Os dez
mandamentos do Senhor
Texto áureo
Porque o fim da lei é
cristo para justiça de todo aquele que crê Rm 10.4
"Cristo conclui a lei e traz justiça para todo aquele
que tem fé" (NEB). A palavra "fim" (telos) tem duplo
sentido; pode significar "alvo" ou "término". Por um lado,
Cristo é a meta visada pela lei, no sentido de que Ele é a encarnação da
perfeita justiça, sendo que veio a "engrandecer a lei e fazê-la
gloriosa" (ver Is 42:21); em Mateus 5:17 vemos estas palavras do próprio
Senhor Jesus: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim
para revogar, vim para cumprir". E a lei é cumprida na vida daqueles que
estão "em Cristo Jesus" (ver 8:3s.). Por outro lado (e esta é a
ênfase primordial das palavras de Paulo), Cristo é a terminação da lei no
sentido de que, com Ele, a velha ordem, da qual a lei fazia parte, foi
eliminada, para ser substituída pela nova ordem do Espírito. Nesta nova ordem,
a vida e a justiça são acessíveis mediante a fé em Cristo; portanto, ninguém
precisa tentar obter essas bênçãos por meio da lei. (Ver P-49.)
Introdução:
A Lei e a
Graça
É de a maior
importância compreender o verdadeiro caráter e o objeto da lei moral, como nos
é apresentada neste capítulo. Existe uma tendência no homem para confundir os
princípios da lei com graça, de sorte que nem a lei nem a graça podem ser
perfeitamente compreendidas. Alei é despojada da sua austera e inflexível majestade,
e a graça é privada de todos os seus atrativos divinos. As santas exigências de
Deus ficam sem resposta, e as profundas e múltiplas necessidades do pecador
permanecem insolúveis pelo sistema anómalo criado por aqueles que tentam
confundir a lei com a graça. Com efeito, nunca podem confundir-se, visto que
são tão distintas quanto o podem ser duas coisas. Alei mostra-nos o que o homem
deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é. Como poderão, pois,
ser unidas num mesmo sistema1?- Como poderia o pecador ser salvo por
meio de um sistema formado em parte pela lei e em parte pela graça1?
Impossível: ele tem de ser salvo por uma ou por outra.
O Propósito da
Lei
A verdade é que,
como nos ensina o apóstolo, a lei veio para que a ofensa abundasse (Rm5:20).
Isto mostra-nos claramente o verdadeiro objetivo da lei: veio a propósito para
que o pecado se fizesse excessivamente maligno (Rm 7:13). Era, em certo
sentido, como um espelho perfeito enviado para revelar ao homem o seu
desarranjo moral. Se eu me puser diante de um espelho com o meu vestuário
desarranjado, o espelho mostra-me o desarranjo, mas não o põe em ordem. Se eu
fizer descer sobre um muro tortuoso um prumo, o prumo mostra a tortuosidade,
mas não a altera. Se eu sair numa noite escura com uma luz, esta revela-me
todos os obstáculos e dificuldades que se acham no caminho, mas não os remove.
Além disso, o espelho, o prumo, e a luz não criam os males que revelam
distintamente: nem os criam nem os afastam, apenas os revelam.
O mesmo acontece com a lei: não cria o mal no coração do homem nem tampouco
o tira; mas revela-o com infalível exatidão.
"Que diremos
pois É a lei pecado1?- De
modo nenhum; mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não
conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: Não cobiçarás" (Rm
7:7). O apóstolo não diz que não teria tido "concupiscência". Não,
mas apenas que não a teria conhecido. A "concupiscência" existia; mas
ele estava às escuras quanto ao fato, até que a lei, como a luz do Deus
Onipotente, brilhou nos recessos tenebrosos do seu coração e revelou o mal
que nele havia Assim como um homem numa câmara escura pode estar rodeado de
poeira e confusão sem, contudo poder ver nada por causa da escuridão.
Objetivos do concerto
Por que foi dada a lei ?
Portanto, a lei, qualquer que seja a forma em que apareça, é
lei de Deus — "santa, justa e boa" (7:12). Se, como Paulo insiste,
ela não foi dada para servir de meio para a justificação dos homens, por que
foi dada? A esta interrogação a Epístola aos Romanos oferece diversas respostas,
que podem ser ordenadas sob quatro títulos principais.
