graça" ficou claro para mim, de uma maneira bastante forte, em uma conversa com um amigo que chamarei de Daniel. Já era tarde da noite e eu estava sentado em um restaurante com Daniel ouvindo-o confidenciar-me que havia decidido abandonar sua esposa depois de quinze anos de casamento. Ele havia se envolvido com uma mulher mais jovem e mais bonita, alguém que o fazia sentir-se vivo, "como eu não me sentia há anos", conforme ele mesmo dizia. Sua esposa e ele não tinham grandes incompatibilidades. Ele simplesmente queria uma mudança, como um homem que deseja ardentemente um carro novo.
Daniel, um cristão, conhecia bem as conseqüências pessoais e morais do que ia fazer. Sua decisão de separar-se infligiria prejuízos permanentes à sua esposa e aos três filhos. Mesmo assim, ele disse, a força que o impulsionava para a mulher mais jovem, como um ímã poderoso, era forte demais para ele poder resistir.
Escutei a história de Daniel com tristeza e amargura, falando pouco enquanto tentava absorver a notícia. Então, durante a sobremesa, ele deixou cair a bomba: "Na verdade, Philip, quero saber uma coisa. O motivo porque quis falar com você hoje à noite foi para lhe perguntar o que está me preocupando. Você estuda a Bíblia. Você acha que Deus pode perdoar uma coisa tão horrível como a que vou fazer?".

A pergunta de Daniel jazia na mesa como uma serpente viva; tomei três xícaras de café antes de me atrever a dar uma resposta. Nesse intervalo, pensei muito na repercussão da graça. Como poderia dissuadir meu amigo de cometer um erro terrível se ele souber que o perdão jaz ali ao virar a esquina? Ou, como na sombria história de Robert Hughes, na Austrália, o que evitaria que um condenado cometesse homicídio se ele soubesse com antecedência que seria perdoado?
Há um "gancho" na graça que preciso mencionar agora. Nas palavras de C. S. Lewis:5 "Agostinho diz 'Deus dá onde Ele encontra mãos vazias'. Um homem cujas mãos estão cheias de pacotes não pode receber um presente". A graça, em outras palavras, tem de ser recebida. Lewis6 explica que aquilo que eu chamei de "abuso da graça" brota de uma confusão entre tolerância e perdão: "Tolerar um erro é simplesmente ignorá-lo, tratá-lo como se fosse uma coisa correta. Mas o perdão precisa ser aceito, além de oferecido, para que seja completo. Um homem que não admite culpa não pode aceitar o perdão".

