sexta-feira, 10 de agosto de 2018

As duas facções NM 16:10 rebelião de Core Datã e Abirão




O motivo da rebelião. A contestação de Core à autoridade religiosa de Aarão e o desafio de Datã e Abirão ao governo de Moisés constituem uma das ameaças mais sérias que os líderes tiveram de enfrentar porque abrangia dois aspectos: religioso e político. Core era levita, e parece que cobiçava o sacerdócio (16:10). Datã e Abirão, por serem descendentes de Rúben, primogênito de Jacó, pensavam que a autoridade civil pertencia a eles. As duas facções formaram uma aliança político-religiosa e conseguiram o apoio de duzentos e cinqüenta príncipes de Israel. Denunciavam que Moisés e Aarão haviam-se apegado aos postos de autoridade por tempo indefinido e argumentavam assim: "Por que haviam de ser estes ofícios conferidos aos dois irmãos? Acaso não era toda a congregação santa? E não poderiam outros, tanto quanto eles, gozar da presença de Deus?"
Certamente toda a nação era santa, consagrada a Deus (Êxodo 19:6), mas os rebeldes voltaram as costas para o fato de o Deus de Israel haver escolhido Moisés e Aarão para desempenhar os dois cargos principais e portanto a rebelião era contra o próprio Deus (16:11). Datã e Abirão descreveram o Egito como uma "terra que mana leite e mel" (16:13), e esta zombaria demonstra sua falta absoluta de reverência.    

  A prova: Moisés não fez esforço algum por justificar sua posição nem a de Aarão. Não recordou aos israelitas o que havia feito por eles, nem falou de seus abnegados labores, mas levou o problema diretamente a Deus em oração. A prova que Moisés a seguir propôs permitia que fosse Deus quem indicasse quais eram os detentores do sacerdócio e da autoridade. O terrível juízo divino sobre os rebeldes demonstra quão grave é levantar-se contra as autoridades que Deus pôs sobre a congregação.
Não devemos interpretar a frase "desceram vivos ao sepulcro" (16:33) como que tenham chegado em forma corporal ao lugar subterrâneo onde residiam os espíritos dos mortos. Significa que foram sepultados vivos (16:32). Os "homens que pertenciam a Core" que foram tragados pela terra (16:32) provavelmente eram servos de Core; não os filhos de Core, porque números 26:11 diz: "Mas os filhos de Core não morreram."
Evidenciou-se a má atitude da congregação de Israel durante a prova efetuada por Moisés no dia seguinte. Aparentemente muitos

israelitas se desviaram pelas palavras insolentes dos amotinados contra Aarão e Moisés. Sua cegueira e obstinação chegaram ao cúmulo de culpar Moisés do escarmento terrível dos rebeldes. Deus interveio para ensinar-lhes a respeitar seus servos, e o triste resultado foi que quatorze mil e setecentas pessoas morreram em uma praga. Aarão assemelha-se a Jesus Cristo, o grande Mediador, ao colocar-se "entre os mortos e os vivos; e cessou a praga" (16:48).
Perdoar a vida aos filhos de Core, demonstrou a insondável graça divina. Embora tenham sido excluídos do sacerdócio, os descenden­tes chegaram a ocupar postos de honra no serviço do santuário. Um deles, Samuel, foi um destacado profeta e último juiz de Israel (I Crônicas 6:33). Atribuem-se vários salmos aos filhos de Core. Isto revela que no reino de Deus, apesar dos fracassos dos pais, a pessoa pode chegar ao auge do êxito e da honra.

Lições práticas: O pecado de Core encontra-se às vezes na igreja. Há crentes que não querem submeter-se às autoridades constituídas por Deus. Raciocinam assim: Considerando que todos os crentes são santos e formam um "sacerdócio real" (I Pedro 2:9), não é necessário dar atenção aos pastores ou a outros líderes. Alguns chegam ao extremo de ignorar a igreja, considerando-a desnecessária e antiquada.
O relato da rebelião de Core jorra luz sobre a maneira pela qual os servos de Deus devem atuar em semelhantes situações:
a) O líder recordará que foi eleito por Deus e que o ataque é contra a autoridade que Deus estabeleceu na igreja (Efésios 4:7-11).
b)  Uma atitude de deslealdade ou rebeldia notada na congregação não deve ser determinante para a decisão do líder. Pode ser conveniente que se retire, mas há casos em que ele deve permanecer firme e confiar no apoio divino.
c)  Deve recorrer a Deus e não procurar defender-se, nem usar de astúcia nem de violência. Deus vindicará a seus servos e condenará toda língua que se levante contra eles em juízo (Isaías 54:17). Alguém observou: "Há somente uma coisa pior do que não ter razão: é ter razão acompanhada de um espírito mau."

d)  O verdadeiro servo de Deus sentirá compaixão pelos que se opõem a ele. Moisés exortou a Core e aos levitas advertindo-os de seu erro. Embora Moisés se mostrasse muito humano em sua reação aos líderes intratáveis (16:15), depois teve pena da congregação rebelde e procurou salvá-la do juízo de Deus (16:42-46).

Rerison Brazão:


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