domingo, 31 de março de 2013
terça-feira, 19 de março de 2013
sexta-feira, 15 de março de 2013
"O sangue dos mártires é a semente da igreja."
"O sangue dos mártires é a semente da
igreja."
"É
certo por ser impossível." "O que
Atenas e Jerusalém têm em comum?"
Frases mordazes como essas eram típicas das obras de
Quinto Septímio Florente Tertuliano — ou simplesmente Tertuliano. Nativo de
Cartago, foi criado em um lar de cultura paga e educado nos clássicos da
literatura, na arte de discursar e em Direito. Por volta do ano 196, quando
voltou seu poderoso intelecto para os tópicos cristãos, Tertuliano mudou o caráter
do pensamento e da literatura da igreja ocidental.
Até esse ponto, a maioria dos
escritores cristãos usava o grego — uma língua flexível e sutil, perfeita para
filosofar e para discutir ninharias. Os cristãos de fala grega geralmente
aplicavam a propensão filosófica à sua fé.
Embora Tertuliano, um africano,
soubesse grego, preferia escrever em latim. Suas obras refletem a inclinação
romana para a praticidade e para enfatizar a moral. Esse influente advogado
atraiu muitos outros escritores para sua língua favorita.
Enquanto os cristãos gregos discutiam
a divindade de Cristo e sua relação com o Pai, Tertuliano buscava unificar a fé
e esclarecer a posição ortodoxa. Em função disso, criou uma fórmula bastante
útil que é usada ainda hoje: Deus é uma única substância, consistindo em três
pessoas.
Ao introduzir a fórmula o que se
tornou a doutrina da Trindade, Tertuliano extraiu sua terminologia não dos
filósofos, mas dos tribunais romanos. A palavra latina substantia não
significava "material", mas carregava a idéia de "direito à
propriedade". A substantia de Deus era o seu "torrão",
por assim dizer. A palavra persona não significava "pessoa",
do modo como usamos a palavra. Ela se referia a uma das partes na ação legal.
Conforme esse uso, o termo permite que seja concebível que três personae pudessem
compartilhar a mesma substantia. Três pessoas (Pai, Filho e Espírito
Santo) compartilham uma substância (a soberania divina).
Embora Tertuliano tivesse perguntado "o que
Atenas [a filosofia] e Jerusalém [a igreja] têm em comum?", a filosofia
estoica, bastante popular em sua época, causou grande influência na vida de
Tertuliano. Alguns dizem que a idéia do pecado original passou do estoicismo
para Tertuliano e depois para a igreja ocidental. Tertuliano parece ter pensado
que, de alguma maneira, a alma era material: assim como o corpo é formado pela
concepção, o mesmo acontece com a alma. O pecado de Adão é passado adiante como
um traço genético.
A igreja ocidental passou a defender
essa idéia, mas isso não aconteceu com a igreja do oriental (que assumiu visão
mais otimista da natureza humana).
Por volta do ano 206, Tertuliano
deixou a igreja para se juntar aos montañistas, grupo de "puristas"
que reagiu contra o que consideravam uma frouxidão moral entre os cristãos.
Eles esperavam que a Segunda Vinda acontecesse logo e passaram a ressaltar a
liderança imediata do Espírito Santo, e não a do clero ordenado.
Embora Tertuliano tivesse começado a enfatizar a idéia
da sucessão apostólica — a passagem do poder e da autoridade apostólica aos
bispos —, ficou perturbado pela afirmação dos bispos de que tinham poder para
perdoar pecados. Ele acreditava que isso levaria à frouxidão moral, assim como
afirmou que isso se tratava de grande presunção por parte dos bispos. Além do
mais, pensava, não seriam todos os crentes sacerdotes? Seria a igreja
formada por santos que dirigiam a si mesmos ou uma turba de santos e pecadores
administrados por uma "classe" profissional, o clero?
Tertuliano lutava contra forças
poderosas. Por mais de 1 200 anos, o clero teria um lugar especial. Somente
depois de Martinho Lutero ter desafiado a igreja é que "o sacerdócio de
todos os crentes" foi defendido outra vez.
sexta-feira, 8 de março de 2013
Gravetos que pegam fogo: fim do mistério
Uma das principais alegações dos irmãos que gostam de subir ao monte para orar é: “O poder é tão grande no monte que até os gravetos pegam fogo!” Seria isso um sinal de Deus? Por que, então, ele só ocorre em montes?
“Não!” — um cristão místico argumentará — “Os gravetos trazidos do monte também brilham aqui em baixo”. É mesmo?
Bem, é claro que para o Todo-poderoso é muito fácil fazer gravetinhos pegarem fogo ou brilharem no escuro. Moisés esteve em um monte que fumegava (Êx 19). E o Senhor Jesus, em um monte, transfigurou-se diante de seus discípulos (Mt 17.1-13). Entretanto, cheguei à conclusão de que essa história dos gravetos incandescentes nada tem que ver com sobrenaturalidade.
