quarta-feira, 30 de julho de 2014

O QUE ESTÁ ESCRITO?


Em Lucas 10:25, um homem fez a Jesus uma pergunta muito importante: “Mestre, o que farei para herdar a vida eterna?” Ao contrário de seus contemporâneos e da maioria das pessoas de hoje em dia, que está preocupada com os prazeres temporários de coisas terrestres, este homem está buscando respostas de importante interesse espiritual. Talvez você também esteja buscando respostas para questões vitais de eterno significado.
A próxima conversa entre Jesus e este questionador, revela três elementos essenciais para um proveitoso estudo Bíblico:
1. Devemos saber o que as escrituras nos dizem. Jesus perguntou: “Que está escrito na lei?” Precisamos conhecer a Bíblia.
2. Devemos entender o significado da mensagem da Bíblia. Jesus fez uma segunda pergunta: “Como interpretas?” A Bíblia foi escrita por nosso Criador numa linguagem humana para que possamos entendê-la. Devemos estudar para entendermos a mensagem (cf. Mateus 13:13-16).
3. Devemos aplicar a mensagem em nossas vidas. Esta é a parte mais difícil do valioso estudo da Bíblia. Podemos ler e entender a Bíblia, mas se não vivermos de acordo com suas instruções, nada ganhamos! Jesus corretamente percebeu que este era o problema deste homem que viera com a questão. Jesus lhe disse: “Respondeste corretamente; faz isto e viverás”.
Ddesafiamos a todos os leitores a conhecer, entender e aplicar a palavra de Deus. Que Deus os abençoe nesta realização!
Por Dennis Allan

domingo, 27 de julho de 2014

Lição 5: O Cuidado ao Falar e a Religião Pura



TEXTO ÁUREO
"[...] Mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tg 1.19).
VERDADE PRÁTICA
As nossas palavras podem, ou não, evidenciar a sabedoria de Deus. 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Tiago 1.19-27

Religião: Neste livro são crenças e práticas relacionadas à convicção de que há algo ou alguém superior ao ser humano individual, uma devoção a tudo que é considerado sagrado, que unem seus seguidores numa mesma comunidade moral, chamada Igreja.
Introdução:

Muitos cristãos precisam parar de se Enganar. A ênfase desta lição é sobre o engano próprio. "Enganando-se a si mesmo" (Tg 1.22 NVI); "engana-se a si mesmo" (Tg 1.26). Se um cristão peca porque Satanás o engana, é uma coisa. Mas se o cristão engana a si mesmo, a questão é muito mais séria.
Muita gente engana a si mesma convencendo-se de que tem a salvação, quando, na verdade, pode ser que não tenha (Ver Mt 7.22, 23). No entanto, há cristãos autênticos que enganam a si mesmos com respeito a sua vida com Deus. Pensam que são espirituais, quando, na verdade, não o são. Uma das características da pessoa madura é a capacidade de olhar para si mesma com honestidade, conhecer a si mesma e reconhecer suas necessidades.
A realidade espiritual é resultante de um relacionamento correto com Deus por meio de sua Palavra. A Palavra de Deus é verdade (Jo 17:17), e se nos relacionamos corretamente com a verdade de Deus, não é possível ser desonestos nem hipócritas. Nestes versículos, Tiago afirma que temos três responsabilidades para com a Palavra de Deus e, se cumprirmos as três, teremos uma vida cristã bem melhor, e não apenas uma religião aparente.

