quarta-feira, 13 de julho de 2016

Lição 03: Igreja, Agência Evangelizadora


Introdução
Alguém afirmou, certa vez, que a Igreja de Cristo não é um clube de iates, mas uma frota de pesqueiros. O autor anônimo, de maneira sutil e delicada, deixa bem claro que a principal tarefa da Igreja é a evangelização. Na entrelinha de sua assertiva, deixa ele bem patente que a Igreja, por sua natureza e vocação, é a agência por excelência de evangelismo e missões. Se não evangeliza, deixa de ser um organismo divino para apequenar-se numa organização humana falida e já em vias de apagar-se.
Neste capítulo, realçaremos a Igreja que se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos crentes. Que Deus nos abençoe na observância dos mandamentos do Senhor Jesus quanto à evangelização do mundo.

I. IGREJA, COMUNIDADE DE PROCLAMAÇÃO
O mártir alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) declarou que a Igreja é Cristo existindo em comunidade. Todavia, Jesus não almeja apenas existir entre nós, mas atuar por meio de nós. É para isso que Ele instituiu a sua igreja.
1. Igreja, definição que desafia. A Igreja já foi definida como uma assembleia dos que foram chamados para fora. Se aceitarmos essa definição, veremos que a etimologia do termo grego ekklêsiaé bastante emblemática. Nesse vocábulo, temos duas palavras distintas: ek, que significa “de” ou “para fora”, e kaleõ, que traz o significado de ser chamado, ou convocado.
Nesse sentido, a ekklêsia grega era a assembleia de cidadãos intimados para fora de suas casas, a fim de tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em vista a natureza e a missão da “igreja” grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o mesmo termo para nomear a sua universal assembleia de homens e mulheres provenientes de todas as nações.
2. Igreja, um organismo peculiar. Ao ouvir a declaração de Pedro, sobre a qual fundou a sua Igreja, Jesus poderia ter dito: “Sobre esta pedra, fundarei a minha sinagoga”. Mas, se o fizesse, estaria limitando a atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa cidade gentia, não eram chamados para fora, mas convocados para dentro. E, ali, na sinagoga, congregavam-se, a fim de adorar o Deus da nação de Israel, e não para anunciar o Deus de todos os povos. Além do mais, para se formar uma congregação israelita eram necessários nove homens adultos.
O Senhor, porém, simplificou o estabelecimento da Igreja. Agora, não é mais imperioso que se reúna uma novena de varões. Bastam duas pessoas congregarem-se sob a invocação de Cristo, para que Ele se manifeste entre elas e, por intermédio delas, aja salvadoramente (Mt 18.20). Um único santo não constitui uma igreja, mas um testemunho. Mas dois ou três, invocando o nome do Senhor, perfazem um número suficiente para que se tenha uma comunidade proclamadora.
A Igreja de Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime que a sinagoga judaica. Ela, por ser Igreja e pertencer a Cristo, jamais deixará de ser um organismo, ao passo que estas nunca hão de transcender os limites da organização.
3. A Igreja sempre será chamada para fora. Ainda que a etimologia da palavra “igreja” seja, às vezes, questionada, os discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora, a fim de proclamar o evangelho. Nosso testemunho, portanto, não ficará emparedado, nem aprisionado pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja, agiremos como Igreja. Sairemos a evangelizar e a fazer discípulos até a fronteira final deste globo.
A Igreja, em virtude de sua natureza, não se deixa aprisionar por uma agenda que não tenha a evangelização como a prioridade máxima. Evocamos, aqui, o exemplo das Assembleias de Deus. Embora não houvesse ainda nascido oficialmente, apregoava o novo nascimento sem impedimento algum. Naqueles idos, o campo era um mundo sem fronteiras. Todos os que se convertiam eram chamados para fora, apregoando que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo e cura os males do corpo. A chama pentecostal ardia continuamente.
Há uma diferença substancial entre a chamada de Israel e a da Igreja. No Antigo Testamento, os israelitas partiam dos extremos de Israel, para adorar em Jerusalém. Assim também agiam os prosélitos. Haja vista a rainha de Sabá e o eunuco de Candace, soberana dos etíopes. O Senhor Jesus, contudo, ao estabelecer a Igreja, não tinha como alvo atrair ninguém à Cidade Santa. Mas, a partir de Jerusalém, tinha como alvo a conquista do mundo através de seus discípulos. A missão de Israel, portanto, era centrípeta; atraía a todos ao centro judaico de adoração, que tinha como emblema o Santo Templo. Quanto à missão da Igreja, é fortemente centrífuga; desde Jerusalém, pôs-se a proclamar o evangelho até às fronteiras mais extremas da Terra.

