Antes
de iniciarmos, deve-se dispensar especial atenção a um princípio fundamental,
qual seja: a parábola precisa ser considerada no todo, como algo que ilustra ou
realça alguma verdade central, obrigação ou princípio no governo divino, e as
suas diferentes partes somente servem, em certo sentido, para crescer e se
desenvolver. è de suma importância procurar saber com certeza a real esfera
de ação e o objeto da parábola.
Além
do mais, é necessário examinar com cuidado e observar a relação da parábola
com o ambiente em que foi produzida e com a situação dos seus ouvintes, a fim
de que se chegue o mais próximo possível da verdade que ela revela. Lisco diz:
"Para que a parábola seja explicada e aplicada, primeiramente precisamos
examinar sua relação com o que a precede e a segue, e descobrir, com base
nisso, antes de qualquer outra coisa, a sua idéia principal. Enquanto não
chegarmos a esse ponto central, a esse cerne da parábola, da maneira mais
precisa e conclusiva — para isso examinando de modo atento e reiterado o
assunto e as circunstâncias dessa parábola—, nem precisamos nos ocupar do
significado de qualquer de seus integrantes, uma vez que cada um deles só pode
ser corretamente compreendido tomando por base esse ponto central.
O
objetivo principal da parábola pode ser deduzido com base numa exposição mais
genérica ou mais específica, quando não do objetivo primordial do narrador,
que se pode depreender quer da abertura, quer da conclusão. Por exemplo,
observe o que vem antes e depois da parábola da Vinha do Senhor e da do
Rico e Lázaro. Quanto a esse aspecto, uma leitura atenta do capítulo
"The settingof parables" ["O ambiente das parábolas"], de
Ada R. Habershon, ajudará o leitor.
Muito
já se escreveu sobre a interpretação da parábola. Ela tem sofrido bastante com
as várias interpretações errôneas. Tomemos primeiro as más interpretações. Quanto
abuso tem havido no uso das parábolas! Muitos são culpados de aplicar certas
parábolas de forma artificial e de forçar um significado que os seus autores
jamais sonharam! Há dois extremos que devem ser evitados na interpretação da
parábola. Um extremo é dar-lhe muita importância —o outro é atribuir-lhe
pouca importância. Cumming, em seu livro Lectures [Preleções], tratou
desse erro duplo desta forma:
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