Como planejar
com eficácia sua aula
Se é ensinar,
haja dedicação ao ensino (Rm 12.7b).
Quase todos nós
já passamos pela experiência de ver um professor da Escola Dominical ser
surpreendido pelo soar do sinal anunciando o término da aula. Muitos são os
professores e alunos que vivem se queixando do pouco tempo reservado para o
estudo em classe. Alguns professores chegam dizer, frustrados, que a aula
terminou exatamente quando começava a tratar da melhor parte do seu conteúdo.
A questão não é
falta de tempo e sim de planejamento. Quando não há planejamento da aula, não
importa o tempo a ela reservado, tudo sairá atabalhoadamente dando a impressão
de que está faltando algo. Quando existe planejamento, mesmo que o tempo seja
curto, haverá produtividade e satisfação na aula dada. O problema não é o
tempo, reafirmo, mas o planejamento.
O planejamento
de uma aula para a Escola Dominical deve levar em consideração vários fatores.
Vamos
examiná-los.
O CONTEÚDO
Trata-se do que
será ensinado. A resposta a algumas perguntas nos informa qual o conteúdo de
uma lição: Qual o principal ensinamento da lição a ser estudada? Quais são as
principais informações a serem transmitidas e que relação têm com o ensinamento
principal? Qual a relação com a lição da semana anterior? A definição clara do
conteúdo vai ajudar o professor a se manter fiel ao desenvolvimento de sua
aula.
É triste quando
um professor entra na classe sem ter a nítida compreensão do conteúdo da aula
que vai dar. Tenho ouvido relatos de professores que sequer sabiam o assunto da
lição, no momento em que iam aplicá-la. São os improvisadores que se iludem,
iludem a outros e prestam um desserviço à causa do ensino das Escrituras em
nossas igrejas. O professor precisa saber em profundidade o conteúdo que
pretende ensinar aos seus alunos.
Toda lição tem
um ensinamento principal, naturalmente que deste emanam outros que, mesmo secundários,
são também importantes e necessários. A transmissão e assimilação desses
ensinamentos são imprescindíveis numa aula. O professor há que identificar no
estudo do texto bíblico da lição, e na própria lição, quais são os ensinamentos
secundários e qual é o principal. Ao fazê-lo encontrará o conteúdo de sua aula.
Encontrado o conteúdo, terá achado o caminho por onde deverá se conduzir
durante a aula. Ao se conduzir por ele assegurará o êxito de sua docência.
O conteúdo é o
primeiro fator a ser levado em conta no planejamento da aula. A clara
compreensão do conteúdo exigirá esforço e concentração do professor. Ainda
neste livro daremos algumas dicas sobre como estudar um texto da Bíblia,
identificar conteúdos e extrair ensinamentos das Escrituras e contextualizá-los
aos nossos dias.
EXTENSÃO E TEMPO
O professor,
ciente do conteúdo, já tem uma idéia da quantidade de informações e de
ensinamentos que precisará transmitir. Necessitará fazer um trabalho de seleção
de conteúdo, priorizando as informações e ensinamentos que se harmonizem de
forma mais plena com a mensagem principal a ser transmitida. O professor
estabelecerá uma relação entre a quantidade de informações e de ensinamentos
práticos com o tempo disponível para que os mesmos sejam transmitidos. Feito
isto, determinará em seu planejamento prévio quanto tempo usará para cada parte
da aula. Este planejamento é de suma importância para não se cair no erro de
usar muito tempo com um determinado aspecto da lição em detrimento de outros.
Aconselhamos, de
modo geral, a seguinte distribuição do tempo de uma lição:
Abertura (5%)
Ao começar a
aula, o professor poderá conceder à classe um momento, breve, de
confraternização. É a hora dos alunos se cumprimentarem, de se apresentar os
visitantes e de se fazer uma ou outra comunicação de interesse da classe. É uma
espécie de quebra gelo, muito importante para o início de uma aula.
Introdução (10%)
O professor vai
estabelecer a relação entre o que vai ser e o que foi estudado na semana
anterior.
Buscará atrair a
atenção e o interesse dos alunos pelo que será ensinado. Na introdução devem
ficar bem claros os alvos da aula em termos de lições a serem ensinadas e
informações a serem transmitidas. É este o momento, logo no início da aula, em
que professor e alunos devem se colocar diante de Deus para, em oração, pedir a
bênção da sabedoria e do discernimento espiritual para o estudo da sua Palavra.
É preciso se
valer de muita criatividade na introdução da aula. Fatos contemporâneos,
notícias de jornais, ilustrações e experiências constituem excelente material
para a introdução de uma boa aula na Escola Dominical. Costumamos comparar a
introdução de uma aula com o lançamento de um foguete.
Dizem os
entendidos que nos primeiros minutos após o lançamento de um foguete, os
cientistas já são capazes de prever o sucesso ou fracasso de uma expedição
espacial. As coisas são mais ou menos assim com a aula da Escola Dominical, se
o professor não conseguir captar a atenção dos seus alunos e deixar claro para
eles o que vai ser ensinado na introdução da aula, não conseguirá fazê-lo mais.