II. A IGREJA DE CRISTO E O CRISTO DA IGREJA
João Calvino (1509-1564), ao discorrer sobre a natureza da Igreja, foi preciso e coerente: “Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida com pureza, ali existe uma igreja de Deus, mesmo que ela esteja repleta de falhas”. Portanto, não há o que se discutir. A Igreja de Cristo subsiste pela proclamação do evangelho de Cristo e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos apóstolos.
1. Sua natureza proclamadora. Cristo estabeleceu a Igreja em cima de uma proclamação breve, mas profundamente teológica e profética. Ao indagar de seus discípulos acerca da opinião de Israel quanto à sua pessoa, ouviu de Pedro a maior declaração que alguém poderia fazer sobre o seu messiado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Tal afirmação, embora sucinta, era tão forte e marcante, que somente alguém inspirado pelo Espírito Santo poderia emiti-la. Foi o que reconheceu o próprio Senhor: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).
Em seguida, o Senhor revela aos discípulos que, sobre a assertiva de Pedro, fundaria Ele a sua Igreja. Portanto, o alicerce da assembleia do Novo Testamento é uma declaração que, em nove palavras, revela a essência dos profetas que, desde Moisés, profetizaram até Malaquias. Ora, se a natureza da Igreja de Cristo é a proclamação, ela haverá de peregrinar de proclamação em proclamação até que o Senhor a venha buscar.
2. Sua missão proclamadora. Se a igreja evangeliza e faz missões, é verdadeira. Mas se vive pela liturgia, não passa de uma casa de espetáculos. As igrejas católicas e orientais são ostensivas e doentiamente formais. Algumas missas ortodoxas chegam a durar três horas. Se espremermos, porém, todos esses missais, cânones e rubricismos, não lograremos uma única gota do verdadeiro evangelho. Infelizmente, os evangélicos, apesar de suas reuniões vivazes e barulhentas, estão caindo no mesmo pecado. A formalidade também se manifesta informalmente. Qualquer culto, portanto, que não cultue verdadeiramente a Deus, é formalismo, ainda que traga um ostensivo rótulo carismático.
João Wesley (1703-1791), após a sua experiência pentecostal, começou a ter uma visão mais bíblica sobre a tarefa do corpo de Cristo: “A Igreja nada tem a fazer, a não ser salvar almas. Portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é requerido falar tantas vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao arrependimento tantos pecadores quanto possível”. O evangelista inglês diz-nos, entre outras coisas, que a evangelização tem de voltar a ser a nossa primazia. Caso contrário, jamais seremos reconhecidos como discípulos daquEle que, durante todo o seu ministério, outra coisa não fez senão proclamar a Palavra de Deus com a vida e por meio da própria morte.

