segunda-feira, 10 de abril de 2017

As profecias de Balaão:

NÚMEROS Capítulos  22—25 

1. Quem é Balaão? Balaão era de Petor, na Mesopotâmia, perto do rio Eufrates (22:5). Seus poderes sobrenaturais eram altamente estimados pelos moabitas e pelos midianitas (22:6). E um dos mais misteriosos e estranhos personagens da Bíblia. Era profeta de Deus
ou meramente um adivinho em cuja boca o Senhor colocou suas palavras? Tinha certa comunhão com Deus (22:8-12), sabia algo da justiça divina (Miquéias 6:5), e algo sobre a vida além-túmulo (23:10), ouvia os ditos de Deus, via "a visão do Todo-poderoso" (24:4), e não falaria o que Deus não lhe dissesse (22:18). Por outro lado, parece que às vezes buscava agouros ou sinais a respeito do futuro (24:1). Daí se infere que tinha dom de profecia, mas seu conhecimento de Deus estava obscurecido, em certa medida, pelos conceitos pagãos.

2. Balaão vacila: Capítulo 22. Balaque temia os israelitas e de acordo com os midianitas enviou a Balaão a mensagem de que viesse a fim de amaldiçoar a Israel. Assim sucede muitas vezes que o adversário procura encontrar um crente com o intuito de usá-lo contra o avanço do povo de Deus. No princípio Balaão se nega a ir com a delegação de Balaque porque Deus lhe havia proibido amaldiçoar a Israel, pois era o povo bendito. Mas ao ver a segunda delegação composta de personagens importantes, de novo perguntou a Deus, pois desejava amaldiçoar a Israel para receber o pagamento de Balaque. Desta vez Deus lhe deu permissão para acompanhar os mensageiros do rei, mas sob a condição de que faria o que o Senhor lhe ordenasse.

Surgem algumas perguntas quanto ao incidente em que o anjo do Senhor estorvava a viagem do profeta. Mudou Deus de idéia ao permitir que Balaão acompanhasse a segunda delegação moabita quando o havia advertido de que não fosse com a primeira? Depois, arrependeu-se Deus de haver-lhe dado permissão e por isso enviou o anjo para detê-lo? A resposta encontra-se em 23:19. Parece que não era a vontade diretiva de Deus que Balaão fosse com eles, mas tão-só a sua vontade permissiva. Provavelmente permitiu que Balaão acompanhasse os moabitas para demonstrar a Balaque o caráter singular de Israel e o poder divino para frustrar toda adivinhação contra o povo de Deus. Balaão foi repreendido porque interpretou a permissão divina de ir com os príncipes como se fosse permissão de amaldiçoar a Israel. Ele foi motivado pelo dinheiro de Balaque.

Em segundo lugar, como é possível que a jumenta de Balaão falasse? O animal não é capaz de falar nem de raciocinar. É evidente que foi um milagre de Deus. Se Satanás podia falar por meio da serpente no Éden, acaso Deus não pode falar por uma jumenta? Em todo o incidente, Deus ensina a Balaão que só lhe é permitido falar o que ele próprio transmite.

3.  As profecias de Balaão: Capítulos 23 e 24. Balaão profetizou quatro vezes prognosticando a prosperidade futura de Israel e a destruição de seus inimigos. As profecias de Balaão são as seguintes:
a) Israel não era apenas uma nação entre outras muitas nações, mas "um povo que habita à parte" (Bíblia de Jerusalém). Gozaria da
grande bênção de ter uma descendência numerosa (23:7-10).
b)  Deus é imutável e não muda de idéia como o fazem os homens, portanto abençoaria a Israel dando-lhe força irresistível para derrotar seus inimigos. Deus não via o mal em Israel, pois via os israelitas através do pacto, e as maldições e adivinhações não surtiriam efeito contra o seu povo (23:18-24).

Os crentes podem lançar mão das promessas de Números 23:21 e 23. Deus vê seu povo não tal como é, mas através da justiça provida por seu Filho. Com os justos as maldições dos espíritas e adivinhos não têm poder.

c)  Israel se estenderia amplamente e obteria domínio irresistível sobre as nações inimigas (24:3-9).

d)  Levantar-se-ia em futuro longínquo um rei brilhante em Israel que conquistaria Moabe e Edom. Amaleque seria arruinado eterna­mente e inclusive a Síria pereceria (24:15-24).

A quem se refere a "estrela que procederá de Jacó" e o "cetro que subirá de Israel"? Muitos estudiosos da Bíblia crêem que o rei Davi cumpriu esta profecia pois ele conquistou Moabe e Edom (II Samuel 8:2, 14). Outros estudiosos julgam que a profecia se refere primeiro a Davi e depois ao Messias, Jesus Cristo. Neste contexto a "estrela" significa um governador brilhante. Comenta uma nota da Bíblia de Jerusalém: "A estrela é, no antigo Oriente, sinal de um Deus e, por conseqüência, de um rei divinizado." Através dos séculos a igreja cristã tem interpretado a profecia como messiânica.
4.  O ensino de Balaão: Capítulo 25. Ao fracassar em seu intento de prejudicar a Israel mediante a maldição, Balaão recorreu a outro estratagema. Aconselhou Balaque a induzir os israelitas a participar das festas religiosas dos midianitas e a cometer fornicação com eles (Apocalipse 2:14). Sabia que Deus julgaria essa falta de santidade e assim Balaão conseguiria seu propósito perverso. A ação enérgica de Finéias deteve a mortandade resultante e conseguiu para ele e seus descendentes a promessa do sumo sacerdócio.
5.  Lições práticas:
a) Balaão representa o crente que cumpre a letra da lei mas viola seu espírito. Não falaria o que Deus não lhe dissesse, mas queria fazer o mal. Quis que Deus mudasse de idéia e lhe permitisse fazer sua própria vontade. Então, não podendo amaldiçoar ao povo de Deus por palavra, procurou prejudicá-lo ensinando os midianitas a colocar tropeços diante deles.
b) Balaão é uma amostra do profeta mercenário que deseja negociar com seu dom: "Amou o prêmio da injustiça" (II Pedro 2:15).
c)   Balaão, em seu trato com os midianitas, exemplifica a má influência dos mestres insinceros que procuram fazer avançar a causa
da igreja aconselhando-a a fazer aliança com o mundo e os mundanos (31:16; Apocalipse 2:14).
d)   O relato de Balaão ilustra quão vazio é em uma pessoa o conhecimento de Deus se não estiver acompanhado do sincero desejo de obedecer-lhe. Balaão desejava morrer a morte dos retos, mas não queria viver uma vida reta. Em conseqüência, morreu nas mãos dos israelitas na guerra contra Midiã (31:8).
e)  Ensina-nos que nada pode prevalecer contra os propósitos de Deus nem contra seu povo. Além disso, Deus faz que a ira do homem0  louve (Salmo 76:10).

Rerison Brazão:


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