I. PRONTO PARA OUVIR E TARDIO PARA FALAR (Tg 1.19,20)

1. Pronto para ouvir. A comunicação é a chave para um relacionamento saudável. Dependendo da maneira como nos comunicamos, podemos dar vida ou matar um relacionamento. No século da comunicação virtual, estamos cada vez mais próximos das máquinas e mais distantes das pessoas. O verdadeiro crente deve saber se controlar tanto verbal quanto emocionalmente. Deve saber lidar com a palavra e também com a ira. Analisaremos o conselho de Tiago:
Em primeiro lugar, ele deve ser pronto para ouvir (1.19a). O termo “pronto”, no grego, é táxys, de onde vem nossa palavra táxi (rápido). O táxi é um carro de serviço. Ele deve estar sempre disponível. Seu objetivo é atender o cliente, sempre. Se vamos usar um táxi, é porque temos pressa. Não podemos esperar.
Assim ocorre também com a comunicação. Devemos ter rapidez para ouvir. Zenão, o pensador antigo, dizia: “Temos dois ouvidos, mas apenas uma boca; assim podemos escutar mais e falar menos”. Temos de considerar ainda que nossos ouvidos são externos, mas nossa língua está amuralhada de dentes. E preciso que estejamos prontos para ouvir a voz de Deus, a voz da consciência, a voz de nosso próximo. Hoje estamos perdendo o interesse em ouvir, e o resultado disso é a família em desarmonia, é a sociedade fragmentada. Se nós estivéssemos prontos para ouvir, com a mesma disposição que estamos prontos a falar, certamente haveria menos ira e mais encontros abençoadores e saudáveis entre nós.
Ouvir é uma arte difícil de se dominar, pois significa ter um forte interesse pela pessoa que está falando. Ouvir é a arte de fechar a boca e abrir os ouvidos e o coração. Ouvir é amar o próximo como a si mesmo: suas preocupações e problemas são importantes o suficiente para serem ouvidos.
“O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os seus lábios tem perturbação.” (Pv 13.3).“
 2. Tardio para falar. Em segundo lugar, ele deve ser tardio para falar (1.19b). Para ouvir eles deveriam ser rápidos e dispostos, mas para falar deveriam ser Tardios. Precisamos estar atentos sobre o que falamos, como falamos, quando falamos, com quem falamos e por que falamos. John MacArhur Jr. comenta sobre essa questão do muito falar: “É estimado que, em média, as pessoas falam 18.000 palavras em um dia, o suficiente para preencher 54 páginas de um livro. Em um ano, esse montante será suficiente para preencher 66 volumes de 800 páginas!... Assim, em média, as pessoas passam um quinto de seu tempo de vida falando.”
A palavra “tardio”, no grego, é brádys. Essa palavra dá a ideia de uma pessoa que tem dificuldades intelectuais para compreender logo de início o que lhe foi dito; e necessita, portanto, de tempo para reflexão. O que Tiago quer dizer é que devemos refletir primeiro, e não falar de imediato. E preciso saber a hora de falar e também o que falar. O que temos a dizer é verdadeiro? E oportuno? Edifica? Transmite graça aos que ouvem?
3. Controle a sua ira. Em terceiro lugar, ele deve ser tardio para irar-se (1.19). Novamente encontramos o termo brádys. Tiago está dizendo que a ira deve ser tratada com reflexos lentos. A maior demonstração de força está no autodomínio, e não no domínio sobre os outros. “Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade” (Pv 16.32). Em geral, a ira humana é desgovernada, destruidora e pecaminosa. E obra da carne, e não opera a justiça de Deus.
Há dois perigos com respeito à ira: primeiro, a explosão da ira, ou seja, o temperamento indisciplinado. Segundo, a implosão da ira, ou seja, o temperamento encavernado. Uns atacam e quebram tudo à sua volta quando estão irados. Outros guardam a ira e levam-na para o seu interior. Mas essa fera enjaulada destrói tudo por dentro: a saúde, a paz e a comunicação com Deus e com o próximo.
Precisamos aprender a lidar com nossos sentimentos.
II. PRATICANTE E NÃO APENAS OUVINTE DA PALAVRA (Tg 1.21-25)
1. Enxertai-vos da Palavra (v.21). Nestes últimos tempos, o Senhor tem derramado Sua Palavra em profusão. Você tem recebido muito. Mas é o momento de se perguntar: “Como tenho recebido tudo isso?” O que o Senhor lhe dá é sempre precioso, uma semente boa que tem em si toda a capacidade de gerar frutos. Que tipo de terreno tem sido seu coração? O próprio Jesus se preocupa com isso. Então, apresenta a Parábola do Semeador (ver Mt 13.4-9).
É o momento de se perguntar: “Que tipo de terreno tenho sido?” Existe aquele terreno que acolhe a Palavra, mas não a retém, não a guarda, recebe a Palavra apenas festivamente (com leviandade), mas não a acolhe, não tem profundidade. Então, o que acontece? Lá está o demônio, girando em torno dele, querendo arrancar-lhe a semente da Palavra. O demônio age sempre assim, não quer que a Palavra caia em seu coração e produza frutos em sua vida. Como ave faminta, procura sempre arrebatar a semente quando ela começa a frutificar.
Há outro tipo de terreno: o sol pedregoso. A Palavra caiu e você a acolheu com alegria, mas não a deixou que fincasse raízes. O próprio Jesus explica essa inconstância: sobrevindo uma dificuldade, um problema, uma tribulação ou perseguição por causa dela [Palavra], logo você a deixa. E como temos agido assim! Parece que não temos força nenhuma, nem qualquer coragem, somos cristãos sem fibra, sem têmpera, pensando que Deus Pai deve nos tratar como “filhinhos de papai” retirando todas as dificuldades e os problemas do nosso caminho. Diante da primeira tribulação, somos já terreno pedregoso, onde a Palavra não pode fincar raízes.