III. O CRISTO DA IGREJA E A IGREJA DO CRISTO
Na região da Galácia, havia uma atividade evangelizadora tão intensa, que chegava a ser febricitante. Todavia, o evangelho de Cristo era ignorado e o Cristo do evangelho era desprezado por aqueles obreiros de Satanás. Portanto, não basta falar de Cristo. É urgente que voltemos a proclamar o Cristo do Novo Testamento.
1. Cristo, o Filho de Deus. A primeira grande verdade proclamada sobre Jesus, em o Novo Testamento, é que Ele é o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Se pregarmos um Cristo que não procede de Deus, jamais convenceremos o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Por esse motivo, o Senhor ordena que os convertidos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).
Recentemente, li o Corão, o livro tido como sagrado pelos muçulmanos. Naquelas longas e, às vezes, repetitivas suratas, Jesus é citado amiúde. Apesar do respeito com que Ele é tratado pelo fundador do Islamismo, é difícil ver, naquelas descrições, o Cristo de Deus. Antes de tudo, porque, em nenhum lugar, Ele é considerado o Filho de Deus. Mas, sempre que Maomé cita-o, faz questão de ressaltar-lhe a filiação mariana. Dessa forma, o Corão apresenta o Filho de Deus como filho de Maria. Aos olhos de Maomé, Jesus foi o mais puro dos muçulmanos. Todavia, o Cristo maometano jamais libertará o homem das garras de Satanás.
Cabe-nos evocar, aqui, o belíssimo pronunciamento de C. S. Lewis acerca do messiado de Jesus Cristo:
Um homem que fosse só homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. Seria um lunático no mesmo nível de um homem que diz ser um ovo cozido ou então seria o próprio diabo. Cada um de nós precisa tomar a sua decisão. Ou este homem era, e é, o Filho de Deus, ou então um louco, ou algo pior. Mas não venhamos com nenhum argumento complacente que diga que ele foi um grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha. Nunca pretendeu fazê-lo.
Concluindo, o primeiro tópico de nosso sermão evangelístico tem de apresentar, obrigatoriamente, a filiação divina de Jesus Cristo. Se não o apresentarmos como Filho de Deus, poderemos até apresentar uma bela peça de oratória, mas jamais uma autêntica pregação evangélica.
2. Cristo, o Crucificado de Deus. Se Jesus não passou de um mero pensador como Sócrates, que efeito tem a sua morte sobre a nossa eternidade? Ao considerar a questão, respondeu Jean Jacques Rousseau (1712-1778): “Se a vida e a morte de Sócrates são as de um filósofo, a vida e morte de Jesus Cristo são as de um Deus”. O sábio suíço não careceu cursar teologia para chegar a uma conclusão tão óbvia e certeira. Há teólogos, porém, que, apesar de sua erudição, ainda não atinaram que Jesus morreu como Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Por conseguinte, o segundo tópico de nossa mensagem evangelística é apresentar Jesus Cristo como o Crucificado de Deus.
Ao dirigir-se à intelectual Corinto, apresentou Paulo uma mensagem simples, mas eficaz. Se os coríntios aguardavam um discurso semelhante ao de Demóstenes, decepcionaram-se, pois o Doutor dos Gentios, entre eles, tratou de um único assunto, como ele faz questão de frisar:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Co 2.15)
Embora o apóstolo fosse um dos maiores acadêmicos de seu tempo, não se deixou aprisionar pela filosofia, mas transcendeu Platão e Aristóteles. Sua mensagem não se resumia a uma mera peça de oratória. Quando se punha a falar de Cristo, encenava o drama do Calvário de tal forma, que seus ouvintes tinham a impressão de estar ao pé da cruz. Foi o que ele, tomado por uma ira santa e compreensível, declarou aos gálatas que estavam prestes a apostatar da fé: “Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?” (Gl 3.1).
A Igreja tem de encenar, tanto para si mesma quanto para o mundo, o drama do Calvário. A palavra usada pelo apóstolo, para descrever como ele pregara a crucificação de Cristo aos gálatas, não era desconhecida do teatro grego. O vocábulo prographõ significa pintar, ou retratar vivamente, uma cena perante olhos exigentes e críticos. Paulo jamais foi infiel ao proclamar a mensagem da cruz. Ele não era um ator, mas sabia como representar a obra de Cristo ante um mundo que jaz no maligno.
3. Cristo, o Ressurreto de Deus. Se proclamarmos a morte de Jesus, mas lhe omitirmos a ressurreição, nossa pregação será incompleta. Quando os apóstolos reuniram-se, antes do Pentecostes, para escolher o substituto de Judas Iscariotes, fizeram questão de frisar que teria de ser alguém apto a testemunhar a ressurreição do Filho de Deus (At 1.22). A escolha, como sabemos, recaiu sobre Matias que, a partir daquele momento, tinha como tarefa prioritária anunciar a Israel e ao mundo que Jesus, de fato, erguera-se de entre os mortos.
Urge, pois, que a Igreja volte à pregação completa do evangelho. O pecador tem de saber que Jesus não ficou preso à cruz, nem detido no sepulcro, mas que, no terceiro dia, ressurgiu com poder e glória. Parece que os crentes de Corinto não estavam bem seguros quanto à ressurreição de Cristo. Por isso, interveio Paulo, afirmando-lhes com toda a energia de seu apostolado:
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1 Co 15.12-14)
Que cada pecador saiba que Jesus morreu, ressuscitou e acha-se vivo, intervindo no mundo e governando a sua Igreja, por meio do Espírito Santo.
4. O Cristo que intervém. Na Declaração de Cesareia, Pedro foi inspirado a afirmar que Jesus é o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Nessa curta, mas profunda assertiva, vemos um Deus que não se esconde em sua transcendência, mas se revela, amorosamente, em sua imanência. Por isso, o Pai intervém na história do universo por meio do Filho.
Quando pregamos que Jesus, além de ressuscitar, acha-se no governo de todas as coisas, tiramo-lo do panteão onde jazem os fundadores de religiões e seitas, para entronizá-lo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele não é um entre outros fundadores de religiões, mas o fundamento da religião única e verdadeira. Maomé, por exemplo, em que pese o dogma de sua ascensão, jaz no sepulcro e lá permanecerá até o Juízo Final. Cristo, porém, ressurgiu da morte. Por essa razão, declarou:
É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.18)
Quando a Igreja apregoa o Cristo Vivo, serenamo-nos, pois sabemos que Ele está no controle do universo, da História e de nossa vida. Afinal, somente aquEle que vive para todo o sempre pode tornar-se o Deus conosco.
5. Cristo, o Deus pessoal. Ao anunciar a conceição virginal de Maria, o profeta Isaías deixa transparecer que o Filho, à semelhança do Pai, será um Deus pessoal: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1.23). Semelhante detalhe não pode faltar à mensagem evangelística da Igreja de Cristo. Os que suspiram por um encontro pessoal com o Pai Celeste não podem ver o Filho apenas como uma figura histórica e distante. como se Ele, o Divino Emanuel, não passasse de um mero acervo museológico. Que Ele existiu, não há dúvida. Maomé e Buda também existiram, mas são incapazes de transformar vidas. Que em cada proclamação, pois, mostremos que Jesus, além de estar vivo, almeja firmar um relacionamento pessoal, profundo e íntimo com cada um de seus filhos.
Mas em determinados círculos acadêmicos, o Salvador acha-se tão distante dos perdidos, que ninguém mais logra encontrá-lo em meio às monografias, teses e ensaios. Não me refiro apenas à erudição secular. Infelizmente, a que lida com o texto sagrado acha-se também a debater no terreno movediço da incerteza e da incredulidade. Por isso, não nos curvemos, acriticamente, à crítica textual. Diante do aparato crítico de algumas edições da Bíblia Sagrada, indaga o miserável pecador: “Afinal, Jesus fala ou não a minha língua?”. Não nos esqueçamos de que a erudição é serva do evangelho e escrava da Palavra de Deus. Sua tarefa é transmitir, de geração em geração, os oráculos divinos em sua pureza e integridade. Ela tem de estar ao pé da cruz, e não encimando a cabeça do Cordeiro de Deus.
Que o pecador saiba que Jesus não é apenas o Deus conosco, mas também o Deus comigo e o Deus contigo. Ele é tão pessoal que podemos adorá-lo com todo o nosso ser, pois a sua presença permeia-nos o corpo, a alma e o espírito.