(1) Foi dada para ser uma revelação de Deus e de Sua
vontade.
A distinção
entre o certo e o errado não é simples questão de convenção social. Está
arraigada no ser e no caráter de Deus, e gravada na constituição do ser
humano, criado como foi à imagem de Deus. A lei é lei de Deus e, como o próprio
Deus, é "verdadeira e totalmente justa" (Sl 19:9; ver 7:12,16,
22).
(2) Foi
dada para o bem-estar e a preservação da raça humana.
Esta finalidade
em particular é principalmente atendida pelo governo civil que (como se vê
claramente exposto em 13:1-7) é um ministério ordenado por Deus para
amparar e estimular a prática do bem, e reprimir e castigar a prática do mal.3
(3) Foi
dada para pôr o pecado às claras, e para levar os homens ao arrependimento e à
confiança na graça de Deus.
Embora em
teoria o homem que guardar a lei viverá por ela (Rm 10:5), na prática ninguém é
justificado pelas obras da lei, por causa do fracasso universal em guardá-la
perfeitamente (3:20, 23). A tendência inata do homem, de ir contra a vontade
de Deus, manifesta-se em atos concretos de desobediência quando a vontade
divina é revelada na forma de mandamentos específicos
(5:13), de modo que "pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (3:20; 7:7). Mas o homem que experimentou o poder que a lei tem de trazer o seu pecado à luz, juntamente com a incapacidade da lei de conseguir-lhe a condição de justo aos olhos de Deus, é o que está mais disposto a lançar-se com fé à graça de Deus, revelada em Cristo, como o único meio de obter sua justificação. Assim, conforme Paulo o coloca noutra epístola, "a lei foi nosso guardião até quando Cristo veio, para que fôssemos justificados pela fé" (Gl 3:24, RSV). Mas agora que Cristo veio, Ele "é o fim da lei para que todo aquele que tem fé seja justificado"
(10:4, RSV) — quer dizer, Ele não só cumpriu a lei pessoalmente, por Sua perfeita submissão à vontade de Deus mas, visto que o caminho de Deus para a justiça foi aberto em Cristo, Ele assinala a substituição ou o "fim" da lei, mesmo como um meio teórico de justificação. Os que são justificados pela fé nEle, não estão "debaixo da lei, e, sim, da graça" (6:14).
(5:13), de modo que "pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (3:20; 7:7). Mas o homem que experimentou o poder que a lei tem de trazer o seu pecado à luz, juntamente com a incapacidade da lei de conseguir-lhe a condição de justo aos olhos de Deus, é o que está mais disposto a lançar-se com fé à graça de Deus, revelada em Cristo, como o único meio de obter sua justificação. Assim, conforme Paulo o coloca noutra epístola, "a lei foi nosso guardião até quando Cristo veio, para que fôssemos justificados pela fé" (Gl 3:24, RSV). Mas agora que Cristo veio, Ele "é o fim da lei para que todo aquele que tem fé seja justificado"
(10:4, RSV) — quer dizer, Ele não só cumpriu a lei pessoalmente, por Sua perfeita submissão à vontade de Deus mas, visto que o caminho de Deus para a justiça foi aberto em Cristo, Ele assinala a substituição ou o "fim" da lei, mesmo como um meio teórico de justificação. Os que são justificados pela fé nEle, não estão "debaixo da lei, e, sim, da graça" (6:14).
(4) Foi dada para prover orientação para a vida do
cristão. Graças à habitação do Espírito no coração daqueles que estão
"em Cristo Jesus", as justas exigências da lei se cumprem neles com
divina espontaneidade quando vivem "segundo o Espírito"
Um Jugo
Impossível de Levar
O capítulo 15 do
livro de Atos mostra-nos como o Espírito Santo respondeu à tentativa que se
pretendera fazer para pôr os crentes sob a lei, como regra de vida. "Alguns,
porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era
mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés"
(versículo 5). Isto não era mais do que o silvo da antiga serpente fazendo-se
ouvir nas sugestões sinistras e desanimadoras desses primitivos legalistas. Mas
vejamos como o assunto foi resolvido pela poderosa energia do Espírito Santo e
a voz unânime dos doze apóstolos e de toda a Igreja. "E, havendo grande
contenda, levan-tou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que já há
muito tempo Deus me elegeu, dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha
boca a palavra do evangelho e cressem". — O quê? As exigências e as
maldições da lei de Moisés? Não; bendito seja Deus, esta não era a
mensagem que Deus queria fazer chegar aos ouvidos de pecadores perdidos.