Outro tipo de terreno é aquele cheio de espinhos. Você ouviu bem a Palavra, com alegria, recebeu, acolheu, mas os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. Infelizmente, isso tem acontecido com muita gente! Recebem a Palavra, passam pela conversão, são batizados no Espírito Santo, os dons afloram... mas os cuidados deste mundo, os trabalhos, os afazeres, as riquezas, o conforto, o comodismo, os compromissos sociais e tantas outras coisas vão sufocando a graça recebida e tudo vai embora.
Muitos cristãos começaram bem, caminharam por um bom tempo, mas não abriram mão da vida que viviam, do caminho que estavam trilhando. Quiseram ser cristãos, mas ao mesmo tempo, viver a vida antiga. Então, tudo que receberam se esvaziou. Os compromissos sociais, as reuniões, as festas, o conforto, a necessidade de ter mais dinheiro, a necessidade de seguir a moda, tudo isso foi sufocando a Palavra, a graça, o Espírito Santo com Seus dons e frutos... e tudo se foi. Será que você não tem sido esse terreno?
Por fim, Jesus fala da semente caída num terreno bom. Ele nem fala de um terreno especial, mas de um terreno bom em que a semente caiu e frutificou. Um terreno que acolheu a Palavra e produziu frutos. É preciso que sejamos assim!
Você tem recebido muito, graças a Deus! O Senhor está investindo em você. Não desperdice a graça tão abundante que tem sido derramada em sua vida.
2. Praticai a Palavra (vv. 22-24). “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos”— essa exortação diz respeito ao cidadão que se autocongratula pelo elevado conhecimento que tem das Escrituras e pelo domínio das tradições apostólicas concernentes a Jesus. Não é que tal pessoa tenha falhado, deixando de aprender o ensino apostólico. Esse irmão pode ser erudito nas Escrituras, um “escriba” especializado nas palavras de Jesus. Todavia, representa os que são somente ouvintes. Pouco importa a tremenda extensão do conhecimento escriturístico do crente e quão espantosa sua memória: se isso é tudo que há, não passa de auto-engano.
“Sede cumpridores da palavra” — este é o ponto crucial. O que vale é o que o crente faz, não o que ele sabe. O verdadeiro conhecimento serve de prelúdio à ação; no fim, o que conta é a obediência à palavra.
Tendo declarado sua tese no versículo anterior, Tiago agora ilustra a posição dos somente ouvintes com uma metáfora tirada da vida diária. Eles são como a pessoa que pela manhã examina seu rosto ao espelho. Cuidou da barba, o cabelo está bem penteado, ou a maquiagem foi bem aplicada. Nesse momento, contemplar-se a si próprio no espelho é ocupação que lhe toma tempo. Contudo, terminadas as abluções e os cuidados matinais, cessa toda atenção à aparência física; a pessoa esquece-se de imediato de como era. Com frequência a pessoa trabalha o dia inteiro na base de uma auto-imagem que nem sempre condiz com a realidade. Se no caso do conhecimento das Escrituras ocorrer o mesmo, a erudição escriturística, ou a teologia da pessoa tem exatamente o mesmo valor para sua vida, que o valor daquele exame facial matutino.
3. Persevere ouvindo e agindo (v.25). Já imaginou se Deus mandasse um anjo para se sentar do nosso lado durante alguns dias só para anotar tudo aquilo que fazemos? Se ele viesse para observar as atitudes, os pensamentos, as reações que temos nos nossos relacionamos e em nossa fala? Aí, imagine que a partir de tudo que o anjo tivesse ouvido, ele começasse a escrever um manual de descrição bíblica da nossa vida e anotar a partir da nossa conduta e ação tudo aquilo que estivesse casando com a Palavra de Deus. Quantos versículos ou princípios bíblicos comporiam nosso manual de descrição bíblica?
Na prática, creio que a exortação de Tiago expresse algo assim: que perseveremos ouvindo e agindo de tal forma que nossa vida reflita em todos seus aspectos a própria Palavra. Mas para que isso aconteça, precisamos ser praticantes da palavra. Literalmente, o texto diz que devemos “atentar bem” para Palavra. Ouvir, sem praticar, para Tiago e para nosso Senhor, não passa de loucura e autoengano. A palavra implantada que tem poder para salvar é imprescindível, mas tem de ser praticada com perseverança.
Muito diferente é o indivíduo que “atenta bem para a lei perfeita da liberdade”. Duas palavras contrastam a seriedade com que ele atenta para a Palavra: 1)“atenta bem”(Gr. parakupsas — a palavra que comunica a maneira como João olhou para o sepulcro de onde Jesus ressurgira pouco antes, em João 20.5); 2) persevera (Gr.parameinas) que sugere que, além de se preocupar com o ensino da Palavra, ele contínua praticando a Palavra.
Não estamos tentando afirmar com isso  que colocar em prática tudo aquilo que ouvimos de Deus é fácil. Quando Jesus chamou o apóstolo Paulo para ser seu discípulo, ele disse que mostraria para este o quanto lhe importava sofrer pelo seu nome (At 9.16). Em algumas ocasiões até mesmo os discípulos foram desafiados na sua forma de pensar, para que entendessem que o chamado que Deus tinha para eles era um chamado para perseverar, porque haveria muitas dificuldades pela longa jornada que teriam pela frente ao seu lado.
Também não podemos esperar vida fácil. Quando a Palavra nos diz que devemos confessar nossos pecados uns aos outros, em nenhum lugar afirma-se que isso seria fácil. Ou que devemos suportar as falhas uns dos outros. Ou perdoar constantemente alguém. Nada disso acontece naturalmente. Mas se torna mais fácil à medida que perseveramos em colocar essas verdades em prática.