IV. IGREJA, A MESTRA DA PALAVRA
Entre outras símiles, Paulo destaca a Igreja de Cristo como a coluna e o baluarte da verdade (1 Tm 3.15). Tal comparação revela a natureza do corpo de Cristo, cuja missão é pregar o evangelho, ensinar os desígnios divinos e atuar como a voz profética de Deus.
1. A pregação do evangelho. A Igreja de Cristo, como já vimos, foi constituída, a fim de proclamar o evangelho a todos, em todo tempo e lugar, por todos os meios. O que universaliza uma igreja, portanto, não é o seu título, nem as suas pretensões, mas a sua atividade evangelística e missionária. Se nos fecharmos, como poderemos alcançar os confins da Terra? Mas, se nos abrirmos localmente, universalmente cumpriremos a tarefa que nos confiou o Senhor da Seara.
A Igreja sempre será chamada para fora, para apregoar a Palavra de Deus. Toda vez que isso ocorre, fazemo-nos luz do mundo e sal da terra. Num primeiro momento, iluminamos as trevas com a exposição da verdade divina. Em seguida, preservamos os tecidos sociais mais comprometidos, proclamando a vontade de Deus profeticamente. Portanto, quem ganha almas muda a sociedade, transforma a cultura e dissemina a ética cristã.
2. O ensino da Palavra. A academia não pode substituir a Igreja no ensino da Palavra de Deus, nem na produção teológica. Toda vez que isso ocorre, uma nova heresia nasce, uma verdade é distorcida e uma congregação local é destruída. Não quero, aqui, estabelecer uma relação dualista entre o ministério cristão e a academia.
Se a academia é cristã, não se afastará da Igreja, nem há de se arvorar contra o ministério eclesiástico. Por que um dualismo entre ambas? Portanto, assim como não devemos separar a vida pública da particular, também não podemos separar as atividades intelectuais das espirituais, pois o Espírito Santo quer santificar-nos por inteiro: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).
A verdadeira teologia é produzida no âmbito da Igreja, pois os dons ministeriais são concedidos ao seu ministério, e não à academia, conforme ressalta o apóstolo:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Ef 4.11-13)
A Igreja de Cristo, pois, acha-se devidamente aparelhada, pelo Espírito de Deus, para ensinar a verdadeira doutrina e produzir a melhor teologia. Ela precisa de seus acadêmicos, mas estes não devem prescindir da comunhão dos santos. Além do mais, a teologia que produzimos só terá algum valor diante de Deus se frutificar na salvação de almas, na edificação da Igreja e no fortalecimento da voz profética da Bíblia Sagrada.