Foi o que eu disse ao meu amigo Daniel, em resumo. "Se Deus pode perdoá-lo? Naturalmente. Você conhece a Bíblia. Deus usa homicidas e adúlteros. A bem da verdade, Pedro e Paulo, dois homens que falharam muito, lideraram a igreja do Novo Testamento. O perdão é problema nosso, e não de Deus. O que nós temos de fazer para cometer pecado é que nos distancia de Deus — nós nos transformamos no próprio ato de rebeldia — e não há garantia de que um dia voltemos. Você me pergunta agora a respeito do perdão, mas será que mais tarde você vai querer o perdão, especialmente se ele envolver arrependimento?"
Meses depois de nossa conversa, Daniel fez sua escolha e abandonou a família. Ainda não vi evidências de arrependimento. Agora ele se inclina a racionalizar sua decisão como uma maneira de fugir de um casamento infeliz. Ele se afastou de seus antigos amigos por considerá-los "demasiadamente estreitos e críticos" e procura substitutos que celebrem sua recém-descoberta libertação. Para mim, entretanto, Daniel não parece muito liberado. O preço da "liberdade" significou virar as costas para aqueles que mais se interessam por ele. Ele me diz também que agora Deus não faz mais parte de sua vida. "Talvez mais tarde", ele diz.
Deus assumiu um grande risco anunciando o perdão com antecedência. E o escândalo da graça envolve uma transferência desse risco para nós.
"Verdadeiramente é um erro estar cheio de faltas", disse Pascal, "mas é um erro ainda maior estar cheio delas e não desejar reconhecê-las".
As pessoas se dividem em duas categorias. Não estou me referindo aos culpados e aos "justos", como muitas pessoas. pensam. Antes, porém, em duas categorias diferentes de pessoas culpadas. Há pessoas culpadas que reconhecem seus en"os. E pessoas culpadas que não os reconhecem. São dois grupos que convergem em uma cena registrada em João 8.
O incidente acontece nos átrios do templo, onde Jesus está ensinando. Um grupo de fariseus e mestres da lei interrompe o "culto" arrastando uma mulher apanhada em adultério. Segundo o costume, ela é desnuda da cintura para cima como prova de sua vergonha. Aterrorizada, indefesa, publicamente humilhada, a mulher se encolhe diante de Jesus, os braços cobrindo os seios nus.
Adultério envolve duas pessoas, naturalmente, mas a mulher está sozinha diante de Jesus (talvez tivesse sido apanhada na cama com um fariseu?). João deixa claro que os acusadores estavam mais interessados em criar uma armadilha para Jesus do que punir um crime. E a armadilha era muito inteligente. A lei de Moisés especificava morte por apedrejamento para o adultério, mas a lei romana proibia os judeus de realizar execuções. Jesus obedeceria a Moisés ou a Roma? Ou Ele, notório por sua misericórdia, encontraria uma maneira dessa adúltera escapar? Neste caso, teria de desafiar a lei de Moisés diante de uma multidão reunida nos próprios átrios do templo. Todos os olhos se fixaram em Jesus.
Nesse momento cheio de tensão, Jesus faz uma coisa diferente: Ele se inclina e escreve no chão com o dedo. Esta, de fato, é a única cena dos evangelhos que apresenta Jesus escrevendo. Para suas únicas palavras escritas Ele escolheu como agente um galho e escreveu na areia, sabendo que os pés, o vento, ou a chuva logo as apagariam.
João não nos conta o que Jesus escreveu na areia. No seu filme a respeito da vida de Jesus, Cecil B. De Mille o apresenta anotando os nomes dos diversos pecados: adultério, homicídio, orgulho, avareza, luxúria. Cada vez que Jesus escreve uma palavra, alguns fariseus se afastam. A imaginação de De Mille, como todas as outras, é uma conjectura. Sabemos apenas que nesse momento carregado de perigo Jesus pára, fica em silêncio e escreve com o dedo na areia. O poeta irlandês Seamus Heaney7 comenta que Jesus "marca passo em todo o sentido dessa expressão", concentrando a atenção de todos e criando uma brecha de significado entre o que está acontecendo e o que o auditório deseja que aconteça.
Aqueles que estão no auditório vêem, sem dúvida, duas categorias de atores no drama: a mulher culpada, apanhada com as mãos sujas, e os acusadores "justos", que são, afinal de contas, profissionais religiosos. Quando Jesus finalmente fala, destrói uma daquelas categorias. — Se algum de vocês não tem pecado — diz o Filho de Deus, — que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher.
Novamente Ele se inclina para escrever, marcando passo de novo, e, um a um, todos os acusadores se afastam.
A seguir, Jesus se endireita e dirige-se à mulher, que ficou sozinha diante dele. — Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?
— Ninguém, senhor — ela diz.
E para a mulher, tomada pelo terror da expectativa de uma possível execução, Jesus dá o veredito: — Nem eu te condeno... Vai e abandona tua vida de pecado.
Assim, em uma pincelada brilhante, Jesus substitui as duas categorias presumidas, os justos e os culpados, por duas categorias diferentes: os pecadores que admitem o pecado e os pecadores que o negam. A mulher apanhada em adultério, desamparada, admitiu sua culpa. Muito mais problemáticas eram as pessoas que, como os fariseus, negavam ou reprimiam a culpa. Eles também precisavam estar de mãos vazias para receber a graça divina. O dr. Paul Tournier8 expressa este padrão em linguagem psiquiátrica: "Deus apaga a culpa consciente, mas traz à consciência a culpa reprimida".

A cena que se encontra em João 8 me desconcerta porque, por causa de minha própria natureza, identifico-me mais com os acusadores do que com a acusada. Nego mais do que confesso. Envolvendo meus pecados em um manto de respeitabilidade, raramente — ou nunca — me deixo apanhar em uma indiscrição espalhafatosa e pública. Mas, se entendo corretamente esta história, a mulher pecadora é a que está mais próxima do reino de Deus. De fato, só posso avançar no reino se me tornar como essa mulher: trêmula, humilde, sem desculpas, as mãos abertas para receber a graça de Deus.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

A desobediência civil é uma atitude cristã?