III. A RELIGIÃO PURA E VERDADEIRA (Tg 1.26,27)
1. A falsa religiosidade. A palavra traduzida religião é threskeia e seu significado não é tanto religião como a expressão religiosa externa mediante ritual, liturgia e cerimônias. O que Tiago está dizendo é isto: "O mais belo ritual e a mais excelente liturgia que podem oferecer a Deus é o serviço aos pobres e a pureza pessoal." Para Tiago o verdadeiro culto não reside em elaboradas vestimentas, prazerosa liturgia, música majestosa e cerimônias cumpridas à perfeição, mas sim consiste no serviço prático à humanidade e na pureza da própria vida pessoal.
Tiago está confirmando que os aspectos externos de atividades religiosas não são aceitáveis para Deus a menos que estejam acompanhados de uma vida santa e um serviço de amor. Ritos e rituais nunca foram um substituto adequado para serviço e sacrifício. A adoração coletiva dentro da igreja não pode ocupar o lugar de obras individuais fora da igreja. A profissão pessoal de fé deve estar associada à expressão pública da fé pessoal.
Tiago alerta para o perigo de um temperamento doente e explosivo e de uma língua solta (1.19,26). Jesus disse que a pessoa que nutre raiva, cujo sentimento desemboca em ofensa ao próximo, é passível do fogo do inferno (Mt 5.22). Jesus disse: “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.36,37). Tiago compara a língua com um cavalo fogoso sem freios, com um navio sem leme que pode espatifar-se nas rochas, com uma fagulha que incendeia uma floresta, com uma fonte contaminada, com uma árvore que produz frutos venenosos, com um mundo de iniquidade ou com uma fera indomável. Jesus disse que é a língua que revela o coração (Mt 12.34-35). Uma língua controlada significa um corpo controlado (3.1), mas uma língua desgovernada provoca grandes tragédias. A maledicência é o pecado que Deus mais abomina (Pv 6.19). A palavra irrefletida, a conversa torpe, a mentira leviana, as acusações maldosas, as orquestrações urdidas na calada da noite para destruir a dignidade das pessoas são provas incontestáveis do grande poder destruidor da língua, assunto este que trataremos na lição 8.
2. A verdadeira religião (v.27). Uma vez que os órfãos e viúvas não tinham assistência na sociedade antiga, eram exemplos típicos daqueles que precisavam de ajuda. Além da caridade amplificada, a manutenção da pureza pessoal é outro meio pelo qual a verdadeira religião se expressa. O cuidado dos necessitados não é o conteúdo do cristianismo, mas sua expressão. A preocupação prática da religião de uma pessoa é o cuidado pelos outros. A religião é a prática da fé. E a fé em ação. Seremos julgados com base nesse aspecto prático da religião (Mt 25.34-46). Quando nos olhamos no espelho da Palavra, nós vemos a Deus, a nós mesmos e, também, o nosso próximo (Is 6.3-8). Palavras não substituem obras (2.14-18; 1Jo 3.11-18).
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições não é apenas cortesia pietista. O serviço aos pobres e enfermos, o anunciar o evangelho aos perdidos, não deve ser deixado para comissões ou para a caridade organizada. Não é um desencargo de consciência. Trata-se de socorro, de envolvimento, de empatia, de compaixão manifestada na ajuda concreta e no suprimento das necessidades reais daqueles que carecem e sofrem.
Além de pregarmos o evangelho, também devemos ajudar os necessitados e assim poderemos dizer que vivemos um cristianismo prático por completo. Diante disso, o melhor exemplo para nós é Dorcas, uma mulher que nos mostra que ter fé em Cristo é sinônimo de ajudar o próximo. Ela entregou-se a Jesus por completo e além de se sentir abençoada com sua decisão, também se permitiu ser uma benção para os necessitados (Ver Atos 9.36-42).
3. Guardando-se da corrupção (v.27). A religião verdadeira não é um simples ritual, não é misticismo ou encenação, mas é ter uma vida separada para Deus. E guardar-se incontaminado do mundo, ou seja, do sistema de valores pervertidos, corruptos, sujos, imorais e inconsequentes. Esses desbastam os valores de Deus, corroem os absolutos da Palavra e instauram o relativismo, o conformismo, o imediatismo e o hedonismo que levam ao comprometimento com o pecado.
Ser religioso autêntico é inconformar-se com os conformismos do mundo, para conformar-se com os inconformismos de Deus. A religião que agrada ao Senhor é rechaçar o mal ainda que mascarado de bem. O mundo é atraente. Ele arma um cenário encantador para nos atrair. Contudo,  o mundo jaz no maligno. James Boyce, corretamente afirma: "Nós vivemos, como Tiago,  em uma época caracterizada por imundície moral. O perigo da contaminação pelo mundo por meio de suas diversões, revistas, livros e a vida do dia-a-dia, é algo que nós conhecemos muito bem. Tiago está dizendo que devemos nos manter livres de tudo isso e que não devemos ser contaminados com tais coisas." Portanto, estamos no mundo não para que ele nos contamine, mas para sermos nele instrumentos de transformação.
CONCLUSÃO
Quando Tiago diz que há uma religião pura e sem mácula aceitável diante de Deus, significa dizer que há uma religião que não é aceitável para Deus. Qual é ela? E aquela apenas de palavras, de uma fé que não tem obras. Segundo, bênção pessoal (1.25): “... este será bem-aventurado no que fizer”. Você quer que Deus o abençoe? Então, leia a Palavra, descubra o que ela diz e viva de acordo com a Palavra.
A igreja deve enfatizar o conceito de religião conforme elaborado por Tiago e fazer dele um requisito obrigatório para qualquer um que deseje tomar-se membro da igreja? Certamente! A igreja deve ensinar a verdade das Escrituras registradas nesta parte da Epístola de Tiago. O princípio da religião pura e imaculada é amar a Deus e ao próximo.