Conclusão
Sendo a Igreja de Cristo a coluna e o baluarte da verdade, não haverá de imiscuir-se com o poder secular, pois o seu Reino é eterno. Isso não significa, porém, que devemos ignorar o mundo, porquanto nele vivemos.
Todavia, jamais nos conformaremos com o seu sistema. Nossa missão é transformá-lo pela proclamação do evangelho de Cristo. Quanto mais falarmos de Cristo à nossa geração, mais faremos ouvir a voz de Deus.
Por meio da proclamação evangélica, mostraremos a todos que Jesus Cristo é a única esperança para a nossa geração. Evangelizar é a missão mais importante da Igreja
fote:ensinadorcristao

terça-feira, 12 de julho de 2016

Perdeu Sua Bíblia?


“Minhas palavras fazem o bem ao que anda retamente.” (Mq 2.7)

Se queremos crescer na fé, em viver santo e no poder para servir, o nosso único fundamento é a Palavra de Deus. Ouviu-se certa vez uma pessoa orar assim: “Senhor, ajuda-nos a crer na tua Palavra”. Tal oração parece tão comum que não notamos a incongruência de tal pedido. O verdadeiro crente não precisa pedir ajuda para crer na Palavra de Deus, uma vez que o crer na Palavra do Deus vivo deve ser a coisa mais fácil e natural para ele. Todavia, o fato que nos surpreende é esse: a maior parte dos cristãos é incrédula. Conquanto confiem na Palavra de Deus no que respeita ao arrependimento e à fé, e aceitem a promessa do perdão divino, embora tenham recebido a Cristo, tenham vida eterna nele e creiam na oração (ainda que a limitem a meros pedidos), a verdade dura é que ignoram ou não usam a maior parte das grandes promessas de Deus, de vitória cristã e de poder para servir.
Por que, então, os cristãos acham tão difícil e até mesmo impossível crer nas promessas de Deus? Acaso os cristãos não participam da natureza divina? Não conhecem e amam a um Deus pessoal e vivo? E não têm comunhão vital com ele? Em geral cremos naqueles a quem conhecemos e amamos, principalmente naqueles que têm bom caráter e boa reputação. Assim, duvidar, ou não crer em Deus é coisa tão inatural para o crente que bem podemos dizer, na linguagem das Escrituras, que “um inimigo fez isso”. Muita dúvida, muita incredulidade, certamente, são obras do diabo.
Mas, como o diabo levou tantos a duvidar da Palavra de Deus? O profeta Jeremias sugeriu a resposta ao dizer: “Pois torceis as palavras do Deus vivo” (Jr 23.36). Em forma interrogativa o apóstolo Paulo anota o mesmo fato em Romanos 3.31: “Anulamos, pois a lei...?” Sim, foi isso exatamente o que aconteceu. A Palavra de Deus foi adulterada, torcida e anulada, pelo engano e pelos artifícios do inimigo de nossas almas.
Falando do diabo, Jesus disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar, e destruir” (Jo 10.10). O diabo começa a sua obra infame roubando. E o que ele mais gosta de nos roubar é a Palavra de Deus. Assim, através dos séculos ele tem feito muitas tentativas para suprimir e destruir a Bíblia. Se tivesse conseguido seu infernal intento, já não haveria muita esperança nem para o mundo nem para a Igreja. Por isso, tendo falhado em suas tentativas para destruir a Bíblia, começou a roubar a Palavra de Deus de maneira mais sutil. Sua grande estratégia tomou a forma de “alta crítica”. Qual o resultado? Muita gente, e de fato, várias denominações, sucumbiram ante esse terrível engano e perderam a Bíblia como sendo a inspirada Palavra de Deus. Crendo que, quando muito, a Bíblia contém a Palavra de Deus, perderam a certeza que provém do crer que “assim diz o Senhor”. Com esse terrível golpe, Satanás destruiu a fé nas maiores doutrinas, aceitas durante séculos. Assim, não tendo um alicerce firme, tais pessoas começaram a valorizar a palavra do homem, e acabaram tornando-se instáveis como areia movediça.
Felizmente muitos cristãos não aceitaram as falsas conclusões da “alta crítica”, por saberem que a Bíblia é a inspirada Palavra de Deus. Daí, o arquiladrão planejou roubar-lhes a Bíblia, pela introdução de um sistema de interpretação bíblica conhecido pelo nome de “ultradispensacionalismo”. Conquanto por séculos esse sistema fosse desconhecido (durante os quais a Igreja produziu seus maiores santos), essa nova interpretação foi introduzida como sendo um método superior de estudo da Bíblia. Deste modo, dividindo a Bíblia em vários períodos ou dispensações, e aplicando suas verdades somente a esta ou àquela dispensação em particular, em parte o inimigo conseguiu seu intento de nos roubar a Bíblia.
