O Juízo do Senhor ( Ml Cap. 3)
A religião vã, de palavras
vazias, e divorciada da moral, desafia o Senhor Deus do juízo (2.17). Os judeus,
voltados do exílio, esperavam o Messias como "Deus do juízo", que
iria julgar as nações opressoras.
Antes da vinda do Senhor
chegaria o "meu mensageiro" (no hebraico, Malaquias), e aqui há uma
profecia que se refere a João Batista. O "anjo da aliança" se refere
a Cristo. Os judeus sempre achavam que o Messias estaria do seu lado contra os
inimigos pagãos. Na realidade sua vinda se tornaria insuportável para Israel,
devido à desobediência deste. Malaquias prometeu um Messias que seria o
refinador do seu povo (3.2). A igreja pode cair no mesmo erro, quanto à segunda
vinda de Cristo. O Dia do Senhor anunciará o julgamento da igreja. A igreja,
como Israel do passado, é responsável pela sua mordomia e dará contas ao Senhor
no dia da vinda dele. Compete-nos no século XX dar ouvidos à pergunta de
Malaquias: "Quem pode suportar o dia da sua vinda?"
Embora praticando a sua
religião escrupulosamente, os judeus não tinham um testemunho coerente. O
Senhor tinha que condenar diversos pecados no seio do seu povo. O espiritismo
atraía alguns. O adultério era tolerado. Contratos eram quebrados. O salário
mínimo não era pago. A obra social era negligenciada. Os estrangeiros eram
explorados. E tudo isto pela simples razão que o povo de Deus não temia o
Senhor. Ainda hoje o horóscopo, a zona, a exploração econômica, a mentira e o
racismo minam o testemunho dos "filhos de Deus" que não temem o Juiz
do mundo, que não muda (3.6). Tal pai, qual filho, os novos crentes estavam
andando na devassidão. Negligenciavam a leitura da Palavra de Deus que contém
os seus estatutos. Pecavam contra o Senhor mais ainda nisto, que estavam
roubando-o (3.8). Segundo a lei de Moisés, o judeu devia dar o dízimo dos seus
bens como oferta principal, e depois as ofertas voluntárias. O não dar o dízimo
é roubo, pois pertence ao Senhor. Nunca pertencia àquele que ganha o salário. O
homem não dá o dízimo. Ele o devolve. E mordomia. Para o judeu, toda
transgressão da lei trazia uma maldição. Por ser o dízimo parte da lei, quem
não entregava o dízimo caía automaticamente na maldição: "Com maldição
sois amaldiçoados" (3.9).
O propósito de Deus é
patente. Ele estabeleceu o dízimo como meio de cooperação com o homem, pelo
qual ele pudesse abençoá-lo. Todo dizimista testifica o fato de que Deus é
fiel. Quantas histórias comoventes provam a maravilhosa verdade que Deus, ainda
hoje, abre as janelas do céu, e derrama bênçãos sem medida sobre aqueles que
são fiéis na sua mordomia, dando 10% para a obra do Senhor!
Ao mesmo tempo, é importante
lembrar que a lei do dízimo se aplicava a um povo terrestre do Senhor, e
bênçãos terrestres lhe eram garantidas. A igreja é povo celeste, e as nossas
bênçãos são principalmente celestiais (Ef 1.3). A prosperidade material não é
garantida ao crente. A suficiência, sim. Paulo recomendou: "tendo sustento
e com que nos vestir, estejamos contentes" (1 Timóteo 6.8). Na sociedade
de consumo, estamos realmente longe daquele contentamento apostólico. Deus
abençoa materialmente conforme a situação e a necessidade de cada um de seus
servos. O que é "suficiência" varia muito. Se Deus precisa de alguém
em Copacabana, para evangelizar os cariocas, o "suficiente para este servo
talvez seja bem diferente do de um evangelista em Xique Xique, alcançando o
pessoal do Rio São Francisco.
Nunca se deve pensar no
dízimo como uma apólice que assegura a prosperidade material. Não é
"investimento". Muitos dizimistas fiéis têm sido chamados pelo Senhor
a viver com menos recursos, e não mais. Foi precisamente a atitude materialista
que Malaquias condenou nos judeus que diziam: "É inútil servir a Deus, Que
nos aproveitou (isto é, materialmente) termos cuidado em guardar os seus
preceitos?" (3.14). A religião dos judeus era um negócio: "quem
pagasse o dízimo deveria ter um lucro maior nos negócios! " Como mencionado
acima, não se dá o dízimo, pois o dízimo do salário nunca foi nosso;
muito menos ele não se paga". O dízimo pertence sempre ao Senhor. Devolve-se
o dízimo ao seu legítimo dono. Por esta razão, Deus não tem obrigação
nenhuma de nos recompensar com bênçãos materiais por sermos honestos com a
propriedade dele, a não ser a obrigação de cumprir a sua promessa graciosa.
Os contemporâneos de
Malaquias queixavam-se do fato de que os descrentes, nada dando ao Senhor,
prosperavam materialmente, sem sofrerem castigo: "felizes os
soberbos"; que felicidade! (3.15). Quem rouba a Deus não é capaz de
amá-lo. Em contraste, os fiéis falam bem dele constantemente. Deus grava a sua
conversa como memorial. Aquele que ama ao Senhor, que contribui materialmente
para a causa do Evangelho com alegria, é considerado o "particular
tesouro" do Senhor, tornando-se objeto do seu amor e proteção (3.17). Só o
Dia do Juízo revelará quem foi fiel, e quem foi mesquinho, na mordomia do
dízimo do Senhor.
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