sexta-feira, 25 de julho de 2014

REMADORES DO ÚLTIMO PORÃO:


Os textos originais da Bíblia não utilizavam a palavra “servo” quando se referiam àquelas pessoas subjugadas ao esquema escravocrata. Ao invés disso, emprega-se de fato a palavra: escravo. A língua grega apresenta pelo menos três variantes da palavra escravo. Uma delas é a palavra upêdêtê.


Os “upêdêtês” faziam parte de uma classe de escravos condenados à morte pelo Império Romano. A sentença desses condenados era de que deveriam remar até a morte. Até que esse sofrível destino se cumprisse, eles deveriam viver acorrentados nos últimos porões das embarcações romanas, empilhados em caixas e faziam ali mesmo todas as necessidades fisiológicas. A única fuga era a morte. À medida que se descia as apertadas escadas daqueles portões, maior se tornavam o calor, as trevas e o mau cheiro que vinham do último porão. Ali podia-se ver um dos mais deploráveis quadros de escravidão humana, um cenário simplesmente miserável e desumano.

Em I Coríntios 4:9 Paulo diz: “Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens”. Interessante observar que a palavra utilizada para empregar o termo “último lugar” é exatamente a palavra upêdêtê, “escravo do último porão”.

Parece um tanto contraditório comparar a vida cristã a um bando de condenados acorrentados no fundo de um navio malcheiroso. E para ser sincero, também resisti durante algum tempo para aceitar tal idéia como verdadeira. Paulo, como cidadão romano, conhecia muito bem quem eram e como viviam aqueles escravos, e por isso, não cometeria nenhum tipo de engano ao usar a palavra upêdêtê para dizer que somos escravos de Cristo.

Um obreiro aprovado está pronto para ser colocado em último lugar. Pronto para ser esquecido e para momentos de humilhação. Em tempos difíceis, tempos em que a maioria decide murmurar e criticar, esse obreiro silenciosamente desce as escadarias que levam ao último porão.

Você já ouviu alguma vez alguém condoído, choramingar:
-“Ah! Ninguém se lembrou de mim! No final da conferência, o pastor subiu ao púlpito carregando uma lista com mais de 20 nomes. Você acredita que ele citou o nome de todo o mundo, mas não citou o meu? É muita ingratidão depois de tudo que eu fiz”!

Manifestações desse tipo revelam o anseio por reconhecimento e evidenciam o despreparo ministerial de quem as faz. Um verdadeiro escravo não espera recompensa por seus serviços. Seu trabalho é feito em silêncio e não visa autopromoção. Esse é um trabalho que ecoará na eternidade: “um trabalho fabricado no escuro do derradeiro portão, onde não há sons de elogios e nem aplausos de multidões.

Lamentavelmente temos presenciado um tempo de estrelismo no cristianismo moderno. Julgamos possuir a teologia mais refinada de todos os tempos, nossos seminários são os mais respeitados; no entanto, é estranho que diante de uma bagagem tão ampla não tenhamos aprendido quase nada a respeito da importante lei do “crescer para baixo”, lei vivida e lecionada por João Batista.

É certo que ele nunca freqüentou uma sinagoga que pelo menos refletisse um pouco da estrutura que temos hoje. Contudo, ao olharmos para a vida desse homem rude, eu descubro que poucos de nós possuímos a teologia que ele aprendeu no deserto: “importa que eu diminua e Ele cresça”, João 3:30. A glória de Cristo em mim deve, de alguma forma, continuar me empurrando para algum canto escuro do palco, enquanto o círculo de luz acompanha centralmente a Pessoa de Cristo no cenário.



Pr. José Rodrigues,

(O texto é baseado no Capítulo 8 do livro “Ação da Cruz”)




terça-feira, 22 de julho de 2014

Mulheres do caminho:O ministério feminino de intercessão da Portas Abertas


O ministério feminino de intercessão da Portas Abertas
Fora do Brasil, este ministério é chamado de Women to Women. No Brasil, é chamado de Mulheres do Caminho e atua desde 2009, mobilizando cristãs brasileiras em favor das cristãs perseguidas.
O nome foi escolhido a partir do livro bíblico de Atos, em que Jesus é citado como ‘O Caminho’. Logo, se refere a mulheres que servem a Cristo, o único Caminho, e que também servem umas às outras.

O despertar da necessidade de trabalhar com as mulheres da Igreja Perseguida surgiu no final da década de 1970. Nessa época, o principal foco de operações da Portas Abertas era a Europa Oriental. Em suas viagens para a Romênia, Ben Compajen¹ levava sua esposa, Didi, algumas vezes consigo. Enquanto Ben se reunia com os homens, Didi passava algum tempo com as mulheres, na cozinha. Foi então que Didi Coman passou a conhecer e a perceber as necessidades daquelas mulheres, que enfrentavam grandes períodos de solidão.

Durante a década de 1980, Anneke Companjen, esposa do presidente emérito da Portas Abertas Internacional, recebeu a triste notícia que uma irmã vietnamita havia cometido suicídio enquanto seu marido estava preso. E esse foi um momento decisivo para que a direção da Portas Abertas se conscientizasse da necessidade de um ministério que cuidasse das mulheres da Igreja Perseguida.

Desde então, muitas mulheres em todo o mundo têm sido ajudadas com treinamentos, aconselhamentos, aulas de higiene e beleza, cursos profissionalizantes de capacitação e sustento financeiro. Muitas vezes, quando os maridos morrem ou são presos por sua ligação com o cristianismo, as mulheres assumem a liderança da igreja e da família. Nessas horas, elas precisam de muito apoio e direcionamento.

Aqui no Brasil, o objetivo do ministério Mulheres do Caminho é unir cristãs brasileiras para orar por nossas irmãs que são perseguidas. Isso é feito por meio de encontros, visita à igrejas, reuniões de oração e viagens de campo

domingo, 20 de julho de 2014

Lição 4 - Gerados pela Palavra da Verdade




Introdução: 

A Epístola de Tiago apresenta, ainda nos primeiros versículos do seu primeiro capítulo, outros importantes temas. Um deles consiste em um esclarecimento sobre a forma como o cristão deve encarar a pobreza e a riqueza. Essas condições sociais são enfatizadas pelo apóstolo como circunstâncias transitórias da vida, como situações passageiras, porquanto terrenas, e também como conjunturas em meio às quais o cristão deve aprender a estar sempre satisfeito (Tg 1.9-11).
Outro tema abordado é Deus como a fonte de todo bem verdadeiro (Tg 1.16,17); e, na sequência desse assunto, o apóstolo fala do maior de todos os dons que o Senhor nos concede: o de sermos gerados de novo pelo poder da Palavra de Deus (Tg 1.18). Vejamos com atenção esses três importantes ensinos.