Mas grande porção da Igreja não aceitou os extremos ensinos do ultradispensacionalismo. Satanás pensou neles também e modificou seu plano. Atendo-se sempre ao seu plano de roubar, apresentou uma forma bem modificada de dispensacionalismo – uma forma tão moderada e branda que foi aceita pela grande maioria dos fundamentalistas. De fato o fundamentalismo e o moderado dispensacionalismo são hoje quase sinônimos. Em suas tendências o dispensacionalismo fundamentalista é perigoso e enganoso, roubando-nos muito da Bíblia, notadamente as palavras de Cristo. Este sistema de interpretação sustenta que o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo foi retirado, e substituído por outro evangelho. Tais mestres crêem que os deveres da Igreja somente são encontrados nas Epístolas e não no Sermão do Monte e nos dizeres de Cristo. Ensinam que existem dois evangelhos: o de Cristo e o do Apóstolo Paulo, e que, em nosso tempo, o de Paulo tem mais autoridade. Dizem que em Corinto a seita realmente perigosa era “a seita de Cristo” a qual dizia “Eu (sou) de Cristo” (1 Co 1.12), e rejeitava a nova revelação das doutrinas da graça nas cartas de Paulo. Declarações como estas não só anulam o evangelho de Cristo, mas também dizem que os crentes no evangelho de Cristo constituíam a mais perigosa seita de Corinto!
Os que propagam esse sistema não enxergaram a unidade do plano divino da salvação, razão por que ensinam que Deus tem diversos meios de salvar pecadores. Um deles, por exemplo, afirma: “Uma dispensação se define como um período de tempo em que o homem é testado quanto à obediência a uma revelação específica da vontade de Deus; e temos sete delas na Bíblia.” E ainda: “A graça se iniciou com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, e, desde então, o ponto de prova ou teste como condição para a salvação, não é mais a obediência legal, mas a aceitação ou rejeição de Cristo.”
Todavia, aqueles de quem não foram roubadas grandes porções da Bíblia vêem a graça tanto no Antigo como no Novo Testamento, e igualmente nas Epístolas. Cremos que para os que viveram nos tempos do Antigo ou do Novo Testamento, Deus não teve outro meio de salvá-los a não ser a fé em Cristo e em seu sacrifício vicário. Abraão não foi salvo pela lei, pois a Bíblia diz: “(Abraão) creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça” (Gn 15.6). Outra passagem que se refere ao meio de salvação é o texto clássico da Reforma: “O justo viverá pela sua fé”, mas isso é encontrado no Velho Testamento (Hc 2.4). A verdade é que o Velho Testamento foi o tempo da lei, mas não, porém, sem a graça; o período do Novo Testamento é o tempo da graça, mas não, porém, sem a lei. Nos dois períodos ou dispensações, o único meio de salvação tem sido “pela graça mediante a fé”. Deus tem apenas um modo de salvar os homens.
É certo que só uma geração teve o privilégio de ver Cristo com os olhos da carne; assim, os santos do Antigo Testamento espiritualmente olharam para o futuro, para o Calvário e viram a Cristo pela fé; e hoje olhamos para o passado, para o Calvário, e “somente pela fé” vemos a Cristo. Todavia, o Espírito Santo, realizando sua obra de revelar Cristo aos homens, estava presente nas duas dispensações – no tempo do Antigo Testamento (mediante tipos, símbolos e escritos) e também em nosso tempo (mediante a revelação completa que chamamos de Bíblia).
Satanás tem roubado aos cristãos grandes partes da Bíblia; e, por isso, muitos têm perdido a fé nas promessas de Deus no que se refere ao viver santo e ao poder para servir. Por exemplo, dizem-nos alguns que o Sermão do Monte não é dever da Igreja, nem privilégio. Não é para agora. Dizem ainda que os poderes sobrenaturais de que gozaram os apóstolos e seus seguidores desapareceram. Dizem que tais poderes pertenceram apenas a um período de transição, e foram limitados à era apostólica. E acrescentam que não devemos esperar que o Espírito Santo se manifeste nos vários dons do Espírito (como vemos em 1 Coríntios 12). Dizem-nos então que “Deus não age daquele modo hoje”. Nesta dispensação, a retidão de vida (como vemos nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus ), e o poder sobrenatural, visto no livro dos Atos, não nos são possíveis; Deus não espera isso de nós. Se, porém, crermos no que tais pessoas dizem, estaremos sendo espoliados em nossa herança. Uma das razões de haver tantos cristãos incrédulos é que muitos mestres, involuntariamente, estão-nos ensinando a não crer! Em vez de sermos exortados a crer no poder sobrenatural de Deus para o viver e o serviço cristão (como se ensina para a regeneração), é-nos ensinado que esse não é o modo de Deus agir hoje. Mais ainda: se alguém quer progredir na fé, quase tem que “ir sozinho”, tem que ser um pioneiro, com o peso morto duma igreja incrédula, atrapalhando o seu avanço. Portanto, para todos quantos querem crer em Deus e querem tomar a sua Palavra como ela é, é chegado o tempo exato de resistir ao intento do diabo, que ousa roubar deles este ou aquele trecho da Bíblia.

