sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Lição 8: O Cuidado com a Língua: Esboço


TEXTO ÁUREO
"Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo" (Tg 3.2).

Pela linguagem expressamos os nossos pensamentos e revelamos se o que nos domina é nossa própria vontade ou se é a obediência à vontade de Deus. Tiago inicia esta seção com um aviso "Não vos apresseis em ser mestres" (Moff.) Parecia haver uma ansiedade da parte de muitos para falar em público, enquanto falhavam em reconhecer que a qualificação fundamental do mestre é saber. 

VERDADE PRÁTICA
A nossa língua pode destruir vidas, portanto, sejamos cuidadosos com o que falamos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Tiago 3.1-12

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave:
Língua: Nome de um dos membros do corpo situado na boca e de grande utilidade, auxiliar da mastigação, deglutição e participação na formação dos fonemas da fala; órgão responsável pela articulação dos sons.

Sabemos que a língua, referida aqui no texto, se relaciona a fala e é a maior porta de saída que temos do nosso homem interior. Os nossos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) é que passam toda a informação do mundo exterior. Somos “uma casa” com “portas ou janelas” (que são os sentidos) e a maior delas é a língua, pois por ela sai muita coisa louvável e também muita coisa ruim que pode danificar a vida. É através da língua que a alma é atingida e muitas vezes de modo incurável. 

I. A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3.1,2)
1. O rigor com os mestres. Na igreja primitiva, a responsabilidade do ensino era do mestre altamente respeitado e horado. Assim, alguns foram tentados para se tornarem mestre pelo desejo de se destacarem, para brilhar entre os outros irmãos. Por um lado, havia a possibilidade de que um mestre viesse a danificar o ensinamento com o seu ensino enquanto ministrava a Palavra. Eles poderiam levar a pessoa à destruição, ensinando uma falsa doutrina (2 Ts. 2:10-12). Portanto, seu intuito era advertir aqueles que estavam desejosos de ensinar na igreja e mostrar para alguns que já estavam ministrando o grande rigor divino para com eles.
É importante entender que Tiago não está desencorajando os irmãos  a se tronarem mestres. O Novo Testamento incentiva as pessoas a tomarem-se mestres das boas-novas. Jesus ordena, por exemplo, que façamos discípulos de todas as nações e os ensinemos (Mt 28.19,20),  e o  escritor de Hebreus repreende seus leitores  por não  haverem se tomado mestres depois de um período de treinamento (5.12).Não apenas os judeus do tempo de Jesus (Mt 23.7), mas também a igreja primitiva, davam grande proeminência ao ofício do ensino. Um mestre tinha autoridade e influência, e muitas pessoas procuravam obter essa posição. 

II. A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-)                                                                                         
 1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5). A língua tem o poder de dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago usa duas figuras para mostrar o poder da língua: o freio e o leme (3.3,4). Para que serve um cavalo indomável e selvagem? Um animal indócil não pode ser útil, antes, é perigoso. Mas, se você coloca freio nesse cavalo, você o conduz para onde você quer. Através do freio a inclinação selvagem é subjugada, e ele se torna dócil e útil. Tiago diz que a língua é do mesmo jeito. Se você consegue controlar a sua língua, também conseguirá dominar os seus impulsos, a sua natureza e canalizar toda a sua vida para um fim proveitoso.

O que Tiago está dizendo é que se nós não controlarmos a nossa língua, nós seremos como um transatlântico sem leme e sem direção. Se não controlarmos nossa língua, vamos nos arrebentar nos rochedos, vamos nos destruir e vamos ainda destruir quem está perto de nós, porque a língua tem poder de dirigir para bem ou para o mal.