O crente pode desobedecer o estado? A bíblia ensina que toda autoridade é ordenada por Deus e o cristão tem o dever de respeitá-la. A bíblia também ordena a orarmos por todas as autoridades e por todos os que ocupam cargos de liderança. O problema é quando o estado extrapola os limites ordenados por Deus. O que o crente pode fazer nessa situação?
            Podemos citar como primeiro exemplo de desobediência civil na bíblia o caso das parteiras das hebreias que desobedeceram a ordem de Faraó para matar os meninos hebreus. Os hebreus estavam se multiplicando no Egito. Faraó, então, sentindo-se incomodado com isso, ordenou que os filhos homens das mulheres hebreias fossem mortos quando nascessem, as meninas, porém, deveriam ser conservadas vivas. “E o Rei do Egito falou às parteiras das hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá e o da outra Puá), e disse: quando ajudardes a dar à luz às hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha, então viva.” (Êx 1.15,16). As parteiras, no entanto, não obedeceram “As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o Rei do Egito lhes dissera, antes conservavam os meninos com vida.” (Êx 1.17). No versículo 20, está dito que Deus abençoou as parteiras por isso “Portanto Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito.” (Êx 1.20).
             O Rei Nabucodonosor construiu uma estátua como um monumento à sua própria grandeza. Ordenou a todos os povos, línguas e nações que estavam sob seu domínio que todos deveriam se prostrar diante dela. Quem não se prostrasse seria na mesma hora lançado na fornalha ardente. Sadraque, Mesaque e Abdenego foram acusados de não adorar a estátua e de desprezar a ordem do Rei. Nabucodonosor os conclamou a obedecer a ordem, mas eles não recuaram “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar. Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E se não, fica sabendo ó rei, que não servimos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” (Dn 3.17,18). Os três jovens foram lançados na fornalha de fogo ardente e foram livrados por um quarto homem que milagrosamente estava com eles na fornalha.
             Os apóstolos foram presos por pregarem a Jesus. Porém, quando estavam na prisão, um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e os soltaram e ordenou que os apóstolos continuassem a pregar. Pela manhã cedo, quando os carcereiros foram buscar os prisioneiros não os acharam. Interessante que as celas estavam trancadas e os guardas lá fora, mas os presos já não estavam mais lá dentro. Quando foram soltos os apóstolos obedeceram a ordem do anjo e continuaram a pregar. As autoridades judaicas foram informadas disso e mandaram buscá-los. Atos 5.28,29 resume o comportamento do cristão diante do abuso do estado “Dizendo: não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que encheste Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem. Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: mais importa obedecer a Deus do que aos homens”.
             A obediência ao estado é um dever de todo crente. Mas, quando há um conflito entre a nossa fé e a obediência civil, a desobediência civil é o melhor caminho, pois mais importa obedecer a Deus do que aos homens. Deus atestou esse fato ao abençoar todos aqueles que escolheram obedecê-lo o que obedecer a tirania do estado.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

ENCERRAMENTO DA CAMPANHA DE ORAÇÃO. TEMA HABACUQUE 3.2 - Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, a notifica; na ira lembra-te da misericórdia. DEUS SE FEZ PRESENTE TREMENDAMENTE EM NOSSO MEIO, FALANDO COM SUA IGREJA PODEROSAMENTE!! DEUS SEJA LOUVADO.










Qual foi o seu motivo?




Robert Hughes,1 historiador e crítico de arte, conta a história de um condenado à prisão perpétua em uma ilha de segurança máxima na costa da Austrália. Um dia, sem nenhuma provocação, ele se voltou contra um companheiro de prisão e o espancou até deixá-lo sem sentidos. Por esse motivo, as autoridades o mandaram de volta ao continente para outro julgamento, no qual ele deu um testemunho direto e impassível do crime. Não demonstrou nenhum sinal de remorso e negou ter tido qualquer ressentimento da vítima. — Por que, então? — perguntou o juiz, admirado. — Qual foi o seu motivo?
O prisioneiro respondeu que estava enjoado da vida na ilha, um lugar de notória brutalidade, e não via motivos para continuar vivendo. — Sim, sim, eu compreendo tudo isso — disse o juiz. — Posso entender por que você se afogaria no oceano. Mas por que matar?
— Bem, eu penso assim — disse o prisioneiro. — Sou católico. Se eu cometesse suicídio iria diretamente para o inferno. Mas, se eu matasse alguém, poderia voltar aqui para Sidney e confessar o meu crime a um padre antes da execução. Desse jeito, Deus me perdoaria.
A lógica do prisioneiro australiano era a imagem reflexa do Príncipe Hamlet, que não assassinaria o rei em suas orações na capela para que este não fosse perdoado por seus atos infames, indo diretamente para o céu.
Qualquer pessoa que escreva a respeito da graça tem de enfrentar suas brechas evidentes. No poema de W. H. Auden:2 "For Time Being" [Para todo o sempre], o rei Herodes astutamente capta as conseqüências lógicas da graça: "Todo velhaco vai argumentar: 'Eu gosto de cometer crimes. Deus gosta de perdoá-los. De fato, o mundo foi admiravelmente arranjado'".
Nesse particular, confesso que apresentei um quadro unilateral da graça. Descrevi Deus como um pai cego de amor, ansioso por perdoar, e a graça como uma força suficientemente poderosa para quebrar as cadeias que nos amarram e suficientemente misericordiosa para vencer diferenças profundas entre nós. 