Se Cristo disse: “Aquele que crer em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14.12), resta-nos crer nele e esperar que nos capacite para fazer essas “obras maiores”. Em muitos círculos cristãos, porém, estas palavras de Cristo também são torcidas para significar que essas “obras maiores” são a salvação de almas, e que o ganhar almas deve ser a obra a que devemos dar maior ênfase. Mas quem pode salvar uma alma? Só Deus pode fazer isso! Não! Jesus não estava falando somente em salvar almas; falava de obras que ele fez, pois curou enfermos, purificou leprosos, expulsou demônios e operou milagres. E ele disse que podemos fazer as mesmas coisas, em seu nome e pelo seu poder. Bem sabemos que curas e milagres não salvam, mas tornam conhecido o fato de que Deus está no meio do seu povo. Algumas dessas obras maiores, se realizadas hoje, tornariam desnecessário o elevado custo de programas de propaganda, tão em voga em nossos dias. Não poucas vezes as campanhas evangelísticas são meras reuniões especiais freqüentadas quase que exclusivamente por crentes. Mas, se se crê na Palavra de Deus, pregada em sua inteireza, e de maneira que Deus possa confirmá-la “por meio de sinais, que se seguem” (Mc 16.20), como se deu no tempo dos Atos dos Apóstolos, então a propaganda custosa e as solicitações na comunidade não serão necessárias para se encher o local da reunião. Não haverá necessidade de apelos extensos e emocionais. Em tais circunstâncias, o pregador, tendo a oportunidade de pregar a grande número de perdidos, ouvirá de novo o clamor da congregação: “Que devo fazer para que seja salvo?” No presente, usando métodos seculares ou mundanos, estamos conseguindo precário resultado. Já não é chegado o tempo de darmos um balanço nisso? Não terá chegado a hora de voltarmos à Palavra de Deus e aos seus métodos? Você perdeu sua Bíblia?

