Louco sem Deus.
Davi mostra a imagem de um louco
como a de um homem que afirma: "Não há Deus" (SI 14:1). O tempo
verbal "há" foi adicionado para completar o sentido da passagem. A
expressão original é Não Deus, ou Deus Não, como se o louco
fosse alguém que disse: "Não quero nenhum Deus para mim!" Isso não
significa o ateísmo em si mesmo, ou seja, negar a existência de Deus, mas o
ateísmo prático: negar-se a estar debaixo do governo moral de Deus. E por
isso que louco e ímpio são termos tratados às vezes como
sinônimos. Uma vida vivida sem Deus é uma existência em que Deus está ausente.
Pode ser uma vida cheia de "muitas coisas", mas se Deus for
subtraído dela, com certeza será uma existência vazia.
Pode ser que o
homem, a que Jesus se referiu aqui, não fosse má pessoa. Não há sinais de que
ele tenha acumulado riquezas por meio de qualquer prática fraudulenta. Ele
aparenta ser um homem diligente e que se precavia com sagacidade. A sua grande
insensatez foi o seu desconhecimento da mão divina, que supria a sua
prosperidade multiplicada. Ele estava cego para o fato de que o homem não pode
viver somente de pão. Esqueceu de que Deus estava por trás dos
frutos, do milho, e de tudo o que ele possuía, O Todo-Poderoso, o único que dá
todo o bem e todos os dons perfeitos. Ele não conseguiu ver a si mesmo como administrador
de tudo aquilo com que Deus o enriquecera. Não reconheceu, com atitude de
gratidão, que Deus é quem concede a chuva e as estações frutíferas, e também
não houve um gesto de gratidão de sua parte em voltar-se para Deus, que é a
fonte de onde nascem todas as bênçãos. Ficamos admirados como o salmista
colocou em imagens tão bem descritivas esse rico insensato e multidões
semelhantes a ele: "Dos que confiam nos seus bens, e se gloriam na
multidão das suas riquezas [...] O seu pensamento íntimo é que as suas casas
serão perpétuas e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras
os seus próprios nomes. Todavia, o homem, apesar das suas riquezas, não permanece;
antes, é como os animais que perecem. Esse é o caminho daqueles que confiam em
si mesmos, e dos seus seguidores que aprovam as suas palavras" (SI
49:6,11-13).
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