MALAQUIAS: Introdução
Nos dias de Malaquias, a
volta dos judeus da Babilônia já era fato histórico do tempo dos avós. Os
octogenários ainda se lembravam com emoção da dedicação do templo reconstruído,
e os poucos centenários contavam a história inolvidável da volta à cidade
arruinada. A história épica da chegada dos judeus em Jerusalém em 537 a.C, onde
o famoso templo de Salomão jazia em escombros, desde o seu saque impiedoso em
587 a.C. pelas forças babilônicas, estava escrita indelevelmente na memória do
povo de Israel. Os avós não cansavam de narrar para os netos como eles
arregaçaram as mangas e começaram a reconstruir a cidade santa e o santuário de
Deus, não obstante a hostilidade aberta dos seus inimigos. Com a ajuda do
Senhor, a obra foi levada a cabo depois de esforços ingentes, e o povo heróico,
com lágrimas nas faces, contemplou a beleza fulgurante do segundo templo, o de
Zorobabel. Completou-se em 516 a.C, exatamente 70 anos depois da destruição do
primeiro, conforme a palavra do Senhor.
A volta foi acompanhada por
uma renovação espiritual de notável vigor. Os sacerdotes pregavam a necessidade
imperiosa de uma vida santificada. A leitura pública da Palavra de Deus durante
horas inteiras tornou-se popular. Nunca mais seria o povo de Israel réu da
idolatria. A justiça prevalecia e todos trabalhavam para a causa com espírito
abnegado.
No entanto, com a passagem do
tempo, o fervor da renovação se perdeu, e o elevado padrão moral cessou de
dominar a maioria. Sessenta anos depois da dedicação do segundo templo, a
terceira geração de crentes se acomodara às práticas religiosas, sem se importar
tanto para a vida interior. As lutas do passado eram lembradas principalmente
pelos avós. A nova geração de netos via as coisas sob um novo prisma. Tendo o
templo restaurado, e os cultos estabelecidos normalmente, que mais precisavam
fazer?
Entre os mais antigos sempre
se falava da vinda do Messias, que iria garantir a supremacia indisputa dos
judeus permanentemente. Mas a sua vinda demorava. E com a demora, o fervor
religioso da nova geração decrescia. Não é que os cultos não fossem
freqüentados. Tudo corria com um programa bem elaborado, segundo reza a lei. E
que o povo não praticava mais a religião pessoal com tanto afã. Por
conseguinte, os alicerces do lar começaram a ruir. O divórcio estava se
tornando mais comum entre o povo da aliança. Tornou-se socialmente aceitável no
arraial dos crentes um segundo casamento com uma das belas mulheres
estrangeiras que não seguiam ao Senhor. Os avós achavam que tudo estava muito
mudado desde os grandes dias de Daniel, de Ezequiel, e dos demais gigantes da
fé.
Nessa época de fé
acomodatícia, e de valores tradicionais questionados, vivia Malaquias, o último
dos profetas do Velho Testamento. O seu nome significa em hebraico "Meu
Mensageiro". O nome não ocorre em nenhum outro livro da Bíblia, somente
neste que leva o seu nome. é bem
possível que seja um pseudônimo, como opinam São Jerônimo, Calvino e outros.
O leitor nota com facilidade
o estilo indutivo do autor. O livro de quatro capítulos contém nada menos que
27 perguntas. Em diversos trechos do livro, Deus fala diretamente com Israel na
primeira pessoa, num diálogo profundamente pessoal. Malaquias enfatiza a
aliança sagrada entre Deus e o seu povo. Nove vezes ele menciona o nome
sacrossanto de Deus.
O povo que voltou do exílio
babilônico esperava a prosperidade material como recompensa pela sua obediência
em voltar. Isso não ocorreu, e por conseguinte muitos sentiram que a busca de
Deus era perda de tempo (3.14). Malaquias se dirigiu a este e a outros
problemas espirituais. Depois da sua mensagem, seguiu-se um silêncio de quatro
séculos, no período chamado intertestamentário. Por mais de 400 anos o povo de
Israel esperou o cumprimento do recado profético de Malaquias. Aconteceram as
horrendas guerras dos Macabeus, mas o Messias não surgiu da famosa família
Macabeu. Rompeu-se o silêncio com João Batista, com a voz daquele que clamou no
deserto: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas"
(Mt 3.3). Malaquias previu a vinda do precursor, a quem aplicou o sugestivo
título do livro: "Meu Mensageiro".
O Amor do Senhor (Cap. 1) 1º parte
Os Líderes Reprovados (Cap. 2) 2] parte
O Juízo do Senhor (Cap. 3) 3º parte
O Encontro com Deus (Cap. 4) parte final
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