Almejo
ver o pó dos olhos que ficaram cegos gloriosamente, que recuperaram a visão
para a salvação do mundo; que até no corpo foram contados dignos de ver a
Cristo, que viu coisas terrestres, embora não as visse, que viu as coisas que
não se vêem, que não viu sono, que estavam alertas à meia-noite, que não foram
afetados como os nossos olhos o são.
Também veria o pó
dos pés que percorreram o mundo e não se cansaram, que estavam presos no tronco
quando a prisão foi sacudida, que passaram por regiões habitadas ou
despovoadas, que caminharam em tantas jornadas.
E por que preciso
falar dos membros? Eu veria o túmulo onde a armadura da justiça foi posta, as
armas da luz, os membros que agora vivem, mas que em vida foram mortificados; e
em todos os membros de quem Cristo vivia, que estavam crucificados para o
mundo, que eram membros de Cristo, que eram revestidos em Cristo, eram templo
do Espírito, edifício santo, "unidos no Espírito", cravados ao temor
de Deus, que tinham as marcas de Cristo. Este corpo é um muro para aquela
cidade, que é mais segura que todas as torres e que milhares de ameias. E com
ele está o túmulo de Pedro. Ele o honrou enquanto vivia. Ele "subiu para
ver Pedro" e, então, mesmo quando faleceu, a graça o permitiu ficar com
ele.
Eu veria o leão
espiritual. Assim como o leão respira fogo sobre bandos de raposas, assim ele
se arrojou sobre o clã de demônios e filósofos, e como o estouro de um raio
foram derrotadas as hostes do Diabo. Pois ele nem mesmo veio para dispor a
batalha em ordem contra si, visto que ele temeu tanto e tremeu diante dEle,
como se visse sua sombra e ouvisse sua voz, ele fugiu até certa distância. E
assim livrou de si o fornicador, embora a certa distância, e outra vez o arrebatou
das suas mãos; e assim outros também, para que fossem ensinados a "não
blasfemar". E considerem como Ele enviou seus próprios seguidores contra
ele, despertando-os, provendo-os. E certa vez ele diz aos efésios: "Não temos
que lutar contra carne e sangue, mas. sim, contra os principados, contra as
potestades" (Ef 6.12). Então ele também põe nosso prêmio nas regiões
celestiais. Pois não lutamos pelas coisas da terra, diz ele, mas pelo céu e as
coisas dos céus, E para os outros, ele diz: "Não sabeis vós que havemos de
julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?" (1 Co
6.3).
Sejamos nobres,
pondo tudo isso no coração; pois Paulo era homem, participante da mesma
natureza conosco e tendo tudo o mais em comum conosco. Mas pelo fato de ter
mostrado tão grande amor por Cristo, ele foi acima dos céus e ficou com os
anjos. E assim também se nós nos despertarmos um pouco e nos inflamarmos nesse
fogo santo, poderemos emular esse homem santo. Fosse isso impossível, ele
nunca teria bradado a plenos pulmões e dito: "Sede meus imitadores, como
também eu, de Cristo" (1 Co 11.1). Não nos coloquemos tão somente a admirá-lo,
ou fiquemos apenas impressionados com ele, mas o imitemos para que também nós,
quando partirmos, sejamos contados dignos de ver e compartilhar a glória
indescritível, a qual Deus conceda que todos a alcancemos pela graça e amor
para com o homem de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem e com quem seja a
glória ao Pai, com o Espírito Santo, agora e eternamente. Amém.
Ler um sermão
célebre é como visitar a cena de um grande acontecimento na história.
Especialmente proveitoso para os pregadores é a leitura dos sermões feitos
pelos filhos do trovão do púlpito do passado. Na qualidade da mais nobre
paixão da terra, pregar é também uma grande arte.
DIÁCONO RERISON
BRAZÃO:
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