domingo, 22 de janeiro de 2017

A Grandeza do Apóstolo Paulo: parte final

                            Almejo ver o pó dos olhos que ficaram cegos gloriosamente, que recuperaram a visão para a salvação do mundo; que até no corpo foram contados dignos de ver a Cristo, que viu coisas terrestres, em­bora não as visse, que viu as coisas que não se vêem, que não viu sono, que estavam alertas à meia-noite, que não foram afetados como os nossos olhos o são.
Também veria o pó dos pés que percorreram o mundo e não se cansaram, que estavam presos no tronco quando a prisão foi sacudi­da, que passaram por regiões habitadas ou despovoadas, que cami­nharam em tantas jornadas.
E por que preciso falar dos membros? Eu veria o túmulo onde a armadura da justiça foi posta, as armas da luz, os membros que agora vivem, mas que em vida foram mortificados; e em todos os membros de quem Cristo vivia, que estavam crucificados para o mundo, que eram membros de Cristo, que eram revestidos em Cristo, eram templo do Espírito, edifício santo, "unidos no Espírito", cravados ao temor de Deus, que tinham as marcas de Cristo. Este corpo é um muro para aquela cidade, que é mais segura que todas as torres e que milhares de ameias. E com ele está o túmulo de Pedro. Ele o honrou enquanto vivia. Ele "subiu para ver Pedro" e, então, mesmo quando faleceu, a graça o permitiu ficar com ele.
Eu veria o leão espiritual. Assim como o leão respira fogo sobre bandos de raposas, assim ele se arrojou sobre o clã de demônios e filósofos, e como o estouro de um raio foram derrotadas as hostes do Diabo. Pois ele nem mesmo veio para dispor a batalha em ordem contra si, visto que ele temeu tanto e tremeu diante dEle, como se visse sua sombra e ouvisse sua voz, ele fugiu até certa distância. E assim livrou de si o fornicador, embora a certa distância, e outra vez o arrebatou das suas mãos; e assim outros também, para que fossem ensinados a "não blasfemar". E considerem como Ele enviou seus próprios seguidores contra ele, despertando-os, provendo-os. E certa vez ele diz aos efésios: "Não temos que lutar contra carne e sangue, mas. sim, contra os principados, contra as potestades" (Ef 6.12). Então ele também põe nosso prêmio nas regiões celestiais. Pois não luta­mos pelas coisas da terra, diz ele, mas pelo céu e as coisas dos céus, E para os outros, ele diz: "Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?" (1 Co 6.3).
Sejamos nobres, pondo tudo isso no coração; pois Paulo era ho­mem, participante da mesma natureza conosco e tendo tudo o mais em comum conosco. Mas pelo fato de ter mostrado tão grande amor por Cristo, ele foi acima dos céus e ficou com os anjos. E assim tam­bém se nós nos despertarmos um pouco e nos inflamarmos nesse fogo santo, poderemos emular esse homem santo. Fosse isso impos­sível, ele nunca teria bradado a plenos pulmões e dito: "Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo" (1 Co 11.1). Não nos colo­quemos tão somente a admirá-lo, ou fiquemos apenas impressiona­dos com ele, mas o imitemos para que também nós, quando partir­mos, sejamos contados dignos de ver e compartilhar a glória indescritível, a qual Deus conceda que todos a alcancemos pela graça e amor para com o homem de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem e com quem seja a glória ao Pai, com o Espírito Santo, agora e eterna­mente. Amém.

Ler um sermão célebre é como visitar a cena de um grande acon­tecimento na história. Especialmente proveitoso para os pregadores é a leitura dos sermões feitos pelos filhos do trovão do púlpito do pas­sado. Na qualidade da mais nobre paixão da terra, pregar é também uma grande arte.

DIÁCONO RERISON BRAZÃO:


Nenhum comentário:

Postar um comentário