As várias
divisões da linguagem figurada
São
várias as figuras de linguagem que a Bíblia emprega, e todas são necessárias
para ilustrar verdades divinas e profundas. Como nossa tendência é agrupar todas
essas palavras sem distinguir umas das outras, cada forma, parece-nos, merece
atenção especial. Benjamin Keach, na sua obra antiga e um tanto difícil, The
metaphors [As metáforas], apresenta uma dissertação introdutória a
respeito da distinção de cada figura de linguagem. Há também o capítulo sobre
"As figuras de linguagem da Bíblia", do Dr. A. T. Pierson. Insisto
com o leitor para que leia a obra de Trench, de elevada perícia, On the
definition of the parable [Sobre a definição da parábola] , em que
diferencia a parábola da alegoria, da fábula, do provérbio e do mito.
Símile. O
vocábulo símile significa parecença ou semelhança, exemplificado
no Salmo dos dois homens: "Será como a árvore plantada
junto a ribeiros de águas [...] Os ímpios [...] são como a moinha que o
vento espalha" (Sl 1:3,4).
O
símile difere da metáfora por ser apenas um estado de semelhança,
enquanto a metáfora transfere a representação de forma mais vigorosa,
como podemos ver nestas duas passagens: "Todos os homens são como a erva,
e toda a sua beleza como as flores do campo. Seca-se a erva, e caem as
flores..." (Is 40:6,7); "Toda a carne é como a erva, e toda a glória
do homem como a flor da erva. Seca-se a erva, e cai a sua flor..." (lPe
1:24).
No
símile, a mente apenas repousa nos pontos de concordância e nas
experiências que se combinam, sempre alimentadas pela descoberta de
semelhanças entre coisas que diferem entre si. O Dr. A. T Pierson observa que
"a parábola autêntica é, no uso das Escrituras, um símile, geralmente
posto em forma de narrativa ou usado em conexão com algum episódio".
Portanto, parábolas e símiles se parecem.
Provérbio. Ainda
que os princípios da parábola estejam presentes em alguns dos pequenos
provérbios, das declarações proféticas enigmáticas e das máximas enigmáticas
da-Bíblia (ISm 10:12; SI 78:2; Pv 1:6; Mt 24:32; Lc 4:23), no
entanto, diferem do provérbio propriamente dito, que é em geral breve, trata de
assuntos menos sublimes e não se preocupa em contar histórias. Os apócrifos reúnem
parábolas e provérbios num só grupo: "Os países maravilhar-se-ão diante de
seus provérbios e parábolas"; "Ele buscará os segredos das sentenças
importantes e estará familiarizado com parábolas enigmáticas" (Ec 47:17;
39:3).
Embora
parábola e provérbio se-jam termos permutáveis no NT, Trench
ressalta "que os chamados provérbios do evangelho de João
tendem a ter muito mais afinidade com a parábola do que com o provérbio, e são
de fato alegorias. Dessa forma, quando Cristo demonstra que o relacionamento
dele com o seu povo se assemelha ao pastor com as ovelhas, tal demonstração é
denominada provérbio, embora os nossos tradutores, mais fiéis ao
sentido que o autor pretendia, a tenham traduzido por parábola (Jo
10:6). Não é difícil explicar essa troca de palavras. Em parte deve-se a um
termo que no hebraico significa ao mesmo tempo parábola e provérbio".
(Cf. Pv 1:1 com ISm 10:12 e Ez 18:2.) De modo geral, provérbio é um dito sábio,
uma expressão batida, um adágio.
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