sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os dez mandamentos do Senhor


Os dez mandamentos do Senhor

Texto áureo

Porque o fim da lei é cristo para justiça de todo aquele que crê Rm 10.4
"Cristo conclui a lei e traz justiça para todo aquele que tem fé" (NEB). A palavra "fim" (telos) tem duplo sentido; pode significar "alvo" ou "término". Por um lado, Cristo é a meta visada pela lei, no sentido de que Ele é a encarnação da perfeita justiça, sendo que veio a "engrandecer a lei e fazê-la gloriosa" (ver Is 42:21); em Mateus 5:17 vemos estas pa­lavras do próprio Senhor Jesus: "Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir". E a lei é cumprida na vida daqueles que estão "em Cristo Jesus" (ver 8:3s.). Por outro lado (e esta é a ênfase primordial das palavras de Paulo), Cristo é a terminação da lei no sentido de que, com Ele, a velha ordem, da qual a lei fazia par­te, foi eliminada, para ser substituída pela nova ordem do Espírito. Nesta nova ordem, a vida e a justiça são acessíveis mediante a fé em Cristo; por­tanto, ninguém precisa tentar obter essas bênçãos por meio da lei. (Ver P-49.)
Introdução:

A Lei e a Graça

É de a maior importância compreender o verdadeiro caráter e o objeto da lei moral, como nos é apresentada neste capítulo. Existe uma tendência no homem para confundir os princípios da lei com graça, de sorte que nem a lei nem a graça podem ser perfeitamente compreendidas. Alei é despojada da sua austera e inflexível majes­tade, e a graça é privada de todos os seus atrativos divinos. As santas exigências de Deus ficam sem resposta, e as profundas e múltiplas necessidades do pecador permanecem insolúveis pelo sistema anómalo criado por aqueles que tentam confundir a lei com a graça. Com efeito, nunca podem confundir-se, visto que são tão distintas quanto o podem ser duas coisas. Alei mostra-nos o que o homem deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é. Como poderão, pois, ser unidas num mesmo sistema1?- Como poderia o pecador ser salvo por meio de um sistema formado em parte pela lei e em parte pela graça1? Impossível: ele tem de ser salvo por uma ou por outra.

O Propósito da Lei

A verdade é que, como nos ensina o apóstolo, a lei veio para que a ofensa abundasse (Rm5:20). Isto mostra-nos claramente o verda­deiro objetivo da lei: veio a propósito para que o pecado se fizesse excessivamente maligno (Rm 7:13). Era, em certo sentido, como um espelho perfeito enviado para revelar ao homem o seu desarranjo moral. Se eu me puser diante de um espelho com o meu vestuário desarranjado, o espelho mostra-me o desarranjo, mas não o põe em ordem. Se eu fizer descer sobre um muro tortuoso um prumo, o prumo mostra a tortuosidade, mas não a altera. Se eu sair numa noite escura com uma luz, esta revela-me todos os obstáculos e dificulda­des que se acham no caminho, mas não os remove. Além disso, o espelho, o prumo, e a luz não criam os males que revelam distintamente: nem os criam nem os afastam, apenas os revelam. O mesmo acontece com a lei: não cria o mal no coração do homem nem tampouco o tira; mas revela-o com infalível exatidão.

"Que diremos pois  É a lei pecado1?- De modo nenhum; mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: Não cobiçarás" (Rm 7:7). O apóstolo não diz que não teria tido "concupiscência". Não, mas apenas que não a teria conhecido. A "concupiscência" existia; mas ele estava às escuras quanto ao fato, até que a lei, como a luz do Deus Onipotente, brilhou nos recessos tenebrosos do seu coração e revelou o mal que nele havia Assim como um homem numa câmara escura pode estar rodeado de poeira e confusão sem, contudo poder ver nada por causa da escuridão.
Objetivos do concerto

Por que foi dada a lei ?

Portanto, a lei, qualquer que seja a forma em que apareça, é lei de Deus — "santa, justa e boa" (7:12). Se, como Paulo insiste, ela não foi dada para servir de meio para a justificação dos homens, por que foi dada? A esta interrogação a Epístola aos Romanos oferece diversas res­postas, que podem ser ordenadas sob quatro títulos principais.

(1) Foi dada para ser uma revelação de Deus e de Sua vontade.

 A distinção entre o certo e o errado não é simples questão de convenção social. Está arraigada no ser e no caráter de Deus, e gravada na cons­tituição do ser humano, criado como foi à imagem de Deus. A lei é lei de Deus e, como o próprio Deus, é "verdadeira e totalmente justa" (Sl 19:9; ver 7:12,16, 22).

(2)  Foi dada para o bem-estar e a preservação da raça humana.

 Esta finalidade em particular é principalmente atendida pelo governo civil que (como se vê claramente exposto em 13:1-7) é um ministério ordenado por Deus para amparar e estimular a prática do bem, e reprimir e castigar a prática do mal.3

(3)  Foi dada para pôr o pecado às claras, e para levar os homens ao arrependimento e à confiança na graça de Deus.