Theodore (Ted) A. Hegre

domingo, 10 de julho de 2016

OS TRÊS PERÍODOS DO MINISTÉRIO DE JESUS CRISTO.



A. Como Profeta, desde o Éden até à cruz. Em Dt 18.18 Moisés predisse a vinda dum Profeta após ele que seria maior do que ele. No Velho Testamento há freqüentes referências a um Ser chamado "o anjo do Senhor", o "anjo de Sua presença", etc. que apareceu a Abraão, a Manoá, a Gideão e a outros, que foi adorado como Deus e que falou como porta-voz ou mensageiro de Deus. Gn 16.7-14; 22.11-18; 31.11,13; Êx 3.2-5; 14.19; Jz 13.2-25. Esse per­sonagem era o Senhor Jesus Cristo, que apareceu tempo­rariamente em forma pré-encarnada e corpórea a fim de trazer a palavra do Senhor a vários indivíduos. O minis­tério profético de Jesus continuou durante a Sua encarnação e vida de 33 anos aqui na terra. I Co 10.4.
B. Como Sacerdote, desde a Ascensão até à Segunda Vinda. Hb 7.25; 8.1. Jesus Cristo é agora mesmo o nosso representante no céu, à destra da Majestade Divina, onde Ele intercede em nosso favor e ajuda o crente em suas fraquezas. I Jo 2.1.

C. Como Rei, durante o Milênio e em Épocas Suces­sivas. Ap 19.16. Durante os 1000 anos de paz, Cristo reinará sobre o mundo, tendo Jerusalém por capital, onde Ele estará estabelecido sobre o trono de Davi, Seu pai. A Palavra também indica que a Sua regência jamais ter­minará, dizendo:  "... o seu reinado não terá fim". Lc 1.33.

Dc:Rerison Brazão.