terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O descontentamento do povo e o desânimo de Moisés. Nm Capítulo 11

Números é um dos livros mais humanos e mais tristes da Bíblia. Mostra como os hebreus fracassa­ram em cumprir os ideais que Deus lhes havia proposto. Chegaram aos limites da terra prometida mas tinham a personalidade de um escravo covarde, dependente e incapaz de enfrentar a perspectiva da luta. Perderam a pequena fé que haviam tido e quiseram voltar ao Egito. Daí começaram suas peregrinações que duraram trinta e oito anos. Não obstante, Números relata detalhadamente só a história do primeiro e a do último, pois nos anos intermediários de apostasia nada aconteceu de valor religioso permanente. É uma história trágica de falta de fé, de queixas, murmurações, deslealdade e rebelião. Como conseqüência, quase toda a geração que havia Presenciado as maravilhas do livramento do Egito pereceu no deserto sem entrar na terra prometida. Somente três homens, Moisés, Josué e Calebe, sobreviveram até ao fim do relato do livro. E somente dois dos três, Josué e Calebe, entraram em Canaã.
Por outro lado, Deus levantou uma nova geração de hebreus, lfistruídos nas leis divinas e preparados para a conquista de Canaã.



1. As murmurações: Dentro em breve Israel desviou seu olhar de Deus e começou a queixar-se no deserto. Sem dúvida os hebreus sofriam por causa do sol abrasador, das privações e dos perigos, mas, era isso escusa para ingratidão, irritação e espírito rebelde? Quão depressa se esqueceram da dura escravidão do Egito e do milagroso livramento operado por Deus! Encontra-se em parte a causa do descontentamento, lendo-se 11:4: "E o vulgo" (a Bíblia de Jerusalém o traduz "a turba") seriam os asiáticos sujeitos à servidão como os hebreus. Aproveitaram a ocasião do êxodo para escapar do Egito (Êxodo 12:38). Como os mundanos que estão na igreja de hoje, os estrangeiros ainda cobiçavam as coisas do Egito porque seu coração estava aí. Fomentaram, sem dúvida, o descontentamento em muitos dos episódios da passagem pelo deserto.

As murmurações descritas em Números. Começam nesta

seção com queixas nos extremos do arraial, depois lamentações no próprio acampamento, e finalmente críticas da parte dos líderes mais fidedignos, Ãarão e Miriã. Cada vez se destaca Moisés como o intercessor abnegado.

2. A falta de carne e a pesada carga de moisés: Aqui vemos Moisés como servo de Deus vencido pelo excessivo trabalho e pela frustração de não poder satisfazer às necessidades do povo. Já se julga impotente, cansado, impaciente com o povo e desejoso de deixar seu encargo. Muitos dos mais nobres homens de Deus têm tido, às vezes, a mesma experiência.

Deus solucionou o problema de Moisés comunicando seu Espírito aos setenta anciãos a fim de que eles pudessem levar algo da carga que Moisés vinha levando sozinho. Profetizavam. Dar-se-ia o caso de que falassem em outras línguas como os cento e vinte discípulos no Cenáculo? Quando Eldade e Medade profetizaram, Josué preocupou--se com a posição de liderança de Moisés. Mas o nobre líder não sentia nenhuma inveja ou temor de que outro lhe tomasse o lugar. Seu único desejo era que a obra do Senhor prosperasse. Sua resposta (11:29) foi profética e se cumpriu no dia de Pentecoste 0oel 2:28; Atos 2:16).

Novamente Deus trouxe, por meio de um vento, codornizes que caíram exaustas no arraial. Os israelitas, em sua ganância, provavel­mente comeram a carne crua e muitos morreram da praga que sobreveio. De igual maneira, se persistirmos em pedir coisas mate­riais que desejamos sem consultar a vontade de Deus, ele às vezes nos concede estas petições, porém sofremos as conseqüências espiri­tuais: "E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar as suas almas" (Salmo 106:15).


Nenhum comentário:

Postar um comentário