Interpretação
(30%)
A preocupação do
professor é com a transmissão de informações e dados que auxiliarão o aluno na
interpretação do texto bíblico em estudo. Neste momento, a palavra é quase totalmente
de uso do professor; eventualmente, um aluno pode oferecer contribuição, porém,
o pressuposto é de que o professor está preparado para oferecer aos seus alunos
as informações de que se valerão para a clara compreensão do texto bíblico.
Mais adiante
ofereceremos maiores informações sobre como interpretar a Bíblia, importando
agora tão-somente conscientizar o leitor para o fato de que, em sala de aula,
precisará reservar pelo menos 30% do tempo disponível para o estudo e fiel
interpretação da Palavra de Deus.
Vivemos numa
época quando muitas pessoas têm se lançado na tarefa de ensinar a Bíblia, e
isso no rádio, na televisão etc, sem dar a merecida atenção à interpretação da
Palavra. Aí, abre-se espaço para verdadeiras aventuras hermenêuticas onde absurdos
são apresentados como verdades bíblicas.
Os alunos da
Escola Dominical precisarão ser alcançados com argumentação bíblica consistente
para que as verdades da Palavra de Deus sejam enraizadas em suas vidas, o que
só será possível mediante interpretação sadia e profunda das Escrituras.
Aplicação (40%)
Uma vez bem
interpretado, o texto bíblico oferecerá princípios e ensinamentos que deverão
ser aplicados à vida dos alunos. Caso contrário, o objetivo principal da Escola
Dominical ficará por ser atingido e não haverá aprendizado real das Escrituras,
logo não acontecerão mudanças na vida dos alunos.
Se um aluno,
após uma aula na classe, não se sente estimulado a mudar aspectos de sua vida
para que eles se harmonizem com as Escrituras, certamente a aula não logrou
êxito.
O resultado de
uma boa interpretação é o surgimento de princípios, lições e ensinamentos que,
uma vez levados em consideração, provocarão mudanças na vida daqueles que a
eles se submetem. Tais princípios precisam ser clarificados e expostos para que
os alunos deles se apropriem. Uma aula sem aplicação é como se uma pessoa fosse
ao médico, recebesse a receita, mas não fosse instruída sobre como usar os
medicamentos. É tarefa precípua do professor orientar seus alunos na aplicação
das verdades bíblicas.
Aplicando as
verdades bíblicas à vida dos seus alunos, o professor estará construindo uma
ponte entre o mundo da Bíblia e o mundo de hoje. Ora, é preciso levar em conta
que estamos distantes, geográfica, cultural e cronologicamente do mundo da
Bíblia, razão pela qual precisamos interpretar corretamente seu texto e aplicar
coerentemente as verdades dele extraídas à vida dos alunos. Sem aplicação a
aula torna-se somente informativa, sem relevância prática, sem vida. Ao término
de uma aula na Escola Dominical, o aluno deverá ter uma noção clara sobre como
colocar em prática em sua vida as verdades aprendidas.
No momento da
aplicação é muito importante a participação dos alunos, dando opiniões,
compartilhando experiências e oferecendo subsídios para a cor-reta aplicação
das verdades aprendidas à vida dos colegas de classe. O professor deverá tomar
cuidado e ser muito ágil no comando dos debates para evitar que apenas um ou
dois alunos monopolizem o uso da palavra. O ideal é que o professor oriente a
participação dos alunos, possibilitando inclusive que aqueles mais tímidos e
reservados expressem suas idéias e opiniões.
O resultado da
participação dos alunos constitui farto enriquecimento da aula, especialmente
no seu aspecto prático. Com cautela, o professor não pode prescindir da
participação dos alunos na construção da aula. Uma opinião ou uma experiência
pode ensejar uma situação de ensino, propiciando muita edificação e
aprendizado.
Conclusão (15%)
Ao terminar a
aula, o professor precisa recapitular com os alunos as principais informações
transmitidas e repassar os ensinamentos aprendidos. A lição principal do texto
precisará ser repassada, enfatizada e ilustrada.
Não pode haver
uso desproporcional do tempo nas partes anteriores da aula, sob pena de se
prejudicar a conclusão. A conclusão é o momento de fechar as idéias, ratificar
princípios, confirmar doutrinas e homologar atitudes e comportamentos. Uma boa
conclusão não pode ser feita apressada ou superficialmente, sob o risco de se
comprometer toda a aula. Uma conclusão bem feita há de motivar o aluno a
prosseguir no estudo das Escrituras. Ao concluir a aula, o professor precisa
dar um tempo para que os alunos orem a Deus.
E um momento de
comunhão e edificação espiritual, quando os alunos conversam com Deus acerca de
suas vidas nos aspectos tocados pelo estudo da sua Palavra.
Abertura
5%
Conclusão
15%
Interpretação
30%
Aplicação
40%
Introdução
10%
Diagrama da
distribuição do tempo de uma aula na Escola Dominical.
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