Na escuridão de uma mata é comum ocorrerem fenômenos naturais. Um irmão de Francisco Beltrão-PR, Milton Rogério Seifert, o qual é engenheiro agrônomo, me enviou um e-mail pelo qual assevera: “Os gravetos incandescentes nada mais são que processos naturais de decomposição da madeira onde os fungos decompõem o material e brilham na escuridão. Se trouxermos os gravetos para casa e os colocarmos em um quarto escuro, e eles ficarem lá por um bom tempo, brilharão sempre que houver umidade, até a pupila do olho se acostumar”.
O irmão Milton Rogério também afirma que já foram descobertos até cogumelos bioluminescentes, os quais emitem luz 24 horas por dia! Segundo ele, existem inúmeros trabalhos de pesquisa científica nessa área. E conclui: “Em qualquer mata fechada quem entrar e ficar por lá um bom tempo, se houver umidade, os fungos brilharão assim que a nossa pupila relaxar”. Os tais gravetos incandescentes são, por conseguinte, um fenômeno natural, e não uma manifestação divina sobrenatural.
Mas, por que certos irmãos têm a predileção por orar em montes? Os apóstolos oravam em montes? Não! Aonde Pedro e João estavam indo, na hora da oração? Ao Templo (At 3.1). Onde Pedro estava orando quando o Senhor lhe deu uma visão acerca da evangelização dos gentios? No terraço de uma casa (At 10.9). Nos tempos da igreja primitiva não se orava em montes.
Por que o Senhor Jesus orava em montes? Porque queria ficar a sós com o Pai (Mt 14.23; Lc 9.18), livre do assédio do povo, e não para ver gravetos pegando fogo. E observe que Ele também orava em lugares desertos, não necessariamente em montes (Lc 5.16), mas jamais realizava cultos em lugares assim.
O Senhor orava em montes e lugares desertos porque não havia à época templos como os de hoje. Ele foi claro, ao discorrer sobre o local predileto para a oração: “A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21.13). E também: “quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai” (Mt 6.6).
Não chega a ser uma heresia orar em montes ou vales, em nossos dias. Se houver um local em que não se ponha em risco a integridade física dos seus frequentadores, não vejo problema em visitá-lo. Mas essa história de que os gravetos pegam fogo em cima do monte em geral é defendida por cristãos místicos, pois os verdadeiros milagres ocorrem onde e quando o Senhor quiser, e com propósitos bem definidos.
Ciro Sanches Zibordi
“Não!” — um cristão místico argumentará — “Os gravetos trazidos do monte também brilham aqui em baixo”. É mesmo?
Bem, é claro que para o Todo-poderoso é muito fácil fazer gravetinhos pegarem fogo ou brilharem no escuro. Moisés esteve em um monte que fumegava (Êx 19). E o Senhor Jesus, em um monte, transfigurou-se diante de seus discípulos (Mt 17.1-13). Entretanto, cheguei à conclusão de que essa história dos gravetos incandescentes nada tem que ver com sobrenaturalidade.
Na escuridão de uma mata é comum ocorrerem fenômenos naturais. Um irmão de Francisco Beltrão-PR, Milton Rogério Seifert, o qual é engenheiro agrônomo, me enviou um e-mail pelo qual assevera: “Os gravetos incandescentes nada mais são que processos naturais de decomposição da madeira onde os fungos decompõem o material e brilham na escuridão. Se trouxermos os gravetos para casa e os colocarmos em um quarto escuro, e eles ficarem lá por um bom tempo, brilharão sempre que houver umidade, até a pupila do olho se acostumar”.
O irmão Milton Rogério também afirma que já foram descobertos até cogumelos bioluminescentes, os quais emitem luz 24 horas por dia! Segundo ele, existem inúmeros trabalhos de pesquisa científica nessa área. E conclui: “Em qualquer mata fechada quem entrar e ficar por lá um bom tempo, se houver umidade, os fungos brilharão assim que a nossa pupila relaxar”. Os tais gravetos incandescentes são, por conseguinte, um fenômeno natural, e não uma manifestação divina sobrenatural.
Mas, por que certos irmãos têm a predileção por orar em montes? Os apóstolos oravam em montes? Não! Aonde Pedro e João estavam indo, na hora da oração? Ao Templo (At 3.1). Onde Pedro estava orando quando o Senhor lhe deu uma visão acerca da evangelização dos gentios? No terraço de uma casa (At 10.9). Nos tempos da igreja primitiva não se orava em montes.
Por que o Senhor Jesus orava em montes? Porque queria ficar a sós com o Pai (Mt 14.23; Lc 9.18), livre do assédio do povo, e não para ver gravetos pegando fogo. E observe que Ele também orava em lugares desertos, não necessariamente em montes (Lc 5.16), mas jamais realizava cultos em lugares assim.
O Senhor orava em montes e lugares desertos porque não havia à época templos como os de hoje. Ele foi claro, ao discorrer sobre o local predileto para a oração: “A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21.13). E também: “quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai” (Mt 6.6).
Não chega a ser uma heresia orar em montes ou vales, em nossos dias. Se houver um local em que não se ponha em risco a integridade física dos seus frequentadores, não vejo problema em visitá-lo. Mas essa história de que os gravetos pegam fogo em cima do monte em geral é defendida por cristãos místicos, pois os verdadeiros milagres ocorrem onde e quando o Senhor quiser, e com propósitos bem definidos.
Ciro Sanches Zibordi
Assinar:
Postagens (Atom)