quinta-feira, 30 de abril de 2015

BATEU O SINAL, ACABOU A AULA!


Como planejar com eficácia sua aula

Se é ensinar, haja dedicação ao ensino (Rm 12.7b).
Quase todos nós já passamos pela experiência de ver um professor da Escola Dominical ser surpreendido pelo soar do sinal anunciando o término da aula. Muitos são os professores e alunos que vivem se queixando do pouco tempo reservado para o estudo em classe. Alguns professores chegam dizer, frustrados, que a aula terminou exatamente quando começava a tratar da melhor parte do seu conteúdo.

A questão não é falta de tempo e sim de planejamento. Quando não há planejamento da aula, não importa o tempo a ela reservado, tudo sairá atabalhoadamente dando a impressão de que está faltando algo. Quando existe planejamento, mesmo que o tempo seja curto, haverá produtividade e satisfação na aula dada. O problema não é o tempo, reafirmo, mas o planejamento.
O planejamento de uma aula para a Escola Dominical deve levar em consideração vários fatores.

Vamos examiná-los.

O CONTEÚDO
Trata-se do que será ensinado. A resposta a algumas perguntas nos informa qual o conteúdo de uma lição: Qual o principal ensinamento da lição a ser estudada? Quais são as principais informações a serem transmitidas e que relação têm com o ensinamento principal? Qual a relação com a lição da semana anterior? A definição clara do conteúdo vai ajudar o professor a se manter fiel ao desenvolvimento de sua aula.

É triste quando um professor entra na classe sem ter a nítida compreensão do conteúdo da aula que vai dar. Tenho ouvido relatos de professores que sequer sabiam o assunto da lição, no momento em que iam aplicá-la. São os improvisadores que se iludem, iludem a outros e prestam um desserviço à causa do ensino das Escrituras em nossas igrejas. O professor precisa saber em profundidade o conteúdo que pretende ensinar aos seus alunos.

Toda lição tem um ensinamento principal, naturalmente que deste emanam outros que, mesmo secundários, são também importantes e necessários. A transmissão e assimilação desses ensinamentos são imprescindíveis numa aula. O professor há que identificar no estudo do texto bíblico da lição, e na própria lição, quais são os ensinamentos secundários e qual é o principal. Ao fazê-lo encontrará o conteúdo de sua aula. Encontrado o conteúdo, terá achado o caminho por onde deverá se conduzir durante a aula. Ao se conduzir por ele assegurará o êxito de sua docência.

O conteúdo é o primeiro fator a ser levado em conta no planejamento da aula. A clara compreensão do conteúdo exigirá esforço e concentração do professor. Ainda neste livro daremos algumas dicas sobre como estudar um texto da Bíblia, identificar conteúdos e extrair ensinamentos das Escrituras e contextualizá-los aos nossos dias.

EXTENSÃO E TEMPO
O professor, ciente do conteúdo, já tem uma idéia da quantidade de informações e de ensinamentos que precisará transmitir. Necessitará fazer um trabalho de seleção de conteúdo, priorizando as informações e ensinamentos que se harmonizem de forma mais plena com a mensagem principal a ser transmitida. O professor estabelecerá uma relação entre a quantidade de informações e de ensinamentos práticos com o tempo disponível para que os mesmos sejam transmitidos. Feito isto, determinará em seu planejamento prévio quanto tempo usará para cada parte da aula. Este planejamento é de suma importância para não se cair no erro de usar muito tempo com um determinado aspecto da lição em detrimento de outros.

Aconselhamos, de modo geral, a seguinte distribuição do tempo de uma lição:

Abertura (5%)

Ao começar a aula, o professor poderá conceder à classe um momento, breve, de confraternização. É a hora dos alunos se cumprimentarem, de se apresentar os visitantes e de se fazer uma ou outra comunicação de interesse da classe. É uma espécie de quebra gelo, muito importante para o início de uma aula.

Introdução (10%)

O professor vai estabelecer a relação entre o que vai ser e o que foi estudado na semana anterior.
Buscará atrair a atenção e o interesse dos alunos pelo que será ensinado. Na introdução devem ficar bem claros os alvos da aula em termos de lições a serem ensinadas e informações a serem transmitidas. É este o momento, logo no início da aula, em que professor e alunos devem se colocar diante de Deus para, em oração, pedir a bênção da sabedoria e do discernimento espiritual para o estudo da sua Palavra.

É preciso se valer de muita criatividade na introdução da aula. Fatos contemporâneos, notícias de jornais, ilustrações e experiências constituem excelente material para a introdução de uma boa aula na Escola Dominical. Costumamos comparar a introdução de uma aula com o lançamento de um foguete.

Dizem os entendidos que nos primeiros minutos após o lançamento de um foguete, os cientistas já são capazes de prever o sucesso ou fracasso de uma expedição espacial. As coisas são mais ou menos assim com a aula da Escola Dominical, se o professor não conseguir captar a atenção dos seus alunos e deixar claro para eles o que vai ser ensinado na introdução da aula, não conseguirá fazê-lo mais.