Satisfação na riqueza ou na pobreza

Os versículos 9 e 10 do primeiro capítulo da Epístola de Tiago simplesmente jogam por terra tanto a teologia da pobreza, que advoga que riqueza é pecado, quanto a teologia da prosperidade, que afirma que pobreza é pecado. Diz Tiago: “Mas glorie-se o irmão abatido na sua exaltação, e o rico, em seu abatimento”. A expressão “abatido”, no original grego, Tapeinos, é uma referência a um estado de necessidade, de pobreza. Tapeinos significa, mais especificamente, “De classe baixa, de condição social baixa”, o oposto de “classe nobre”, razão pela qual a Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz corretamente este versículo da seguinte maneira: “O irmão que é pobre deve ficar contente quando Deus faz com que melhore na vida; e quem é rico deve sentir o mesmo quando Deus faz com que piore de vida”. Ou seja, a Bíblia apresenta como absolutamente natural tanto um servo de Deus pobre enriquecer quanto um servo de Deus rico empobrecer, e ambos devem, segundo o texto de Tiago, se alegrar e ficar contentes em quaisquer circunstâncias.
Essa importante passagem da abertura da Epístola de Tiago lembra outra passagem bíblica, que se encontra no final da Epístola de Paulo aos Filipenses em que o termo “abatido” — também Tapeinos, no original grego — aparece com o significado de “pobre”. Na referida passagem, Paulo declara: “...já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter em abundância; em toda maneira, e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13). O que Tiago e Paulo estão dizendo nessas passagens é que, seja rico ou pobre, o cristão deve ser sempre humilde e temperante; o cristão deve aprender a ser contente e satisfeito em todas as situações da vida. Em 1 Timóteo 6.8, o apóstolo aos gentios ainda dirá: “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”.
Como afirma Matthew Henry, comentando essa passagem de Tiago, o meio-irmão do Senhor Jesus está dizendo aqui que “a pobreza não deve destruir a relação entre os cristãos e [...] a graça e a riqueza não são completamente incompatíveis. Abraão, o pai dos fiéis, era rico em ouro e prata. Ambos [pobres e ricos] têm permissão de se alegrarem. Nenhuma posição social nos exclui da capacidade de nos alegrarmos em Deus”.

A pobreza e a riqueza na vida do cristão

A não ser em casos específicos em que a condição espiritual da pessoa a leva a comportamentos que acabam afetando negativamente a sua vida financeira, ou em casos também muito específicos em que o juízo de Deus sobre alguém, afeta a sua vida financeira, ser pobre ou rico materialmente não tem nada a ver com a condição espiritual. Há ímpios pobres e há ímpios muito ricos, assim como há servos de Deus ricos e pobres, servos de Deus ricos que empobreceram e servos de Deus pobres que enriqueceram. Por exemplo: Abraão foi rico; Isaque também foi rico; Jacó nasceu em uma família rica, depois foi ganhar a vida como empregado de seu tio Labão até que Deus o fez enriquecer sem precisar da ajuda de seus pais; o rico Jó era um homem justo e reto diante de Deus, mas se tornou miserável e depois voltou a ser rico; Jeremias era pobre, permaneceu assim e morreu assim; os profetas Sofonias e Isaías foram aristocratas palacianos, mas o profeta Amós foi um simples camponês; o pobre Lázaro da história contada por Jesus em Lucas 16, e que morreu pobre e na miséria, era um homem justo; a Bíblia diz que um profeta que realmente “temia ao Senhor” e auxiliava no ministério do profeta Eliseu morreu pobre e endividado (1 Rs 4.1), mas sua esposa acabou prosperando após um milagre de Deus (1 Rs 4.7); etc.
O que a Bíblia classifica como mal não é a riqueza, mas o amor às riquezas, a confiança depositada nelas. Isso está mais do que claro em várias passagens das Escrituras. A Bíblia nos diz que, no que tange a bens materiais, passamos a ser ímpios quando:
1) Passamos a amar as riquezas, o que é o princípio do fim, porque “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (lTm 6.10).
2) A riqueza passa a ser senhora de nossas vidas e não nossa serva: “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24).
3) Tornamo-nos avarentos, isto é, apegados demasiadamente, e de forma repugnante, ao dinheiro (Lc 12.15a).
4) Passamos a medir a qualidade da nossa vida pela abundância do que possuímos (Lc 12.15b).
5) Passamos a colocar a nossa prioridade nas riquezas (Mt 6.19-21).
6) Passamos a colocar a nossa esperança nas riquezas (lTm 6.17b).
7) Tornamo-nos altivos, soberbos e arrogantes por causa das riquezas (lTm 6.17a).
8) Praticamos a usura (SI 15.5).
9) Somos possuídos pela cobiça (lTm 6.10), as riquezas se tornam uma obsessão em nossa vida (lTm 6.9).
10) Nossos bens são “bens mal adquiridos”, ou seja, conquistados desonestamente, seja ilegalmente (Hc 2.9) ou não (Pv 28.20), pois nem sempre o que é legal é moral. O pagamento de salários injustos é um desses casos, inclusive mencionado pelo apóstolo Tiago (Tg 5.4).
Como vemos, no que diz respeito às riquezas, o pecado está em mantermos uma relação imoral com elas. Bons exemplos de homens de Deus ricos são Jó e Abraão (Gn 13.2; Jó 1.3; 42.10,12). Eles enriqueceram honestamente dentro do sistema econômico de suas épocas e não eram avarentos. Eles eram generosos, desapegados às suas riquezas e colocavam seus bens a serviço da obra de Deus, ajudando o próximo (leia com atenção Jó 31.14-41). O próprio apóstolo Tiago cita Abraão como grande exemplo de verdadeira piedade, de fé com obras (Tg 2.21-23). Jesus criticou a avareza, o amor ao dinheiro, e não o desejo simples (que não deve ser confundido com desejo obsessivo) de prosperar financeiramente (Mt 6.19-21,24). Jesus não pregou a pobreza como uma virtude. Ser rico e ser pobre não têm nada a ver com caráter ou qualidade de vida espiritual.
Quando Jesus citou a metáfora do camelo no fundo da agulha, estava falando não da impossibilidade de um rico entrar no Reino de Deus, mas da dificuldade (Mt 19.23,24), porque o ser humano tendente a valorizar o material mais do que o espiritual. Jesus não estava ensinando, e nunca ensinou, que, para nos mantermos firmes espiritualmente, devemos ser avessos a qualquer tipo de desejo de prosperar financeiramente. Tanto é que Jesus conclui sua ilustração dizendo que Deus salvará, sim, ricos (Mt 19.26). A metáfora é só um alerta para não se apegar às riquezas, o que Jesus já havia feito em seu Sermão da Montanha (Mt 6.24). Na mesma linha do Mestre, o apóstolo Paulo não dá recomendações aos cristãos ricos para que deixem de ser ricos, mas para que sejam bênção como ricos (lTm 6.17-19), e assevera que o dinheiro não é a raiz de todos os males, mas, sim, “o amor ao dinheiro” (lTm 6.10).