O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA



Jesus é o tema central da Bíblia. Ele mesmo no-lo de­clara em Lucas 24.44 e João 5.39. (Ler também Atos 3.18; 10.43; Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que, em tipos, figuras, símbolos e profecias, Ele ocupa o lu­gar central das Escrituras, isto além da sua manifestação como está registrada em todo o Novo Testamento.
Em Gênesis, Jesus é o descendente da mulher (Gn 3.15).
Em Êxodo, é o Cordeiro Pascoal.
Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório.
Em Números, é a Rocha Ferida.
Em Deuteronômio, é o Profeta.
Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do Senhor.
Em Juizes, é o Libertador.
Em Rute, é o Parente Divino.
Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido.
Em Ester, é o Advogado.
Em Jó, é o nosso Redentor.
Nos Salmos, é o nosso socorro e alegria.
Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus.
Em Cantares de Salomão, é o nosso Amado.
Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro^
Nos Profetas, é o Messias Prometido.
Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo.
Nos Atos, é o Cristo Ressurgido.
Nas Epístolas, é a Cabeça da Igreja.
No Apocalipse, é o Alfa e o ômega; é o Cristo que volta para reinar. 


Tomando o Senhor Jesus como o centro da Bíblia, po­demos resumir os 66 livros em cinco palavras referentes a Ele, assim:                                                                               PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da preparação para o advento de Cristo. MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da mani­festação de Cristo.               PROPAGAÇÃO - O Livro de Atos, que trata da propaga­ção de Cristo.           EXPLANAÇÃO - As Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo. CONSUMAÇÃO - O Livro de Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas preditas, através de Cristo. (Dr. Cl. Scofield).

Portanto, as Escrituras sem Jesus seriam como a Física sem a matéria ou a Matemática sem os números.

Rerison Brazão:

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O pensador como ensinador

Eclesiastes 12:9-14  

O pensador como ensinador
12:9  O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao povo o conhecimento; e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios.
10  Procurou o Pregador achar palavras agradáveis e escrever com retidão palavras de  verdade.

Afastamo-nos um pouco para ver a pessoa e o processo que se es­condem por trás deste notável livro. As observações iniciais apontam para a parceria entre as idéias e a expressão, a busca e os ensinamen­tos, que o próprio livro ilustrou. Vimos como os capítulos de conse­lhos práticos equilibraram e suplementaram as profundas reflexões por eles interrompidas. O que surge no restante destes dois versículos é a grande importância que o autor dá ao seu papel de ensinador. Ele não é o orgulhoso pensador que não tem tempo para as mentes menos pri­vilegiadas; antes, aceita o ideal desafiador da perfeita lucidez. Como destaca o versículo 10, é preciso ter a habilidade e a integridade, o en­canto e a coragem de um artista e de um mestre para fazer justiça à tarefa. Na força deste único versículo, este homem poderia ser o santo patrono dos escritores.

Ensinamentos penetrantes
12:11  As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor.
12  Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.
Eis aí mais duas qualidades que caracterizam os oportunos ensina­mentos do sábio: eles despertam a vontade e se fixam na memória. Com isto, Coelet, mestre como é, paga um tributo involuntário ao maior de todos os mestres da sabedoria: nosso Senhor, cujas palavras apre­sentam estas duas marcas de maneira suprema, da mesma forma como ultrapassam o critério do versículo 10, de "palavras agradáveis" e "pa­lavras de verdade". Elas casam a justeza com a intrepidez, parceiras que não devem ser separadas.
O que importa acima de tudo é que são palavras de autoridade. Com toda a sua variedade e evidente humanidade, elas são dadas aos sá­bios. Constituem uma unidade, e provêm de Deus. Este segundo ter­mo aplicado a Deus, o único Pastor, é um complemento apropriado ao majestoso título do versículo 1, "teu Criador". O Deus "distan­te", cuja ordem alcança a todos, também é o Deus "próximo", que conhece e pode ser conhecido, que nos fala com voz humana mas decisiva.
O curioso é que, como percebemos no versículo 12, isto não nos agrada. Nós nos tornamos viciados na pesquisa propriamente dita, apai­xonados pelas nossas perguntas mais difíceis. Uma resposta estragaria tudo. C. S. Lewis, em uma de suas confrontações no livro The Great Divorce (O Grande Divórcio), capta o tom e a qualidade desta atitude, à altura em que ela finalmente se apossa do homem. Nessa cena, na fronteira do céu, um "pesquisador" vitalício é convidado a entrar. Dizem-lhe:
"Não posso lhe prometer... qualquer campo de ação para os seus talentos: apenas o perdão por havê-los pervertido. Nenhuma atmosfe­ra de pesquisa, pois vou introduzi-lo na terra onde não há perguntas, apenas respostas, e você verá a face de Deus."
"Ah! mas nós devemos interpretar essas belas palavras à nossa pró­pria maneira! Para mim não existe resposta final. O vento livre da pes­quisa deve continuar sempre soprando através de nossa mente, não deve?"...
... "Ouça!", disse o Espírito Branco. "Você já foi criança. Você aprendeu para que servia a pesquisa. Houve um tempo em que você fazia perguntas porque queria respostas, e ficava satisfeito quando as encontrava. Torne-se essa criança novamente, agora mesmo."
"Ah! mas quando eu me tornei um homem eu deixei de lado as coisas infantis!
Nenhum argumento, nenhum apelo valerá contra esta infinita elas­ticidade. O encontro, já infrutífero, acaba com o gentil sofista lembrando-se de que tem um encontro; desculpa-se, então, e corre pa­ra o seu grupo de debates no inferno.