Interpretação (30%)

A preocupação do professor é com a transmissão de informações e dados que auxiliarão o aluno na interpretação do texto bíblico em estudo. Neste momento, a palavra é quase totalmente de uso do professor; eventualmente, um aluno pode oferecer contribuição, porém, o pressuposto é de que o professor está preparado para oferecer aos seus alunos as informações de que se valerão para a clara compreensão do texto bíblico.

Mais adiante ofereceremos maiores informações sobre como interpretar a Bíblia, importando agora tão-somente conscientizar o leitor para o fato de que, em sala de aula, precisará reservar pelo menos 30% do tempo disponível para o estudo e fiel interpretação da Palavra de Deus.

Vivemos numa época quando muitas pessoas têm se lançado na tarefa de ensinar a Bíblia, e isso no rádio, na televisão etc, sem dar a merecida atenção à interpretação da Palavra. Aí, abre-se espaço para verdadeiras aventuras hermenêuticas onde absurdos são apresentados como verdades bíblicas.

Os alunos da Escola Dominical precisarão ser alcançados com argumentação bíblica consistente para que as verdades da Palavra de Deus sejam enraizadas em suas vidas, o que só será possível mediante interpretação sadia e profunda das Escrituras.

Aplicação (40%)

Uma vez bem interpretado, o texto bíblico oferecerá princípios e ensinamentos que deverão ser aplicados à vida dos alunos. Caso contrário, o objetivo principal da Escola Dominical ficará por ser atingido e não haverá aprendizado real das Escrituras, logo não acontecerão mudanças na vida dos alunos.
Se um aluno, após uma aula na classe, não se sente estimulado a mudar aspectos de sua vida para que eles se harmonizem com as Escrituras, certamente a aula não logrou êxito.
O resultado de uma boa interpretação é o surgimento de princípios, lições e ensinamentos que, uma vez levados em consideração, provocarão mudanças na vida daqueles que a eles se submetem. Tais princípios precisam ser clarificados e expostos para que os alunos deles se apropriem. Uma aula sem aplicação é como se uma pessoa fosse ao médico, recebesse a receita, mas não fosse instruída sobre como usar os medicamentos. É tarefa precípua do professor orientar seus alunos na aplicação das verdades bíblicas.
Aplicando as verdades bíblicas à vida dos seus alunos, o professor estará construindo uma ponte entre o mundo da Bíblia e o mundo de hoje. Ora, é preciso levar em conta que estamos distantes, geográfica, cultural e cronologicamente do mundo da Bíblia, razão pela qual precisamos interpretar corretamente seu texto e aplicar coerentemente as verdades dele extraídas à vida dos alunos. Sem aplicação a aula torna-se somente informativa, sem relevância prática, sem vida. Ao término de uma aula na Escola Dominical, o aluno deverá ter uma noção clara sobre como colocar em prática em sua vida as verdades aprendidas.
No momento da aplicação é muito importante a participação dos alunos, dando opiniões, compartilhando experiências e oferecendo subsídios para a cor-reta aplicação das verdades aprendidas à vida dos colegas de classe. O professor deverá tomar cuidado e ser muito ágil no comando dos debates para evitar que apenas um ou dois alunos monopolizem o uso da palavra. O ideal é que o professor oriente a participação dos alunos, possibilitando inclusive que aqueles mais tímidos e reservados expressem suas idéias e opiniões.
O resultado da participação dos alunos constitui farto enriquecimento da aula, especialmente no seu aspecto prático. Com cautela, o professor não pode prescindir da participação dos alunos na construção da aula. Uma opinião ou uma experiência pode ensejar uma situação de ensino, propiciando muita edificação e aprendizado.

Conclusão (15%)

Ao terminar a aula, o professor precisa recapitular com os alunos as principais informações transmitidas e repassar os ensinamentos aprendidos. A lição principal do texto precisará ser repassada, enfatizada e ilustrada.
Não pode haver uso desproporcional do tempo nas partes anteriores da aula, sob pena de se prejudicar a conclusão. A conclusão é o momento de fechar as idéias, ratificar princípios, confirmar doutrinas e homologar atitudes e comportamentos. Uma boa conclusão não pode ser feita apressada ou superficialmente, sob o risco de se comprometer toda a aula. Uma conclusão bem feita há de motivar o aluno a prosseguir no estudo das Escrituras. Ao concluir a aula, o professor precisa dar um tempo para que os alunos orem a Deus.
E um momento de comunhão e edificação espiritual, quando os alunos conversam com Deus acerca de suas vidas nos aspectos tocados pelo estudo da sua Palavra.

Abertura
5%
Conclusão
15%
Interpretação
30%
Aplicação
40%
Introdução
10%

Diagrama da distribuição do tempo de uma aula na Escola Dominical.


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