A transitoriedade das riquezas

Por isso, o apóstolo Tiago, após mencionar que tanto o rico quanto o pobre cristãos podem se alegrar em meio às circunstâncias, destaca ainda, no caso do rico, que ele deve se lembrar de que as riquezas terrenas são passageiras: “...porque ele [o ser rico] passará como a flor da erva. Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos” (Tg 1.10b, 11). Logo, se as riquezas são passageiras, não devemos nos apegar a elas, não devemos supervalorizá-las.

O rico Salomão lembrava que como não podemos levar as riquezas conosco para a eternidade (Ec 5.15), não faz sentido apoiar-se em algo passageiro, fugaz. O rico Jó afirmou o mesmo.

Diante da perda de seus bens e filhos, declarou ele: “Nu saí do ventre da minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). Escrevendo aos crentes em Corinto, o apóstolo Paulo afirma que, tendo em vista a brevidade da vida aqui e, em perspectiva, a eternidade, deveríamos “tratar as coisas deste mundo como se não estivéssemos ocupados com elas, pois este mundo, como está agora, não vai durar muito” (1 Co 7.31, NTLH). Ou, como aparecem nas versões ARC e ARA desse mesmo versículo, devemos “usar” as coisas deste mundo em vez de “abusar” delas ou “utilizar do mundo, como se dele não usássemos”, porque “a aparência deste mundo passa”. Escrevendo a Timóteo, Paulo assevera ainda: “Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” (lTm 6.7,8). Nossa vida não se resume a bens. Estes são benesses agradáveis e importantes, mas não fazem parte da essência da vida.
Mas, além de apegar-se às riquezas significar a perda do sentido da vida e, consequentemente, caminha para a perdição eterna, a Bíblia também nos diz que, ainda aqui na Terra, essa atitude traz muitos males. O apóstolo Paulo ressalta que a supervalorização dos bens materiais e a cobiça levam o homem a “cair em tentação e em laço”; a “muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína; a “toda a espécie de males”; a se “desviarem da fé”; e a “muitas dores”; e que, por isso, aquele que teme a Deus “foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão” (lTm 6.9-11). E Salomão, o homem mais rico de todos os tempos, já alertava em seu tempo que o apego aos bens materiais provoca vícios e males tais como o desejo incontrolável de ganhar mais e mais (Ec 5.10), o gasto desenfreado (Ec 5.11), preocupações e noites mal dormidas (Ec 5.12) e a perda desnecessária de bens (Ec 5.13,14). Enfim, alguém pode ser muito rico, mas, sem Jesus, sem Deus, ser infeliz.
Outro detalhe é que o tipo de sentimento que alimentamos em relação aos nossos bens determina o propósito das nossas ações, o nosso comportamento. Portanto, se alimentamos um sentimento correto em relação às riquezas, não seremos tão afetados emocionalmente e muito menos espiritualmente se as perdermos; mas, se cultivamos um sentimento errado em relação a elas, uma eventual perda levar-nos-á ao desmoronamento do nosso ser interior, pois nossa alma estava apoiada em areia movediça.
O sentido e a alegria de nossas vidas não devem estar fundamentados em bens materiais, mas na solidez e perfeição dos valores divinos.

Não há dúvida de que muitas das crises espirituais que muitos cristãos têm vivenciado nos dias de hoje está relacionada ã sua má compreensão de Deus.


