sábado, 28 de janeiro de 2017

Sabedoria de serpente ( PHILIP YANCEY)

Sabedoria de serpente



Na minha infância, na década de 50, o diretor da escola começava o dia com uma oração lida no intercomunicador. Na escola jurávamos fidelidade a uma nação "à sombra de Deus". Na Escola Dominical jurávamos fidelidade às duas bandeiras: a americana e a crista. Jamais me ocorreu que a América pudesse um dia apresentar aos cristãos um novo desafio-, como "agraciar" uma sociedade cada vez mais hostil a eles.
Até a recente história americana — a versão oficial pelo menos — os dois parceiros, igreja e Estado, dançavam a mesma valsa. A religião é tão penetrante que os Estados Unidos já foram descritos como uma nação com a alma de uma igreja. The Mayflower Compact [O pacto do Mayflower] especificava que o alvo dos peregrinos era "assegurado para1 a glória de Deus e avanço da fé cristã e honra de nosso Rei e pátria". Nossos fundadores pensavam que a fé religiosa era essencial para uma democracia funcionar. Nas palavras de John Adams, "nossa constituição2 foi feita apenas para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro povo".
Na maior parte de nossa história, até a Suprema Corte fazia eco ao consenso cristão. Em 1931, a corte declarava: "Somos um povo cristão,3 garantindo reciprocamente uns aos outros direito igual de liberdade religiosa e reconhecendo com reverência o dever de obedecer à vontade de Deus". Em 1954, Earl Warren, um presidente do Supremo Tribunal famoso entre os conservadores, disse em um discurso: "Creio4 que ninguém pode ler a história do nosso país sem perceber que a Bíblia e o espírito do Salvador têm sido, desde o início, nossos mentores". As constituições das colônias originais, ele acrescentou, apontavam todas para o mesmo objetivo: "uma terra governada por princípios cristãos".
- Nós vivemos entre lembretes diários de nossa herança cristã. Os próprios nomes das agências do governo — o serviço civil e o ministério da justiça — apresentam implicações religiosas. Os americanos reagem rapidamente a desastres, protegem os direitos dos incapacitados, param para ajudar motoristas encalhados, doam bilhões de dólares para caridade — estes e muitos outros "hábitos do coração" refletem uma cultura nacional que cresceu a partir de raízes cristãs. Apenas alguém que viaja para o estrangeiro pode apreciar o fato de que nem todas as culturas incluem tais nuanças da graça.
Sob a superfície, naturalmente, a história conta uma história diferente. Os americanos nativos quase foram exterminados neste país "cristão". Mulheres tiveram negados seus direitos básicos. "Bons cristãos" no Sul espancavam seus escravos sem uma pontinha de remorso. Tendo sido criado no Sul, sei que os afro-americanos como um grupo não olham para trás com nostalgia para os "piedosos" dias de nossa história primitiva. "Eu teria sido um escravo naquele tempo", John Perkins nos relembra. Para essas minorias, a mensagem da graça se perdeu.

Atualmente, poucas pessoas confundem a igreja e o Estado nos Estados Unidos. E a mudança aconteceu com uma rapidez de deixar sem fôlego qualquer um que nasceu nos últimos trinta anos, ficando a imaginar de que consenso cristão estou falando. É incrível que as palavras "à sombra de Deus" foram acrescentadas ao Juramento de Fidelidade apenas em 1954, e a frase "Em Deus nós confiamos" veio a ser o lema oficial da nação em 1956. Desde então, a Suprema Corte baniu as orações nas escolas e alguns professores tentaram proibir seus alunos de escrever a respeito de alguns temas religiosos. O cinema e a televisão raramente mencionam os cristãos, exceto para depreciá-los, e os tribunais rotineiramente arrancam símbolos religiosos dos lugares públicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário