A Grandeza do
Apóstolo Paulo
QUEM há de orar por nós, desde que Paulo partiu? Estes que
são os imitadores de Paulo.
Apenas nos
consideremos dignos de tal intercessão a fim de que não seja que ouçamos só a
voz de Paulo aqui, mas que, no futuro, quando tivermos partido, sejamos também
contados dignos de ver o lutador de Cristo. Ou, antes, se o ouvirmos aqui.
certamente o veremos no outro mundo, se não perto dele, ainda o veremos com
certeza, brilhando perto do trono do Rei. Onde os querubins cantam a glória,
onde voam os serafins, lá veremos Paulo, com Pedro, e como chefe e líder do
coro dos santos, e desfrutaremos seu amor generoso. Pois se quando estava aqui
ele amava tanto os homens, que, tendo a escolha de partir e estar com Cristo,
escolheu ficar aqui, muito mais ali ele mostrará um afeto mais caloroso.
Eu amo Roma até por
isso, embora tenha-se de fato outra base para louvá-la, por sua grandeza,
antigüidade, beleza, população numerosa, poder, riqueza e sucessos na guerra.
Mas deixei passar tudo, e a estimo abençoada por conta disto: que em sua vida
ele lhes escreveu, amou-os tanto, falou com eles enquanto estava conosco e sua
vida chegou a um fim ali. Portanto, a cidade é mais notável sob este aspecto do
que sob todos os outros juntos. E como corpo grande e forte, tem como dois
olhos brilhando os corpos desses santos. O céu não é tão luminoso, quando o sol
envia seus raios, como é a cidade de Roma enviando estas duas luzes a todas as
partes do mundo. Daquele lugar Paulo será tomado, como também Pedro. Apenas considere
e estremeça com o pensamento de que visão Roma verá, quando Paulo surgir de
repente daquele depósito, junto com Pedro, e for elevado para o encontro com o
Senhor. Que rosa Roma enviará para Cristo! Que duas coroas a cidade terá! Com
que correntes douradas ela será cingida! Que fundações possuem! Portanto, eu
admiro a cidade, não pelo muito ouro, nem pelas colunas, nem por outro aparato
ali encontrado, mas por estes pilares da Igreja.
O que seria se me
fosse dado lançar-me em volta do corpo de Paulo, ser cravado ao túmulo e ver o
pó daquele corpo que "supria o que estava faltando" de Cristo, que
trazia "as marcas", que semeou o Evangelho em todos os lugares, sim,
o pó daquele corpo pelo qual ele andou por todos os lugares! O pó daquele corpo
pelo qual Cristo falou e a luz brilhou mais luminosa que um raio, e a voz saiu
(mais terrível que um trovão para os demônios!), pelo qual ele articulou
aquela voz abençoada, dizendo: "Eu mesmo poderia desejar ser amaldiçoado,
por meus irmãos", com a qual ele falou: "Perante reis, eu não me
envergonhei", com a qual viremos a conhecer Paulo, com a qual também
viremos a conhecer o Mestre de Paulo. Não nos é tão terrível o trovão, como foi
essa voz aos demônios! Pois se eles estremeciam ao ver as roupas dele, muito
mais estremeciam diante de sua voz. Esta voz os levou cativos, limpou o mundo,
pôs um basta às doenças, expulsou vícios, elevou a verdade bem alto, fez Cristo
cavalgar sobre ela e em todos os lugares saiu com ele; e como de querubim era a
voz de Paulo, pois assim como o querubim estava assentado sobre esses poderes,
assim ele estava na língua de Paulo. Porque tinha se tornado merecedor de
receber Cristo falando somente as coisas que eram aceitáveis a Cristo, e voando
como serafim a alturas indizíveis! Pois que mais sublime do que aquela voz que
diz: "Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem
os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura,
nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!" (Rm 8.38,39)? Que remígios
este discurso não parece ter a vocês? Que olhos? Era devido a isso que ele
disse: "Porque não ignoramos os seus ardis" (2 Co 2.11). Por causa disso,
os demônios não só fogem ao ouvi-lo falar, mas até ao verem as suas roupas.
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