Ouvissem, então, o quê"? "OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO EVANGELHO
E CRESSEM". Aqui estava a mensagem que correspondia ao caráter e natureza
de Deus. Ele nunca teria perturbado os homens com uma linguagem triste de
exigências e proibições. Esses fariseus não eram Seus mensageiros — muito pelo
contrário. Não eram portadores de boas novas, nem anunciadores da paz, e
portanto os seus pés eram tudo menos "formosos" aos olhos d'Aquele que
Se deleita em misericórdia.
"Agora,
pois", continua o apóstolo, "porque tentais a Deus, pondo sobre a
cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos
suportara" Esta linguagem era grave e forte. Deus não queria pôr "um
jugo sobre a cerviz" daqueles cujos corações haviam sido libertados pelo
evangelho da paz. Antes pelo contrário, desejava exortá-los a permanecerem na
liberdade de Cristo e a não se meterem "outra vez debaixo do jugo da
servidão" (Gl. 5:1). Não enviaria aqueles a quem havia recebido em Seu
seio de amor "ao monte palpável" para os aterrorizar com a
"escuridão", "trevas", e "tempestade" (Hb 12:18).
Isso seria impossível. "Mas cremos", diz Pedro, "que seremos
salvos PELA GRAÇA DO SENHOR JESUS CRISTO, como eles também" (At 15:11).
Tanto os judeus, que tinham recebido a lei como os gentios, que nunca a
receberam, deviam agora ser "salvos" pela "graça".
E não somente deviam ser "salvos pela graça", mas estar
"firmes" na graça (Rm 5:2) e crescer na graça (2Pe 3:18). Ensinar
outra coisa era tentar a Deus. Esses fariseus subvertiam os próprios
fundamentos da fé cristã; e o mesmo fazem todos aqueles que procuram pôr os
crentes debaixo da lei. Não existe mal ou erro mais abominável aos olhos de
Deus do que o legalismo. Escutai a linguagem enérgica — os acentos de justa
indignação—de que se serve o Espírito Santo, a respeito desses doutores da lei:
"Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando"
(Gl 5:12).
Mas, deixai-me
perguntar, os pensamentos do Espírito Santo mudaram a este respeitou Já deixou
de ser tentar a Deus pôr um jugo sobre a cerviz do pecadora E segundo a Sua
vontade graciosa que a lei seja lida aos ouvidos dos pecadores? Responda o
leitor a estas interrogações à luz do capítulo 15 de Atos e da Epístola aos
Gálatas. Estas Escrituras, ainda mesmo que não houvesse outras, são suficientes
para provar que a intenção de Deus nunca foi que os Gentios "ouvissem a
palavra" da lei. Se fosse essa a Sua intenção, o Senhor teria, certamente,
escolhido alguém para a proclamar aos seus ouvidos. Mas não; quando proclamou a
Sua "lei terrível", Ele falou numa só língua; porém quando
proclamou as boas novas de salvação, pelo sangue do Cordeiro, falou na língua "de
todas as nações que estão debaixo do céu". Falou de tal moâoque
cada um, na sua própria língua em que havia nascido, pudesse ouvir a
doce história da graça (At 2:1 -11).
Conclusão:
Mas a lei não introduziu nenhum novo princípio na situação.
Ela simplesmente revelou mais completamente o princípio do pecado que já estava
presente. O Evangelho, por outro lado, introduziu um princípio totalmente novo
— o princípio da graça de Deus. Por mais depressa que a operação da lei
estimule o pecado e o faça crescer, mais depressa ainda a graça de Deus cresce
e tira a carga do pecado acumulada
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