O mais antigo exemplo de pregação cristã,
fora do Novo Testamento, é a denominada Segunda Epístola de Clemente,
endereçada à Igreja em Corinto. Como o leitor perceberá, esta epístola é na
verdade um sermão dirigido a seus "irmãos e irmãs". Clemente de Roma
foi uma das grandes figuras da Igreja Primitiva e bem pode ter sido este Clemente
a quem Paulo se refere na Epístola aos Filipenses como seu
"cooperador". Ele é considerado um dos Pais Apostólicos e o segundo
ou terceiro bispo de Roma. Eusébio o faz bispo de Roma de 92 a 101 d.C. De
Clemente temos uma Epístola aos Coríntios, a qual é de grande importância como
testemunho primitivo das grandes doutrinas cristãs, como a Trindade, a
expiação e a justificação pela graça. Mas a Segunda Epístola aos Coríntios
atribuída a Clemente de Roma é considerada uma falsificação. Algum pregador ou
escritor desejou dar aceitação à sua produção servindo-se do peso do nome
Clemente. Não obstante, a Epístola, na verdade, o sermão, é de imenso interesse
para a Igreja de hoje como o mais antigo exemplo de pregação pós-apostólica.
Suas declarações, um tanto quanto comuns, pulsam com vida, porque nos são as
mais antigas inflexões do púlpito cristão. Neste sermão o pregador cita duas
declarações de Cristo, as quais eram evidentemente correntes naquela época, mas
que não foram registradas no Novo Testamento.
Este primeiro dos
sermões cristãos mostra como os temas do pregador — Deus, Cristo, a alma, o
julgamento, o céu e o inferno — não mudam de geração em geração, e como o
Cristo encontrado na pregação deste desconhecido dos primórdios do Cristianismo
é igual ao Cristo pregado hoje — Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e
eternamente.
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