O ponto de chegada
12:13  De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.
14  Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.
Até agora, nenhum dos nossos caminhos nos levou a parte algu­ma. Eles acabaram muito antes de alcançarmos qualquer coisa eterna e absoluta. Mas o caminho a que nos trouxe este capítulo aponta para Deus, o Eterno, para quem "a eternidade no coração do homem" (cf. 3:11) foi criada para ali habitar e gravitar:
Se esta maneira de colocar as coisas destaca mais a necessidade do homem do que a exigência de Deus, estes dois versículos logo vão res­tabelecer o equilíbrio. Mas eles prazerosamente concedem ao elemen­to humano o seu devido direito, através das palavras porque isto é o todo do homem. É verdade que, entre outras cousas, é o seu dever; mas o heb. não diz isso; deixa esse todo indefinido. "Isto", como po­deríamos traduzir, "é tudo o que o homem tem"; mas é um "tudo" que fica em total contraste com a "vaidade" com que nos tem con­frontado o livro. Aqui finalmente encontraremos realidade e nos en­contraremos a nós mesmos.
Não, entretanto (e com isto o equilíbrio é restaurado), como per­feccionistas que buscam para si o que é melhor, mas como servos apresentando-se ao seu legítimo senhor. Teme a Deus é uma convoca­ção que nos coloca no nosso devido lugar, e a todos os demais temo­res, esperanças e perplexidades nos seus devidos lugares.
O derradeiro versículo destaca o ponto que acabamos de apresen­tar, com um golpe final que é bastante forte para machucar, mas bas­tante inteligente para nos fazer sair da apatia. Acaba com a compla­cência, avisando-nos de que nada passa despercebido e sem avaliação, nem mesmo as coisas que nós escondemos de nós mesmos. Mas ao mes­mo tempo transforma a vida. Se Deus se importa tanto assim, então nada pode ser sem sentido.
Esta é a verdade que já nos foi apresentada em 11:9; e, além do mais, ela dá colorido a todos os ensinamentos de Cristo, para quem nenhum detalhe aqui na terra poderia ser pequeno demais para ser im­portante no céu: uma palavra fútil, a morte de um pássaro, um copo de água fria, o arrependimento de um pecador. Foi isto também que incitou Paulo a ser insistente "a tempo e fora de tempo" e a concluir a sua carreira com alegria. Para qualquer outro senhor, ou para nenhum.
"As nações labutam - apenas para o fogo, e os povos se fatigam - tudo para nada."   
É uma coisa totalmente diferente ficar sob as ordens de um senhor que se importa profundamente tanto com o trabalhador como com o trabalho e cujo julgamento é infalível.
Não compete ao nosso autor pesquisar mais sobre este julgamento, como e quando será realizado. Há um lugar para isso. Mas há um lu­gar também, e é aqui, para o silêncio que chama a atenção para o sim­ples fato da aprovação ou da desaprovação de Deus. Quando todos os detalhes tiverem sido concluídos, este continuará sendo o ponto cru­cial. Em torno disto e nada mais gira a questão: se "tudo é vosso" (como Paulo o colocou, especificando ainda: "o mundo ... a vida ... a morte ... as cousas presentes ... as futuras")  ou se, irremediavel­mente, "tudo é vaidade".