 Embora em teoria o homem que guardar a lei viverá por ela (Rm 10:5), na prática ninguém é justificado pelas obras da lei, por causa do fracasso universal em guardá-la perfeitamente (3:20, 23). A tendência inata do homem, de ir contra a vontade de Deus, manifesta-se em atos concretos de desobediência quan­do a vontade divina é revelada na forma de mandamentos específicos
(5:13), de modo que "pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (3:20; 7:7). Mas o homem que experimentou o poder que a lei tem de trazer o seu pecado à luz, juntamente com a incapacidade da lei de con­seguir-lhe a condição de justo aos olhos de Deus, é o que está mais dis­posto a lançar-se com fé à graça de Deus, revelada em Cristo, como o único meio de obter sua justificação. Assim, conforme Paulo o coloca noutra epístola, "a lei foi nosso guardião até quando Cristo veio, para que fôssemos justificados pela fé" (Gl 3:24, RSV). Mas agora que Cristo veio, Ele "é o fim da lei para que todo aquele que tem fé seja justificado"
(10:4, RSV) — quer dizer, Ele não só cumpriu a lei pessoalmente, por Sua perfeita submissão à vontade de Deus mas, visto que o caminho de Deus para a justiça foi aberto em Cristo, Ele assinala a substituição ou o "fim" da lei, mesmo como um meio teórico de justificação. Os que são justificados pela fé nEle, não estão "debaixo da lei, e, sim, da graça" (6:14).
(4) Foi dada para prover orientação para a vida do cristão. Graças à habitação do Espírito no coração daqueles que estão "em Cristo Jesus", as justas exigências da lei se cumprem neles com divina espontaneidade quando vivem "segundo o Espírito"

Um Jugo Impossível de Levar

O capítulo 15 do livro de Atos mostra-nos como o Espírito Santo respondeu à tentativa que se pretendera fazer para pôr os crentes sob a lei, como regra de vida. "Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés" (versículo 5). Isto não era mais do que o silvo da antiga serpente fazendo-se ouvir nas sugestões sinistras e desanimadoras desses primitivos legalistas. Mas vejamos como o assunto foi resolvido pela poderosa energia do Espírito Santo e a voz unânime dos doze apóstolos e de toda a Igreja. "E, havendo grande contenda, levan-tou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu, dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem". — O quê? As exigências e as maldições da lei de Moisés? Não; bendito seja Deus, esta não era a mensagem que Deus queria fazer chegar aos ouvidos de pecadores perdidos. Ouvissem, então, o quê"? "OUVISSEM DA MINHA BOCA A PALAVRA DO EVANGE­LHO E CRESSEM". Aqui estava a mensagem que correspondia ao caráter e natureza de Deus. Ele nunca teria perturbado os homens com uma linguagem triste de exigências e proibições. Esses fariseus não eram Seus mensageiros — muito pelo contrário. Não eram portadores de boas novas, nem anunciadores da paz, e portanto os seus pés eram tudo menos "formosos" aos olhos d'Aquele que Se deleita em misericórdia.
"Agora, pois", continua o apóstolo, "porque tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportara" Esta linguagem era grave e forte. Deus não queria pôr "um jugo sobre a cerviz" daqueles cujos corações haviam sido libertados pelo evangelho da paz. Antes pelo contrário, desejava exortá-los a permanecerem na liberdade de Cristo e a não se meterem "outra vez debaixo do jugo da servidão" (Gl. 5:1). Não enviaria aqueles a quem havia recebido em Seu seio de amor "ao monte palpável" para os aterrorizar com a "escuridão", "trevas", e "tempestade" (Hb 12:18). Isso seria impossível. "Mas cremos", diz Pedro, "que seremos salvos PELA GRAÇA DO SE­NHOR JESUS CRISTO, como eles também" (At 15:11). Tanto os judeus, que tinham recebido a lei como os gentios, que nunca a receberam, deviam agora ser "salvos" pela "graça". E não somente deviam ser "salvos pela graça", mas estar "firmes" na graça (Rm 5:2) e crescer na graça (2Pe 3:18). Ensinar outra coisa era tentar a Deus. Esses fariseus subvertiam os próprios fundamentos da fé cristã; e o mesmo fazem todos aqueles que procuram pôr os crentes debaixo da lei. Não existe mal ou erro mais abominável aos olhos de Deus do que o legalismo. Escutai a linguagem enérgica — os acentos de justa indignação—de que se serve o Espírito Santo, a respeito desses doutores da lei: "Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando" (Gl 5:12).
Mas, deixai-me perguntar, os pensamentos do Espírito Santo mudaram a este respeitou Já deixou de ser tentar a Deus pôr um jugo sobre a cerviz do pecadora E segundo a Sua vontade graciosa que a lei seja lida aos ouvidos dos pecadores? Responda o leitor a estas interrogações à luz do capítulo 15 de Atos e da Epístola aos Gálatas. Estas Escrituras, ainda mesmo que não houvesse outras, são sufici­entes para provar que a intenção de Deus nunca foi que os Gentios "ouvissem a palavra" da lei. Se fosse essa a Sua intenção, o Senhor teria, certamente, escolhido alguém para a proclamar aos seus ouvidos. Mas não; quando proclamou a Sua "lei terrível", Ele falou numa só língua; porém quando proclamou as boas novas de salva­ção, pelo sangue do Cordeiro, falou na língua "de todas as nações que estão debaixo do céu". Falou de tal moâoque cada um, na sua própria língua em que havia nascido, pudesse ouvir a doce história da graça (At 2:1 -11).

Conclusão:

Mas a lei não introduziu nenhum novo princípio na situação. Ela simplesmente revelou mais completamente o princípio do pecado que já estava presente. O Evangelho, por outro lado, introduziu um princípio totalmente novo — o princípio da graça de Deus. Por mais depressa que a operação da lei estimule o pecado e o faça crescer, mais depressa ainda a graça de Deus cresce e tira a carga do pecado acumulada


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