Deus: a fonte de todo bem verdadeiro

Por falar em bens, no versículo 17 do capítulo primeiro, o apóstolo Tiago afirma que a origem de todo bem está em Deus. Ele declara expressamente que o Pai celestial é a fonte de todo bem verdadeiro: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” (v. 17). E mais: ao se referir a Deus como o “Pai das luzes”, Tiago está enfatizando que nEle não há trevas, isto é, não há fingimento, falsidade, maldade, mentira, erro, imperfeição. E Ele não muda: nEle, “não há mudança, nem sombra de variação”. Como o próprio Deus afirma através da instrumentalidade do profeta Malaquias: “Eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3.6). Ou seja, Deus é e continuará sendo a Fonte de todo bem.
O versículo anterior, o 16, é o que faz a ligação entre o assunto dos versículos 12 a 15 e o assunto dos versículos 17 e 18. Nele, Tiago diz: “Não vos enganeis, amados irmãos”. Mas, não vos enganeis em relação a que, especificamente? Nos versículos de 12 a 15, o apóstolo fala sobre a tentação e explica que Deus não tenta a ninguém (v. 13). Portanto, a preocupação de Tiago nessa passagem, ao esclarecer o que Deus não faz (v. 13) e enfatizar o que Ele é (v. 17), é que os seus leitores tenham uma compreensão clara de Deus. O seu Senhor não é um tentador, não é alguém que quer o seu mal; Ele é o Pai das luzes, a Fonte de todo bem.
Não há dúvida de que muitas das crises espirituais que muitos cristãos têm vivenciado nos dias de hoje está relacionada à sua má compreensão de Deus. Em meu livro Como vencer a frustração espiritual (CPAD), escrevi a respeito disso:
“Não tenho a menor dúvida de que muitas frustrações e neuroses espirituais que vemos hoje, bem como um nível raso de vida cristã, são, na maioria esmagadora das vezes, fruto de uma visão distorcida acerca de Deus. O pastor Aiden Wilson Tozer talvez tenha sido o primeiro a denunciar enfaticamente esse sintoma negativo de nossos dias — a perda do conceito bíblico de Deus. Em 1961, ele escreveu: ‘O baixo conceito de Deus mantido quase universalmente entre os cristãos é a causa de uma centena de males menores em toda parte. Uma filosofia de vida cristã inteiramente nova resultou desse único erro básico em nosso pensamento religioso’. Na época, Tozer ainda arremataria uma frase que se tornaria célebre: ‘O que nos vem à mente quando pensamos em Deus é a coisa mais importante a nosso respeito’ {Mais perto de Deus,“Muita gente que pensa estar se aproximando de Deus está, na verdade, se relacionando com uma imagem que criou dEle, uma mera sugestão mental, em vez de o Deus da Bíblia. Sua relação não é com o Deus vivo e verdadeiro, mas com uma caricatura do divino, uma fantasia construída pela sua própria imaginação, uma concepção equivocada de quem é Deus. Essa concepção pode ter advindo absolutamente de sua própria cabeça (“achismo”) ou ter sido importada de algum discurso bonito, atraente, mas despido de respaldo bíblico (o que acontece na maioria dos casos). Afinal, há muita falsa teologia popularizada por aí”.
“Infelizmente, não é difícil encontrar pessoas [...] que um dia aceitaram Jesus e suas vidas foram transformadas, mas estacionaram por aí. Porque não se aprofundaram no conhecimento acerca do seu Senhor, se tornaram presas fáceis, aceitando caricaturas de Deus como se fossem versões verdadeiras dEle, e hoje vivem espiritualmente frustradas e doentes. Houve um encontro seguido de desencontro e, agora, é preciso um reencontro. O reencontro com o verdadeiro Deus, que as salvou. E esse reencontro só pode ocorrer através da Palavra de Deus”.
“Só o conhecimento verdadeiro de Deus tem o poder de curar todas as feridas de nossa alma. Só a verdade pode libertar (Jo 8.32). [...] O principal objetivo da nossa existência é conhecer a Deus”.
Sigamos o conselho do profeta Oseias: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor (...) e ele descerá sobre nós como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).

A mais importante de todas as dádivas divinas

No versículo 18, o apóstolo Tiago destaca a mais importante de todas as dádivas divinas: a regeneração pela Palavra da Verdade, a Salvação em Cristo, a transformação pela qual passamos pelo poder do evangelho de Cristo: “Segundo a sua vontade, Ele nos gerou pela Palavra da Verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas”.
O apóstolo Pedro também menciona essa regeneração pela Palavra em sua primeira epístola: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1 Pe 1.23). Segundo define o próprio apóstolo Pedro, regeneração é uma operação divina, com base na ressurreição de Jesus (1 Pe 1.3), de nos tornar novas criaturas pelo poder da Palavra de Deus (1 Pe 1.23). Essa ação é operada em nós pelo Espírito Santo (Jo 3.5; Tt 3.5). E Ele quem aplica o poder do Evangelho, o poder regenerador da Palavra da Verdade, em nossas vidas.
Tiago enfatiza que a regeneração não pode ser operada pelo homem: ela é “segundo a sua vontade”, ou seja, segundo a vontade de Deus. E uma ação exclusivamente divina, como o apóstolo João também destaca na abertura do seu Evangelho (Jo 1.13).
Outro detalhe importante é que o meio-irmão do Senhor ainda declara que Deus nos gerou pela Palavra da Verdade “para que fôssemos como primícias das suas criaturas”. Ao usar o termo “primícias”, o apóstolo está tomando como analogia do propósito da obra regeneradora de Deus em nossas vidas as primícias do Antigo Testamento, que nada mais eram do que a colheita dos primeiros frutos, que eram os melhores (Lv 23.10,11; Ex 23.19; Dt 18.4). Isso significa que, ao chamar os cristãos de “primícias das suas criaturas”, Tiago estava querendo dizer que o Evangelho de Cristo não apenas nos transformou, mas também nos deu, devido a essa transformação, o privilégio de “ocuparmos o primeiro lugar entre todas as suas criaturas”.4 Esta é uma honra extraordinária


por Silas Daniel.


fonte:http://euvoupraebd.blogspot.com.br