2. "A língua também é um fogo" (vv.6,7). Tiago agora enfatiza o potencial de destruição que a língua possui “vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia” — ela é traduzida tanto por quão grande como por pequeno. Usada deste modo na mesma sentença, ela alcança uma certa simetria antitética. Como figura, o rápido avanço destruidor do fogo era usado com frequência para transmitir uma advertência sobre o efeito de paixões desenfreadas. O Antigo Testamento compara o discurso de um tolo ao “fogo ardente” (Pv 16.27) e Siraque afirma que a língua “não tem poder sobre os homens piedosos, os quais não serão abrasados em suas chamas” (Eclesiástico 28.22 Bíblia Católica). A palavra traduzida por floresta (hylê) na Bíblia de Jerusalém (ARC traz “bosque”) pode ser uma referência ao matagal que cobria tantas colinas na Palestina, o qual, naquele clima seco do Mediterrâneo, poderia fácil e desastrosamente se incendiar. Quando a língua não é refreada, mesmo sendo pequena, também o resto do corpo provavelmente não terá controle nem disciplina.

 3. Para dominar a língua. A língua não é apenas semelhante ao fogo, mas também a um animal perigoso. É uma fera irrequieta ("mal que não se pode refrear") que procura sua presa e depois a ataca e mata. Alguns animais são venenosos, como também algumas línguas são venenosas. O veneno é enganoso, pois trabalha de modo oculto e lento e, depois, mata. Quantas vezes uma pessoa maliciosa injeta um pouco de veneno em uma conversa, na esperança de que se espalhe e, por fim, chegue até a outra pessoa que desejava ferir? Como cristão que sou, tenho visto línguas venenosas causarem grandes estragos na vida de indivíduos, em famílias, em classes de Escola Dominical e em igrejas inteiras. Você soltaria leões famintos ou cobras atiçadas no meio do culto de domingo? Claro que não! Mas a língua incontida produz exatamente os mesmos resultados.
Tiago lembra que os animais podem ser domados e, aliás, o fogo também pode ser controlado. Um animal antes feroz pode ser domado e se tornar útil para o trabalho. O homem tem domado todas as formas superiores de vida animal sob seu controle. Por exemplo, as pessoas foram ensinadas a domar leões, tigres e macacos a fazê-los saltar através de aros. Eles foram ensinados a colocar papagaios e canários para falar e cantar. Treinam cobras. Eles treinaram golfinhos e baleias realizar acrobacias e tarefas diferentes. Os ancestrais tinha orgulho na capacidade dos seres humanos para domesticar e controlar o reino animal.
Tiago parece pessimista aqui quanto à possibilidade do domínio da língua, mas devemos nos lembrar de que isso só ocorre quando ela está inflamada pelo inferno (3.6). Muito embora as Escrituras nos advirtam, continuamente, sobre o poder da língua para fazer o mal, oferece-nos a possibilidade de dominá-la mediante o poder do Espírito. Tiago não desconhece essa possibilidade. Ele não coloca o domínio da língua absolutamente além do controle humano. Ele não considera a língua como um caso perdido. Nesse mesmo capítulo, mais adiante, ele vai falar das boas obras de sabedoria que os mestres podem ostentar e, entre elas, um uso adequado das palavras (3.13,17-18). O radicalismo de Tiago quanto à selvageria da língua se deve à ênfase que ele deseja dar, nesse momento, aos perigos que ela traz aos crentes em geral e aos mestres em particular.

III. NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)
1. Bênção e maldição (v.10). Aqui Tiago resume o ponto dessa seção sobre a incoerência da religião superficial, ou seja, bênção e maldição procedem da mesma boca. Palavras de adoração e louvor a Deus são elaboradas pela mesma língua que, num outro momento, expele palavras que desejam o mal daqueles que Deus fez à sua semelhança. Na verdade nossa boca deveria ser reservada exclusivamente ao serviço a Deus. Quando entrava no santuário, o sumo sacerdote de Israel trazia na cobertura de sua cabeça as palavras: “Santo para o Senhor” (Êx 28.36; 39.30), ou seja, ele era propriedade de Deus e reservado exclusivamente ao serviço dele. Do mesmo modo nosso Senhor, que nos “comprou por preço” (1Co 6.20), visa praticamente “inscrever” a frase “Santo para o Senhor” em nossa vida, em especial sobre nossa língua e nossos lábios, declarando -nos pertencentes a ele e reservados exclusivamente para o seu serviço (Sl 51.17; 71.23). A carta de Tiago é pregação em prol da santificação, e da santificação também faz parte a nova natureza agradável a Deus.
Que bênção você poder usar sua língua como uma fonte de refrigério para as pessoas, para abençoá-las, encorajá-las e consolá-las. Como é precioso trazer uma palavra boa, animadora e restauradora para uma alma aflita.
2. Exemplos da natureza (vv.11,12). A fonte que jorra dois tipos de água. “Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?” (v.11). A resposta óbvia a esta pergunta é que uma mesma fonte não produz água doce e água amargosa. Da mesma maneira, a língua do cristão, diferente da língua do ímpio, não pode produzir dois tipos de palavras, a de bênção e a de maldição. Cada fonte produz um tipo de água., Um é o falar do cristão Outro é o falar do ímpio. O ideal divino para o cristão é que a sua palavra seja “temperada com o sal” do temor a Deus, para que saiba como convém responder a cada pessoa (Cl 4.6). A árvore que produz frutos segundo a sua espécie. “Pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos?” (v. 12). Por uma questão de sensatez todos hão de concordar que a figueira produz figos e não azeitonas, e que a videira produz uvas e não figos. Isto é, cada árvore produz frutos segundo a sua espécie, de acordo com a sua natureza. Através desta oportuna pergunta do apóstolo Tiago, o Espírito Santo dirige a nossa atenção no sentido de refletirmos no fato de que não deve haver duplicidade de frutos em nosso viver. Produza, então, o cristão o fruto que dele se espera.
Em seguida Tiago responde a sua pergunta afirmando: “Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce” (v. 12). Se pudermos tomar a fonte que produz água salgada como tipo do homem não regenerado, então a fonte de água doce seria um tipo do homem convertido, do crente. É desta fonte que o mundo precisa beber a água cristalina, que é a Palavra de Deus, ou seja, precisa ouvir boas palavras, palavras de consolo, de ajuda e de edificação. Agora, se nos falta essa palavra de esperança de quem o mundo ouvira?
3. Uma única fonte.  Como a água, nossas palavras também podem dar vida. Mas, se não for controlada, a água pode causar morte e destruição. Um grande exemplo disso foi visto em dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,1 na costa da província indonésia de Aceh desencadeou um tsunami no oceano Índico, que causou a morte de cerca de 226 mil pessoas na Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia e outros nove países. "A morte e a vida estão no poder da língua" (Pv  18:21).
Quando, porém, nos inclinamos sobre uma fonte para beber um gole de água fresca, raramente lembramos  de  enchentes. Pensamos apenas na dádiva preciosa do refrigério que vem de um gole de água. Não seria possível ter saúde sem água.
A principal marca do cristão maduro é ser parecido com Jesus, o varão perfeito. Uma das principais características de Jesus era que sempre que uma pessoa chegava aflita perto dele saía animada, restaurada, com novo entusiasmo pela vida. Quando as pessoas chegam perto de você, elas saem mais animadas e encantadas com avida? Elas saem cheias de entusiasmo, dizendo que valeu a pena conversar com você? Você tem sido uma fonte de vida para as pessoas? Sua família é abençoada pelas suas palavras? Seus colegas de escola ou do trabalho são encorajados com a maneira de você falar?

CONCLUSÃO
Essa duplicidade no uso da língua não é característica natural, mas desnaturada e culposa. Isso é o que a Bíblia nos diz incessantemente (Êx 20.16; Sl 34.14; Mt 5.22; Rm 12.14; 1Pe 3.9; etc.). Não deve e não precisa mais ser assim. Porque “se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2Co 5.17). Podemos, mas não somos mais obrigados a pecar (Jo 8.36).
Que possamos nos permitir ser tratados por Deus nessa área tão difícil de nossas vidas. Que nossas motivações sejam revistas e ao sentirmos que nossa língua tem tido maior domínio sobre nós do que a palavra de Deus, que possamos dar palavra de ordem e exercer o domínio próprio que é fruto do Espírito em nós. Se o que dizemos não edifica, maldiz, ou fere alguém, fiquemos calados. O sábio é mais sábio porque escuta mais do que fala.

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